Categoria Policia  Noticia Atualizada em 20-07-2012

Justiça decreta prisão preventiva de casal suspeito de torturar criança
Pai e madrasta foram presos em flagrante após morte de bebê de 2 anos. Eles foram denunciados por tortura pelo Ministério Público.
Justiça decreta prisão preventiva de casal suspeito de torturar criança
Foto: g1.globo.com

A Justiça decretou a prisão preventiva do pai e da madrasta do menino Wesley, de 2 anos, que morreu na noite de terça-feira (17), depois de chegar ao hospital desacordado. A informação foi confirmada, nesta sexta-feira (20), pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ).

A decisão é do juiz Marco José Mattos Couto, da 2ª Vara Criminal de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. O pedido de prisão havia sido feito pelo Ministério Público.

O corpo da criança foi enterrado na quinta (19) no Cemitério do Pechincha, em Jacarepaguá, também na Zona Oeste.

O menino foi levado para o Hospital Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, às 16h de terça-feira (17), e morreu logo em seguida. De acordo com o delegado-adjunto Maurício Mendonça de Carvalho, da 32ª DP (Taquara), ele estava com várias escoriações, hematomas, fratura e arranhões no corpo. Em depoimento, a madrasta alegou que a criança tinha caído da cama.

Com a decisão judicial, os dois acusados permanecem presos, já que o pedreiro Widemberg de Araújo Souza, 22 anos, está preso em Bangu 3, na Zona Oeste e Luana Rodrigues do Nascimento, 23 anos, foi levada para o presídio Joaquim Ferreira de Souza, no Complexo de Gericinó. O casal foi preso em flagrante. Os dois negam que tenham torturado o menino.

Casal foi denunciado por tortura

Na quinta-feira (19), o Ministério Público do Rio denunciou os dois por tortura, com resultado de morte, já que a criança morreu horas após dar entrada no hospital. Se condenados, eles podem pegar até 21 anos de prisão. O delegado Vilson Almeida da Silva, que registrou o caso, disse que o crime se agrava por se tratar de menor.

"A criança apresentava graves escoriações, fraturas, hematomas e com sinais graves de espancamento. A médica que atendeu o menino desconfiou desde o início devido a várias lesões que a criança apresentava. Eles foram presos em flagrante. A investigação segue e agora vamos tentar entender o que levou a agressão", disse Vilson Almeida.

A criança morava há quatro meses com a família na comunidade de Rio das Pedras, também na Zona Oeste. De acordo com o delegado, a mãe da criança mora em Vitória (ES) com outra filha de Widemberg. O menino teria ido morar com o pai depois que teve catapora, e a mãe alegou que não tinha condições de cuidar.

"Entrego nas mãos de Deus", diz mãe

Abalada, a mãe da criança, que mora no Espírito Santo, deixou o enterro do filho chorando muito. "Eu entrego na mãe de Deus. Ele (o pai da criança) falou que ia dar uma vida melhor para o meu filho. Foram buscar o meu filho na minha casa para matar ele", disse Suely Fernandes da Silva.

Por não ter condições de cuidar do filho, há quatro meses, a mãe de Wesley entregou a criança para o pai, que é morador da Favela de Rio das Pedras, também na Zona Oeste. Wesley teve traumatismo craniano, estava com uma perna quebrada e tinha hematomas pelo corpo.

Os médicos desconfiaram e chamaram a polícia, que prendeu a madrasta e o pai, ainda dentro do hospital. Eles são acusados de espancar Wesley até a morte. O pai alegou que batia como medida educativa. "Os vizinhos disseram que ouviram, no dia do crime, um barulho de pancadas na casa onde Wesley morava, como se fosse um espancamento. E ouviram, na sequência, um choro de criança", contou o delegado Maurício Mendonça. Se condenados, o pai e a madrasta podem pegar até 21 anos de prisão.

A Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV) recebe, em média, 15 ocorrências de maus tratos a menores por mês. Para a polícia, a denúncia de pessoas próximas, como parentes e vizinhos, é essencial para resolver esses casos.

"O ideal é que as pessoas entrem rapidamente em contato com a polícia sempre que fiquem sabendo ou escutarem gritaria, choro, ou tenham visto marcas, ou hematomas suspeitas em crianças. Assim, se evitará um mal maior", ressaltou o delegado Marcello Maia, da DCAV.

O telefone da DCAV é 2334-9717 e o do Disque-Denúncia, 2253-1177. O Disque Cem, do governo federal, também recebe ligações sobre maus tratos a menores de idade. Só em junho, foram mais de 1,6 mil denúncias, só no Rio.



Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Caroline Costa    |      Imprimir