Categoria Cine Via Sul  Noticia Atualizada em 12-05-2012

American Pie: O Reencontro
Com�dia depressiva sacramenta o discurso da culpa e da castra��o
American Pie: O Reencontro
Foto: Divulga��o

Sinopse:

Dez anos ap�s os acontecimentos de American Pie, os protagonistas se re�nem para relembrar os velhos tempos. Michelle e Jim est�o se habituando � vida de casados, enquanto cuidam de seu filho. Kevin e Vicky se separaram, Oz e Heather est�o se distanciando aos poucos, mas Finch continua louco pela m�e de Stifler.

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Por Marcelo Hessel - http://omelete.uol.com.br/

O primeiro American Pie n�o criou as com�dias adolescentes sexistas, como dizem algumas pe�as de divulga��o de American Pie: O Reencontro (American Reunion). Nos anos 1980, Porkys j� pegava censura 18 anos por suas cenas de nudez, p�blico que os irm�os Farrelly tomaram nos anos 1990 com Quem Vai Ficar com Mary?, tamb�m antes do filme da torta.

Se American Pie pode reivindicar um dom�nio, � o das com�dias de sexo com culpa. Desde o come�o, em 1999, quando Jim (Jason Biggs) e seus amigos cometiam "desvios" de comportamento, o constrangimento seguido do arrependimento e da culpa eram as etapas obrigat�rias. American Pie � um dos grandes produtos conservadores travestidos de rebeldia que os EUA produziram na virada do s�culo, ao lado da cultura emo. Em American Pie, a s�rie simbolizada por uma punheta interrompida, crescer � castrar.

Da� que, 13 anos depois, reencontramos os personagens neste quarto longa-metragem (sem contar os derivados "American Pie Presents" direto pra DVD) da franquia. Na trama, a justificativa para a reuni�o � a festa de dez anos da formatura do colegial. Novas bronhas pela metade e meninas seminuas, como se espera. A diferen�a para os filmes anteriores � que a culpa tomou ainda mais o espa�o do humor - afinal, agora adultos, os personagens t�m uma vida inteira de desculpas a pedir.

Deprime muito a forma como o filme resgata parte do elenco apenas para acertar contas. Natasha Lyonne, por exemplo, que retorna ao papel de Jessica, aparece s� para dizer a outro personagem, do nada, no meio da balada, que ele deve desculpas a uma terceira pessoa. Se considerarmos que a maioria desses atores e atrizes vive hoje no ostracismo (Chris Klein, que encarou o alcoolismo fora das telas, curiosamente ganha um arco mais solene e grave no filme do que seus amigos), fica mais penoso acompanhar American Pie: O Reencontro.

N�o por acaso, Steve Stifler, Seann William Scott, foi o �nico ator ali a ter uma carreira de relativa produtividade: seu personagem sem superego, sem o peso do lastro familiar (em American Pie, a culpa tamb�m � heredit�ria, e a m�e de Stifler n�o tem arrependimento nenhum a legar ao filho), � um respiro de irresponsabilidade. A falta de no��o de Stifler � tamanha que parece compensar todo o insuport�vel pudor dos demais, e Scott (que ali�s � um ator subestimado) talvez tenha se dado melhor em Hollywood porque seu personagem n�o � um fardo a ser carregado.

O �nico motivo para assistir a American Pie: O Reencontro, portanto, � Seann William Scott. Porque, enquanto o resto do filme for�a uma nostalgia de tudo aquilo que mal viveu ou evitava viver, o velho Stifler Mestre continua na eterna puberdade.



Fonte: http://www.afacinemas.com.br
 
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