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A VIDA DE JESUS EM FOCO. CUIDADOS NECESSÁRIOS NAS AFIRMAÇÕES
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De tempos em tempos surgem matérias, umas insinuando, outras afirmando, uma vida amorosa ente Jesus e Maria Madalena.  (Maria de Magdala, aquela de quem Jesus expulsou sete demônios, e que o Evangelista João (20, 11—18), afirma ter se encontrado com Jesus logo após a ressurreição e antes que ELE subisse aos céus ), a partir de pequenos informes, dissociados de um contexto, cuja importância torna-se ampliada pela criatividade humana, e pela notícia que alarma, traspassa o valor histórico, científico e religioso, para espraiar-se pelo caminho da especulação nociva. Todos vimos no noticiário desta semana que a pesquisadora de Harvard-USA, Professora de Teologia, Dra, Karen King, em pesquisa realizada num papiro no antigo idioma copta, encontrou a seguinte frase : "Jesus disse a eles: minha mulher...."A frase termina aí, não há um contexto maior que permita aferir o verdadeiro sentido do que era dito. Note-se que o papiro ainda será submetido a estudos para saber-se um documento autêntico, verdadeiro, o que ainda não está confirmado. Identifico na matéria da Professora uma certa precipitação, e, basta lembrar que por vezes em um diálogo começamos assim: Meu homem, lamento informar que seu pedido não foi atendido; Esta frase é meramente ilustrativa e o termo "meu homem" é utilizado como simples forma de saudação ( como p.e. meu bom homem; minha boa mulher; minha mulher; minha senhora, minha querida....). No mesmo caminhar, a frase encontrada pela Dra. King pode não passar de mera saudação, ou início de um diálogo, ambos em um contexto muito distante do enfoque sensacionalista que está sendo atribuído ao papiro. A cientificidade é bem vinda, porém. Nesse campo – estudos de teologia pela história –é absolutamente respeitável que cada um pense da forma que melhor lhe aprouver, mas, numa sociedade de consumo, numa época onde as informações fluem a uma velocidade semelhante à da luz, é preciso medir as palavras, ser mais responsável no trato da matéria, porque ela transcende gerações e infiltra-se num dos pilares da crença cristianica. Este tipo de estudo deve ter sempre o objetivo de permear a reflexão numa busca sobre o sentido histórico das ideias, oferecendo, na gratuidade dos estudos, uma luz que venha ao encontro dos questionamentos atuais e, por isso, devemos, em princípio, admitir a liberdade das tentativas teológicas em esclarecer o significado da fé comum, com seus meios plurarísticos. Não se pode esquecer, porém, que desde a entrada da crítica bíblica, a vida de Jesus tem estado no foco das atenções e da polêmica. Lado outro, é inegável que a fé, para ser viva, necessita de uma contínua atualização, pois somente assim deixa de ser teoria abstrata para se converter em experiência efetiva. Daí a importância dos estudos calcados em fatos seguros e verdadeiros. O que se defende aqui é que o tema deve ser levado a sério e com a máxima consequência possível, pois a mudança de paradigma cultural operada a partir da entrada da Modernidade, ainda que não possa ser ingênua, deve ser modesta e profundamente autrocrítica, para não se distanciar do que é verdade e fantasia. Andrés Torres Queiruga, um escritor espanhol, escreveu que "Como a casa do Pai comum, também a teologia tem "muitas moradas": é privilégio e responsabilidade de cada fiel escolher aquela que acredite ser a que melhor possa compreender sua fé, alimentar sua esperança e realizar sua vida". Edmilson Gariolli. Advogado e católico, membro da Igreja da Santíssima Trindade, em Marataízes. Fonte: Redação Maratimba.com
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| Por: Edmilson Gariolli | Imprimir |
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