Categoria Geral  Noticia Atualizada em 01-06-2012

ONU vê sinais de crimes contra a humanidade no massacre de Houla
Para Navi Pillay, Assad deve assumir a responsabilidade de proteger os civis
ONU vê sinais de crimes contra a humanidade no massacre de Houla
Foto: r7.com

A ONU denunciou nesta sexta-feira (1º) que há indícios de crimes contra a humanidade no massacre cometido na localidade síria de Houla, onde morreram mais de 100 civis.

Um discurso da alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, lido pela porta-voz Marcia Kran, abriu a sessão especial do Conselho de Direitos Humanos convocada para tratar de maneira específica do massacre e iniciar uma investigação sobre o ocorrido em Houla.

Segundo as Nações Unidas, há sérias suspeitas de que famílias inteiras foram executadas de maneira sumária, incluindo mulheres e crianças.

Nessa declaração, Pillay se referiu a "informações sugerindo que as Shabiha (grupos paramilitares pró-governo) entraram nos povoados e que poderiam ser responsáveis por dúzias de assassinatos".

— Esses atos podem representar crimes contra a humanidade e outros crimes internacionais, e podem ser indicativos de um padrão de ataques generalizados e sistemáticos contra povoações civis perpetrados com impunidade.

Perante a quarta sessão especial do Conselho sobre a Síria desde abril de 2011, a representante da ONU reiterou sua chamada ao regime do presidente sírio, Bashar al Assad, para que "assuma sua responsabilidade de proteger a população civil".

Lembrou ainda que "aqueles que ordenem e ajudem nos ataques contra os civis, ou que não façam nada para detê-los são responsáveis criminalmente de forma individual".

— Os outros Estados têm a responsabilidade de fazer tudo o que possam para prevenir e perseguir os que cometem crimes internacionais. Mais uma vez, peço ao Conselho de Segurança considerar a possibilidade de referir o caso da Síria ao Tribunal Penal Internacional (TPI).

Segundo seu relato, pouco após uma manifestação no dia 25 de maio em Houla, o Exército sírio supostamente suscitou um ataque com armamento pesado, que se prolongou por quase 14 horas.

Navi Pillay informou que a missão diplomática da Síria em Genebra lhe enviou uma carta cinco dias depois na qual atribuía os assassinatos de Houla a "grupos terroristas armados".

O governo da Síria declarou que seus militares atuaram apenas em defesa própria e que tentaram proteger os civis, e disse que três membros das forças armadas foram assassinados e 16 soldados ficaram feridos nos combates em Houla.

Damasco comunicou também ao Alto Comissariado de Direitos Humanos a criação de um comitê interministerial para investigar o incidente, perante o que Pillay expressou a necessidade "de fazer todos os esforços necessários para acabar com a impunidade".

Nesse sentido, lamentou que Damasco ignore os pedidos do Conselho de Direitos Humanos para que permita a entrada no país da comissão que investiga as violações dos direitos fundamentais cometidas desde o início do conflito em março de 2011 e exigiu ao governo que facilite o trabalho da missão da ONU.

Por último, expressou seu apoio ao plano de paz de seis pontos do enviado especial da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, e pediu "a todas as partes" que ponham fim o mais rápido possível à violência.

Em sua opinião, a comunidade internacional deve apoiar plenamente este plano, porque "caso contrário, a situação na Síria pode derivar em um conflito em toda regra e pôr em grave perigo o futuro do país, assim como o de toda a região".



Fonte: r7.com
 
Por:  Caroline Costa    |      Imprimir