Categoria Ciência e Saúde  Noticia Atualizada em 29-07-2012

Estudo da USP vê informação como aliada na cura de crianças com câncer
Estudo ouviu dez crianças entre 7 e 12 anos em tratamento no HC. Pediatra explica que desconhecimento causa mais ansiedade nos pacientes.
Estudo da USP vê informação como aliada na cura de crianças com câncer
Foto: g1.globo.com

"Quando o médico contou para a gente doeu bem. Caiu um choque na gente", relembra a faxineira Marta Pires do momento em que soube que seu filho, Vanderley dos Santos Rocha Júnior, de 8 anos, tinha um tumor na região do pescoço. Mesmo chocada ela jamais pensou em esconder a doença e como seria o tratamento do menino.

"Desde o começo, a psicóloga já tinha conversado que era bom ele ficar sabendo para que fizesse o tratamento certinho", afirma Marta. Hoje, o próprio Vanderley explica sobre a doença da qual se recupera. A decisão de informar a verdade é a mais acertada, porque é um fator importante no bom desempenho do tratamento, segundo o estudo da terapeuta ocupacional Amanda Mota Pacciulio, da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP.

Estudo
A pesquisa foi feita com dez crianças diagnosticadas com câncer entre 7 e 12 anos que fazem tratamento há pelo menos três meses no Hospital das Clínicas (HC) de Ribeirão Preto. O objetivo era saber como elas encaram o dia-a-dia da luta contra um câncer. Como método de estudo, a terapeuta, por meio de entrevistas, procurou a perspectiva de cada paciente acerca do processo de tratamento do câncer no hospital, e investigou os aspectos da hospitalização que consideravam como positivos e negativos, para só então, abordar o tratamento quimioterápico hospitalar e suas estratégias de enfrentamento, utilizando entrevistas semi-estruturadas.

Elas falaram sobre a rotina no hospital, a vontade de brincar e mostraram interesse principalmente em conversar sobre a doença e entender o que está acontecendo com elas. A maioria dos entrevistados reclamou também do tempo ocioso durante a internação. Para as crianças, brincar desperta o otimismo. Por isso, a pesquisadora usou fantoches como ferramenta na pesquisa. "Entrando no universo lúdico da criança, ela consegue entender o que está sendo dito e o que está acontecendo dentro do corpo dela", diz Amanda.

De acordo com a pesquisadora, é fundamental para a criança confiar nos adultos e tirar todas as dúvidas. "É importante ser dito o nome câncer que muitas vezes eles (pais) evitam e ser bem específico quanto à doença, se é leucemia, linfoma, o que ela ataca no corpo da criança, o que vai acontecer, o porquê da internação", afirma.

Para o pediatra Luiz Gonzaga Tone, quando os pais escondem a realidade, os filhos doentes têm mais dificuldade para tolerar o desconforto do tratamento. "Tudo o que é desconhecido gera mais ansiedade, mais tensão. Se você explica o que vai acontecer, o paciente já vai passar pelo procedimento sabendo do caso e com uma previsão, o que diminui essa expectativa".

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir