Categoria Geral  Noticia Atualizada em 03-05-2012

Conflito interno gera temor sobre estoque de armas químicas da Síria
Ocidente teme que estoque caia nas mãos de militantes com Assad fraco. Arsenal seria "contrapeso" às armas nucleares não declaradas de Israel.
Conflito interno gera temor sobre estoque de armas químicas da Síria
Foto: g1.globo.com

Com a revolta na Síria desafiando o poder do contestado presidente Bashar al Assad, potências mundiais temem que ele possa perder o controle de um arsenal secreto de armas químicas, dando a militantes acesso a gás venenoso mortal.

A Síria é um de apenas oito países --junto com seu arqui-inimigo Israel e com o Egito-- que não aderiram à Convenção de Armas Químicas de 1997, o que significa que o órgão que supervisiona armas químicas não pode intervir lá.

Países ocidentais acreditam que Damasco tem o maior arsenal do mundo de armas químicas não declaradas --incluindo gás mostarda e o agente nervoso mortal VX -- que Assad mantém como um contrapeso ao arsenal nuclear não declarado de Israel.

O Exército sírio é treinado para usar gás venenoso e, de acordo com a inteligência dos EUA e de Israel, pode implantá-lo em mísseis de longo alcance.

Em um sinal de preocupação crescente, uma fábrica israelense foi refinanciada para aumentar a produção de máscaras de gás para se preparar para um possível ataque, disse um membro do Parlamento israelense à Reuters.

"O arsenal, com base nos relatórios, é bastante alarmante", disse Ahmet Uzumcu, chefe da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), em entrevista à Reuters.

"Se esses relatórios estão corretos, precisaria realmente de um monte de recursos e esforços para destruir, eliminar, esses estoques."

A revolta síria minou a capacidade de Assad de proteger o seu arsenal de grupos armados, tais como o aliado regional dos muçulmanos xiitas Hezbollah, ou os militantes sunitas, entre seus oponentes.

Em Washington, o general Martin Dempsey descreveu o estoque da Síria como uma grande fonte de preocupação para os Estados Unidos, que, segundo ele, tinham planos de contingência preparados com os parceiros regionais.

A principal ameaça, disse Dempsey ao Comitê de Serviços Armados da Câmara no mês passado, é "a proliferação ou o potencial de proliferação de armas químicas e biológicas -- ou seja, armas de destruição em massa" da Síria.

Como o país não assinou o tratado de proibição de armas químicas e a Organização das Nações Unidas não interveio, a Síria não está sob nenhuma obrigação internacional de declarar suas armas químicas, livrar-se delas ou permitir que inspetores as monitorem.

"Há um silêncio muito estranho nos corredores da OPAQ sobre a Síria, apesar de vários países expressarem sérias preocupações", disse um funcionário da OPAQ.

"O silêncio não significa que há uma falta de preocupação", disse ele. "A Síria é a fonte primordial de preocupação para as armas químicas no mundo agora."

Com as mãos da OPAQ atadas, o único fórum internacional para discutir as armas químicas da Síria seria o Conselho de Segurança da ONU, onde funcionários disseram que a questão não foi levantada.



Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Caroline Costa    |      Imprimir