Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 23-07-2012

QUEM É DONO DA VERDADE?
“O juízo de valor que elaboramos determinam nossa ações, e sobre sua realidade descansa nossa saúde mental e nossa felicidade”, Erick Fromm.
QUEM É DONO DA VERDADE?
Foto: Divulgação

Quem disser que é dono da verdade ou foi enganado por um vendedor de boa lábia ou está mentindo. Provavelmente a segunda opção seja a mais provável. Uma verdade pronta e acabada é a negação da aprendizagem. Portanto, os pais e educadores não devem ir contra as ideias dos alunos, mesmo que essas pareçam, em primeira instância, incoerentes. O papel do professor, além de ser um agente de transformação, é, antes de tudo, de compreensão. Sem esse conhecimento, ele pode causar o desinteresse no aprendizado dos discentes e daí para frente criar um sujeito sem predicados.

Muitos leitores me perguntaram com referência ao artigo "Sobre a psicanálise na escola", o que fazer, de acordo com o novo ambiente hostil, principalmente nas periferias e unidades públicas de ensino. Não há receita pronta e acabada. O que podemos é refletir junto essa questão. A escola tem que aprender a superar seus problemas sem distinção de poder. Corpo discente e docente tem que respeitar o processo de descobertas de suas "verdades". Não dar respostas prontas. Fazer pensar é um ato de libertação. Um aprende com o outro.

Para as crianças e adolescentes a rebeldia, vandalismo, ou até a violência com objetivo de se impor num determinado grupo é uma forma de "liberdade". Talvez da opressão em sua vida extraclasse. Quando esse indivíduo, que já é oprimido chega à escola desconta nos colegas e é novamente "violentado" com palavras pelo próprio educador. Este, o vândalo, sofre duas vezes, e pior, as palavras doem mais do que bofetadas.

Friedrich Nietzsche, em "Para Além de Bem e Mal" diz que "há, na verdade, qualquer coisa rebelde a toda a instrução, um granito de fatum espiritual, de decisões predestinadas e de resposta a perguntas escolhidas e pré-formuladas".

A maior rebeldia que se pode esperar de um aluno é a falsidade. Ou o "bom moço (a)". Aquele que fica quieto, sem participação. Que passa quase despercebido. Esse é preocupante. Qual será a realidade dele? Em que mundo ele está? Na sala de aula que não é.

Quem pode explicar a dor e o sofrimento? Cada aluno é um ser singular com seus próprios dilemas. Não adianta executar um "castigo" coletivo. Isso, talvez, só serviria para corrigir um dentre tantos outros que têm inúmeros problemas no âmbito social, econômico, cultural diferente dos demais. Também o professor tem suas neuroses. Até mais angustiantes do que a de uma turma inteira. Então o que fazer?

É preciso ter o desejo de libertação. Livrar-se da alienação. O medo da consciência crítica sobre a realidade de si e da sociedade provoca essa prisão e, consequentemente, surgem os escapismos. É mais cômodo tomar medicamentos, abusar de drogas, e deixar a situação como está do que enfrentá-la superando assim o sofrimento emocional.

Há uma falsa interpretação da realidade comumente disseminada no meio acadêmico. "A minha realidade não pode ser mudada". A dialética subjetiva do educador busca o domínio de suas emoções, que o boicotam, oprimem e alienam o seu Ser. Quando ele critica a violência, sem embasamento ou conhecimento da singularidade dos afetados diretamente com a agressão física, ele, o professor, pratica contra si a violência psicológica.

O sofrimento do ensino público vem de longa data. A desumanização e a negligência das autoridades públicas provocam outra questão que está inserida no contexto político educacional: como humanizar-se numa sociedade violenta e corrupta? A resposta é estar consciente da busca pela justiça, mesmo que pareça uma utopia.

Voltando aos alunos, a valorização da subjetividade é a chave. A imaginação facilita o processo de humanização. De tornar uma situação dolorosa mais tranquila, por meio de uma brincadeira, de uma piada. Claro, sem esquecer a realidade, a objetividade. Essas que são as duas realidades no ambiente escolar (subjetiva e objetiva).

Os conteúdos concretos também podem ajudar a compreender o seu dilema pessoal, mas, a vocação do ser humano é, sem dúvida, subjetiva. Ela está voltada para o diálogo, esperança, humildade, simpatia e para o amor. Na minha humilde opinião.



Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Roney Moraes    |      Imprimir