Categoria Politica  Noticia Atualizada em 12-04-2012

Provarei que sou inocente, diz Demóstenes no Conselho de Ética
Senador foi acusado de usar mandato para beneficiar Carlinhos Cachoeira. Na 1ª fala após auge das denúncias, ele questionou comando do conselho.
Provarei que sou inocente, diz Demóstenes no Conselho de Ética
Foto: g1.globo.com

O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) falou nesta quinta-feira (12) pela primeira vez desde o auge das denúncias de que usou o mandato para beneficiar o bicheiro Carlinhos Cachoeira.

Ele foi à reunião do Conselho de Ética que definiu o senador Humberto Costa (PT-PE) como relator do processo que vai apurar se houve quebra de decoro parlamentar por parte de Demóstenes na relação com o contraventor. Na quarta (11), o senador voltou ao Senado após 21 dias de ausência, mas não tinha se pronunciado.

"Farei minha defesa por escrito e depois de forma mais contundente pois serei questionado pelos membros conforme o regimento interno da Casa. [...] O que tem de ser feito judicialmente vai ser feito. Aqui, quero me defender no mérito. Ainda não tive oportunidade de fazer, eu farei e provarei que sou inocente", afirmou Demóstenes aos integrantes do Conselho de Ética nesta quinta.

O processo contra Demóstenes no Conselho de Ética foi aberto na terça (10). Devido às denúncias, Demóstenes já tinha deixado a liderança do DEM e depois pedido desfiliação do partido.

"Não estou aqui para questionar qualquer ato que tenha tomado o Conselho de Ética, apenas para fazer um alerta e dizer que não farei nada contra o regimento. Considero-me notificado desde ontem [quarta] e os prazos eu obedecerei independentemente do que disserem a partir de hoje [quinta]", disse o senador. Demóstenes tem 10 dias úteis a partir desta quinta para apresentar defesa.

O senador parabenizou o novo presidente do Conselho de Ética, Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), mas questionou os trâmites para a escolha.

"O senhor tem história política para levar adiante esta investigação com competência. [...] O que se percebe é que os artigos 24 e 88 não foram cumpridos. E não obstante Vossa Excelência ter todos os atribudos morais, tem o meu aplauso, mas é fato que as ordens regimentais têm de ser cumpridas. Não há eleição de presidente interino. Todas as eleições nesta Casa são para cumprir o mandato totalmente ou remanescente. Isto é claro."

Demóstenes disse que gostaria apenas que o conselho realizasse a eleição para referendar o nome de Valadares no cargo. "Eu gostaria que o conselho escolhesse, conforme o regimento, e que este presidente seja Vossa Excelência [Valadares] para evitar de ficar discutindo regimento."

A última vez que Demóstenes falou sobre as denúncias referentes ao elo com Cachoeira foi em 6 de março, no plenário do Senado. Ele afirmou, após denúncia de que tinha recebido presente do bicheiro, que era amigo de Cachoeira, mas não tinha negócios com o contraventor. Depois disso, surgiram denúncias e gravações da Operação Monte Carlo apontando que Demóstenes usou o mandato de senador para tentar beneficiar Carlinhos Cachoeira.

Após breve declaração aos integrantes do conselho, o senador deixou a reunião. "Peço licença para vossas excelências para me ausentar." Demóstenes não quis responder perguntas de jornalistas ao deixar a reunião. Antes de entrar em elevador privativo de senadores, ele afirmou: "Sou inocente e vou provar isso. Fique tranquilo, sou inocente." Perguntado sobre como vai provar a inocência, ele disse: "Com provas".

Presidente do conselho

O PMDB anunciou nesta quinta-feira (12) que o partido irá manter o senador Antonio Carlos Valadares na presidência do Conselho de Ética do Senado. Valadares foi eleito para a presidência na última terça-feira (10). Regimentalmente, a vaga pertence ao PMDB, partido que tem a maior bancada no Senado. O PMDB chegou a anunciar que indicaria outro nome, mas não conseguiu um senador para o cargo até esta quinta.

Tramitação

Demóstenes Torres terá 10 dias úteis a partir desta quinta para apresentar defesa prévia. Oferecida a defesa, o relator apresentará relatório preliminar, no prazo de até cinco dias úteis, e o Conselho, também em até cinco dias úteis, realizará análise inicial do mérito da representação, onde se examinará se há indícios de prática de ato que possa sujeitar o senador à perda do mandato.

Após essa fase, o denunciado terá três dias úteis para apresentar as alegações finais. Após esse prazo, o relator finalizará seu relatório, que será apreciado pelo Conselho em até dez dias úteis.

Em caso de indicação para a perda do mandato, o parecer do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar será encaminhado à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania para exame dos aspectos constitucional, legal e jurídico, o que deverá ser feito no prazo de 5 cinco sessões ordinárias.

Concluída a tramitação no Conselho de Ética e na Comissão de Constituição e Justiça, o processo será encaminhado à Mesa Diretora e, depois de lido no expediente, será publicado no "Diário do Senado Federal" e distribuído em avulsos para inclusão na ordem do dia. A cassação, se for indicada, precisa ser aprovada em plenário.



O senador Demóstenes Torres cumprimenta colegas no Conselho de Ética




Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir