Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 19-04-2012

A nova velha corrupção
O episódio de corrupção envolvendo o contraventor Carlos Cachoeira está na mídia e já conseguiu o feito de criar a CPI com o maior número de assinaturas da história da república.
A nova velha corrupção

O motivo é bem claro: esse escândalo não é associado nem ao governo nem à oposição, mas a diversos parlamentares e empresas ligadas a diversos partidos.

Quando a crise é muito generalizada, tudo parece mais fácil de lidar, porque nenhuma opção política se sente ameaçada. O mensalão, por exemplo, não deu em nada porque foi usada como arma da oposição contra o governo. E outros escândalos envolvendo a oposição também não foram à frente porque se tornaram meros argumentos propagandistas da situação.

Cachoeira surge como um novo tipo de corruptor, que tem garras espalhadas pelos três poderes, nas mais diferentes siglas, no meio empresarial e até em ministério público. É uma corrupção suprapartidária, quase ultrapolítica. Parece que o esquema só falhou porque o crime organizado recrutou políticos profissionais, e estes o contaminaram com os mesmos vícios que maculam as gestões públicas.

Cortes no orçamento, diminuição de juros, ensaios de reformas, auditorias em contratos, vetos em aumentos salariais, todo esse esforço conjunto que vem sendo feito para conter a sangria do erário não surtirá efeito enquanto não se estabelecer no Brasil um grande pacto social contra a corrupção, que é, de longe, o maior fator de desvio de dinheiro público.

Vêm aí as eleições municipais. A nova presidenta do Tribunal Superior Eleitoral, ministra Carmem Lúcia, tem a difícil tarefa de coordenar o processo viciadíssimo de escolha popular dos novos prefeitos e vereadores de todos os municípios do país. Estará disponível para quem quiser ver o tradicional jogo das candidaturas sem quaisquer interesses senão os particulares. Bajuladores vindos de ONG’s e associações em 2011 estarão nos palanques em 2012. É a política brasileira, que só não cai de podre porque continua sendo uma excelente oportunidade de negócios. Milhares de pré-candidatos entrarão com recursos para driblar a lei da ficha limpa. Será mais um cansativo espetáculo para se acompanhar, como novela. Mais uma vez, veremos o poder judiciário – que está acima do bem do mal por não depender de eleitores – fazendo o trabalho de limpeza que não seria necessário se o legislativo fizesse com competência a tão sonhada reforma política. Alguém animado?

Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Juliano Ribeiro Almeida    |      Imprimir