Categoria Politica  Noticia Atualizada em 12-07-2012

Deserção de diplomata sírio mostra "desespero" de Assad, dizem EUA
Embaixador sírio no Iraque abandonou o regime do contestado presidente. Ele saiu pedindo que o Exército se una aos rebeldes que combatem Assad.
Deserção de diplomata sírio mostra
Foto: g1.globo.com

O porta-voz da Casa Branca considerou nesta quinta-feira (12) que a deserção do embaixador da Síria no Iraque representa um "novo sinal de desespero" do governo do presidente Bashar al Assad.

Confirmando a deserção do chefe da missão diplomática síria em Bagdá, o porta-voz Jay Carney também afirmou que essa atitude mostrou que "o entorno de Assad começa a reconsiderar suas chances de permanecer no poder".

O embaixador da Síria no Iraque, Nauaf Fares, pediu ao Exército sírio que se "una imediatamente às fileiras da revolução", em comunicado difundido pela rede de televisão árabe Al-Jazeera.

"Declaro minha deserção como representante da República Árabe Síria no Iraque e minha saída do partido Baath" (no poder), diz o diplomata em um vídeo divulgado pela Al-Jazeera no Qatar.

"Peço a todas as pessoas dignas e livres da Síria, especialmente aos militares, que se unam de imediato às fileiras da revolução", acrescenta o embaixador - que não revela seu paradeiro - antes de exclamar: "voltem os canhões contra os criminosos deste regime que mata seu povo".

"Todos os jovens da Síria devem se unir imediatamente à revolução para afastar o pesadelo e este bando que tem semeado a corrupção e a destruição do estado e da sociedade na Síria por mais de 40 anos."

Fares pede ainda aos militantes do Baath que desertem porque o regime transformou o partido "em um instrumento de repressão ao povo e as suas aspirações de liberdade e dignidade".

Nawaf Fares tinha laços estreitos com a força de segurança síria e é o primeiro diplomata do alto escalão a abandonar o governo. Veterano do governo de Assad que ocupou cargos importantes na época do já falecido presidente Hafez al-Assad, Fares é de Deir al-Zor, cidade no leste do país que tem sido palco de ataques militares ferozes promovidos pelas forças de Assad.

"Isso é apenas o início de uma série de deserções no nível diplomático. Estamos em contato com diversos embaixadores", disse Mohamed Sermini, integrante do principal grupo de oposição, o Conselho Nacional Sírio.

A deserção de Fares, que é sunita, pode representar um golpe importante para Assad, que deseja convencer o mundo de que conduz uma defesa legítima de seu país contra grupos armados apoiados por estrangeiros que querem derrubar o governo.

A decisão de Fares de abandonar o barco segue-se à saída do país na semana passada do general-de-brigada sunita Manaf Tlas, que já foi bastante amigo de Assad, cuja seita alauíta, minoritária, depende de aliados sunitas para manter o controle sobre a população síria, de maioria sunita.

Tlas viajou para Paris e não falou sobre suas intenções. Fontes da oposição afirmaram que Fares estava saindo do Iraque, mas não estava claro para onde ele iria.

O primeiro sinal de racha nas fileiras diplomáticas da Síria ocorre no momento em que Assad recebe mais apoio das duas potências que resistem à pressão ocidental e do Golfo Pérsico para derrubá-lo: Rússia e China.

Na quarta-feira, a China apoiou o enviado da Organização das Nações Unidas (ONU) Kofi Annan, que pediu o envolvimento do Irã nas conversações internacionais para resolver a crise síria.

No último ano, China e Rússia bloquearam os esforços do governo norte-americano e dos aliados do Golfo Pérsico para desequilibrar as forças contra Assad.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Caroline Costa    |      Imprimir