Categoria Politica  Noticia Atualizada em 28-06-2012

Ex-chefe de gabinete de Agnelo oferece quebra de sigilos à CPI
Monteiro afirmou ter deixado o governo para não atrapalhar as investigações e garantiu aos parlamentares da CPI que abre mão dos sigilos fiscal, bancário e telefônico próprios e também de seus filhos
Ex-chefe de gabinete de Agnelo oferece quebra de sigilos à CPI
Foto: brasiliadetodosnos.com.br

Mesmo com o direito de ficar calado diante da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira garantido por um habeas-corpus, o ex-chefe de gabinete do governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz (PT), Cláudio Monteiro, resolveu falar. Ele questionou os membros da comissão sobre a localização do rádio que a Polícia Federal (PF) anunciou que teria sido fornecido pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira para facilitar o contato entre ambos.

Primeiro a depor nesta quinta-feira na CPI, suspeito de receber propina de Cachoeira para intermediar interesses do grupo dentro do governo do DF, Monteiro negou as acusações e criticou o fato de as investigações não terem localizada o rádio da marca Nextel e a suposta propina. "Vou citar aqui o Genival Lacerda e a música: onde está o rádio? E a propina? Cadê?", indagou por provas materiais.

Monteiro afirmou ter deixado o governo para não atrapalhar as investigações e garantiu aos parlamentares da CPI que abre mão dos sigilos fiscal, bancário e telefônico próprios e também de seus filhos. O ex-chefe de gabinete de Agnelo negou ainda ter recebido qualquer quantia em dinheiro. "A mim interessa a apuração. A mim, aos meus amigos, aos meus familiares, todos que convivo e tenho que dar explicações todos os dias", disse.

As atividades da CPI do Cachoeira nesta semana estão focadas em apurar, por meio de depoimentos, suspeitas de que integrantes de ambos os governos tenham colaborado com a quadrilha chefiada pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso pela Polícia Federal.

Além de Cláudio Monteiro, acusado pela PF de ser o principal facilitador do esquema de Cachoeira no governo do DF, os outros dois convocados para falar à CPI nesta quinta-feira são: Marcelo de Oliveira, um militar citado nas investigações e João Carlos Feitoza, o Zunga, que seria um dos interlocutores de Cachoeira e é citado pelas investigações como receptor de dinheiro do grupo do empresário goiano. Os três estão munidos de habeas-corpus e podem ficar em silêncio se quiserem.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

No dia 25 de junho, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado aprovou a cassação de Demóstenes. Em decisão unânime, por 15 votos a zero, o colegiado aprovou o relatório do senador Humberto Costa (PT-PE), que recomendou a perda do mandato do senador. O parecer do Conselho de Ética deverá ser examinado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e, se aprovado, passará por nova votação no Senado, que poderá definir a cassação definitiva de Demóstenes.



Fonte: noticias.terra.com.br
 
Por:  Caroline Costa    |      Imprimir