Categoria Ciência e Saúde  Noticia Atualizada em 22-03-2012

Aspirina pode reduzir risco de cancro e metástases
Uma pequena dose diária de aspirina durante apenas três anos pode ajudar e reduzir em um quarto o risco de cancro e mesmo travar o seu desenvolvimento e processo de metastização. Esta é a conclusão de três estudos publicados no The Lancet esta semana.
Aspirina pode reduzir risco de cancro e metástases
Foto: www.publico.pt

Pesquisas anteriores já tinham provado o potencial da aspirina na prevenção do cancro mas focavam-se numa toma diária durante dez anos, o que levantou preocupações dos especialistas devido a eventuais efeitos secundários, nomeadamente problemas de hemorragias no estômago. Os novos estudos agora publicados, por investigadores do Reino Unido (Universidade de Oxford e do Hospital John Radcliffe), focam-se em apenas três anos de toma diária e reforçam os benefícios da aspirina na luta contra o cancro.

Os resultados de um dos artigos publicados mostram que uma toma diária de baixas doses de aspirina durante três anos pode levar a uma redução do risco de cancro de 23 por cento nos homens e 25 por cento nas mulheres. Por outro lado, concluíram ainda os investigadores, o risco de morrer de cancro diminui 15% (e em 37 % para os que prolongam esta toma durante mais de cinco anos). Os dados foram obtidos com a análise de 51 ensaios que testaram os efeitos de doses baixas de aspirina em pessoas com problemas cardiovasculares.

O outro estudo divulgado centra-se no efeito da aspirina nas metástases e conclui que este fármaco reduziu em 48% a proporção de cancros que se desenvolvem afectando outros órgãos. O fármaco reduziu ainda o risco de um diagnóstico de um tumor sólido já com metástases em 31% e, para doentes que já tinham sido diagnosticados com cancro, a redução do risco de metástases foi na ordem dos 55%.

Os especialistas acreditam que a relação entre a aspirina e a capacidade de abrandar o processo de metastização pode ser explicada com o efeito do fármaco no sangue (nas plaquetas). Os benefícios da aspirina têm sido sobretudo associados à prevenção de doenças cardiovasculares, existindo muitas pessoas que tomam uma dose (75 miligramas) todos os dias em nome da prevenção de ataques cardíacos e outros problemas. Porém, alguns especialistas defendem que esta estratégia só deverá ser usada por pessoas que estão em risco de sofrer um problema cardíaco devido aos possíveis efeitos secundários (perigo de hemorragias de estômago ou intestinos, por exemplo) da utilização deste fármaco a longo prazo.

Os resultados dos estudos agora publicados mostram que os benefícios da aspirina extravasam o mundo das doenças cardiovasculares e que este fármaco será igualmente (ou mais ainda) eficaz na prevenção do cancro. Estas publicações no The Lancet mereceram, no entanto, um comentário de peritos na mesma edição da revista que, apesar de sublinharem a importância dos resultados, invocam algumas limitações dos artigos apresentados nomeadamente a qualidade dos dados (de ensaios clínicos prévios) analisados. Ainda assim, os dois especialistas norte-americanos que comentam os artigos concluem: "Apesar destas reservas, fica convincentemente demonstrado que a aspirina parece reduzir a incidência e a morte por cancro".



Fonte: www.publico.pt
 
Por:  Caroline Costa    |      Imprimir