Categoria Geral  Noticia Atualizada em 19-04-2012

Queimados, RJ, quer vetar transporte por charrete até o fim do ano
Charreteiros pedem ajuda para comprar fraldões para os cavalos. Moradores reclamam da sujeira; prefeitura promete capacitação.
Queimados, RJ, quer vetar transporte por charrete até o fim do ano
Foto: g1.globo.com

Alguns acordam antes de o sol nascer, outros passam as tardes no trabalho, mas todos os 60 charreteiros de Queimados, na Baixada Fluminense, estão acostumados ao sacolejo diário do leva e traz de passageiros, que pode acabar até o fim de 2012, se o prefeito Max Lemos (PMDB) levar adiante o projeto de proibir o serviço de transporte por charrete na cidade.

A prefeitura afirma que muitos moradores reclamam da sujeira causada pelas charretes, além de haver denúncias de que menores de idade estariam à frente de alguns dos veículos, como mostrou o jornal Extra. Os charreteiros se defendem dizendo que proibiram o trabalho de menores há três meses e acusam o prefeito de ter feito promessas de ajuda a eles, mas não cumprir após a eleição.

"Ele falou que ia arrumar fraldão para os cavalos, todo mundo ajudou ele, votou nele, e agora ele quer tirar a gente", afirmou ao G1 nesta quarta-feira (18) o charreteiro Ubirajara Nascimento da Silva, conhecido como "Bira", que trabalha ali há 32 anos e colocou um pedaço de lona atrás do animal para não deixar as fezes caírem na rua.

Apesar do trabalho sério de alguns como Bira, outras charretes não tinham o mesmo cuidado com a cidade. "A gente fala para os outros, mas não podemos obrigar. A prefeitura tinha que multar quem não usa a lona e não acabar com o nosso trabalho", afirmou.

Prefeitura promete capacitação

O projeto da prefeitura envolve a capacitação dos charreteiros em cursos técnicos, como de marceneiro, pedreiro e eletricista, entre outros, para a reinserção dos trabalhadores em outros segmentos.

"Os charreteiros podem ficar despreocupados que essa ação só vai ser colocada em prática quando houver a qualificação profissional deles e a sua inserção no mercado de trabalho", afirmou o prefeito.

De acordo com a prefeitura, vagas de emprego não vão faltar, pois o distrito industrial de Queimados já conta com 14 empresas instaladas e têm mais 17 em fase de implantação até o final do ano.

Transporte ineficiente

Dos cerca de 180 mil habitantes de Queimados, a prefeitura estima que os bairros atendidos pelas charretes - Pedreira e Nova Cidade - tenham no máximo 8 mil pessoas, mas não há um número oficial. Além do transporte a cavalo, há kombis e mototáxis na região, mas os charreteiros se defendem dizendo que de madrugada só eles estão à disposição. Enquanto isso, outros moradores reclamam da falta de regularidade do serviço.

"Se chove de madrugada, tem que vir a pé. As pessoas usam porque não tem alternativa", afirmou o vendedor André Oliveira.

A prefeitura conta que há cerca de oito anos a linha de ônibus que circulava no local parou de funcionar porque a empresa não achava que valia a pena, em função da baixa procura.

Os charreteiros contam que há pouco mais de um mês tentaram colocar uma linha ali de novo, mas o ônibus sempre passava vazio. "Custava R$ 2,50, enquanto a charrete e a Kombi custam R$ 1,50", contou Bira.

A prefeitura de Queimados afirma que tem conversado com empresas de ônibus para tentar uma solução, mas ainda não conseguiu convencê-las. Uma alternativa, segundo a prefeitura, seria outra linha de Kombi no local, mas os charreteiros afirmam que não vão aceitar deixar o trabalho.

"Temos 51 anos de charrete aqui, é patrimônio histórico. Se proibirem, nós vamos fazer uma passeata em Queimados, vamos atrás dos nossos direitos", afirmou o charreteiro José Gomes Botelho.


Charretes fazem fila à espera de passageiros



Alguns charreteiros colocam pedaços de lona atrás
dos cavalos para conter as fezes dos animais




Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir