Categoria Ciência e Saúde  Noticia Atualizada em 09-05-2012

Após bebê com Down, mãe torna-se presidente de associação
Ela descobriu anomalia genética do filho caçula só depois do nascimento. Além de criar os dois filhos, ela trabalha, cuida dos pais e da casa.
Após bebê com Down, mãe torna-se presidente de associação
Foto: g1.globo.com

A rotina corrida da biomédica Sheila Christine Souza, 35 anos, é realidade para milhares de brasileiras que cuidam dos filhos, da casa e do trabalho. O que a difere de tantas outras é que essa mãe de Aracaju, em Sergipe, tem uma menina, Betina, e um filho com síndrome de Down que necessita de cuidados específicos, Heitor. Após o nascimento do menino, ela ainda conseguiu conciliar a profissão com as reuniões da Associação Sergipana dos Cidadãos com Síndrome de Down (Cidown), na qual é presidente.

"Deus sabe o que faz. O que parece um chavão é realidade. Não só são as crianças que são especiais, as mães também. Deus não coloca uma pessoa com necessidades especiais em uma família por acaso. Ele sabe o que está fazendo. As famílias têm que ser tão especiais quanto as crianças com Down", afirma.

Os irmãos Betina e Heitor são muito unidos até por conta da pouca diferença de idade. Inicialmente, uma gestação seguida de outra foi um verdadeiro susto para Sheila. "Desde adolescente meu sonho era ser mãe. É uma coisa mágica ter uma pessoa dentro de mim".

A gestação de Heitor foi tranquila, mas ele nasceu um pouco antes do previsto, com 37 semanas com 3,740 quilos e 49 centímetros.

Após o parto

Nenhum exame feito durante a gestação apontou o problema e ela só soube que Heitor tinha a alteração genética que causa a síndrome de Down no dia seguinte ao parto. Como é biomédica, ela já tinha noção das dificuldades que enfrentaria com o caçula.

"Quando a enfermeira trouxe meu bebê eu não acreditei. É surreal, você não acredita que está acontecendo, mas em nenhum momento foi uma sensação de rejeição. Até porque eu tenho uma prima que tem deficiência intelectual e eu já sabia como seria. É meu filho do mesmo jeito", lembra.

Desde então Sheila frequenta várias clínicas para acompanhar o tratamento de Heitor, que requer alguns cuidados específicos. O menino é acompanhado por fisioterapeuta, fonoaudióloga, terapeuta ocupacional e psicopedagoga. Além dessa equipe multidisciplinar, Heitor foi atendido por neurologista e cardiologista já nos primeiros dias de vida.

Já na primeira semana a mãe foi no banco de leite porque Heitor não sabia sugar o leite do peito. "A pessoa com Down tem os músculos mais flácidos inclusive nos músculos da face e na língua e têm que estimular para enrijecer", explica. Heitor aprendeu a andar com quase 2 anos de idade enquanto que Betina começou aos nove meses.

Rotina

A supermãe acorda às 6h e, mesmo contando com ajuda de uma babá, ela faz questão de arrumar as crianças e levá-las para escola. Ela aproveita o restante do dia para resolver pendências, fazer o almoço e trabalhar. Como funcionária pública que tem filho com problema de saúde, ela tem redução de carga horária, o que a permite acompanhar o tratamento do caçula.

As crianças dormem depois do almoço e acordam por volta das 15h30, fazem as atividades da escola, brincam e às 20h30 já estão dormindo. Apesar da rotina cheia, ela adora essa correria e não descuida da educação da prole. "Procuro passar valores familiares para eles porque parece que hoje em dia as pessoas que estão esquecendo isso. É importante ser educado e respeitar os mais velhos e as pessoas esquecem os valeres humanos, educacionais e sociais".

Apesar de ser considerada uma mãe dedicada e carinhosa, Sheila não se considera uma supermãe. "Faço tudo que uma mãe solteira faz, tomo conta da casa, da minha vida, dos meus filhos, do meu trabalho e dos meus pais que precisam de mim assim como eu também preciso deles. O importante é dar o melhor de si e colocar amor em tudo", finaliza.









Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Caroline Costa    |      Imprimir