Categoria Geral  Noticia Atualizada em 07-01-2013

Casa Branca quer mudança radical na lei das armas e teme "memória curta"
Grupo liderado pelo vice-presidente vai apresentar propostas para uma reformulação abrangente da lei. Estratégia passa por medidas executivas e por roubar apoios à NRA, numa luta contra o tempo.
Casa Branca quer mudança radical na lei das armas e teme
Foto: www.publico.pt

É uma corrida contra as armas, mas também contra o tempo. Ainda não passou um mês desde o tiroteio na Escola Primária de Sandy Hook, nos EUA, mas a Casa Branca receia que a passagem dos dias dê força aos opositores das mudanças nas leis de controlo de armas e que quebre o consenso gerado após a morte de 20 crianças e oito adultos em Newtown, no estado do Connecticut.

Segundo o jornal Washington Post, o objectivo do grupo de trabalho nomeado por Barack Obama e liderado pelo vice-presidente, Joe Biden, é reformular de alto a baixo as leis que permitem o acesso às armas nos EUA e não apenas apoiar uma lei semelhante à que esteve em vigor entre 1994 e 2004.

Nessa década, o máximo que o Congresso conseguiu manter em vigor foi uma lei que proibia a produção de 19 modelos de armas semiautomáticas e a venda de carregadores com mais de dez munições - e ainda assim sem efeitos retroactivos, o que retirou impacto à medida, já que continuava a ser possível comprar os milhões de armas dos modelos em causa que tinham sido fabricadas antes de 1994.

Desta vez, a Administração norte-americana parece estar empenhada em alcançar objectivos mais duradouros e mais abrangentes e quer que tudo isso aconteça o mais rapidamente possível, até porque "o público americano tem uma memória muito curta". A frase foi proferida pelo vice-presidente dos EUA numa reunião que decorreu no final do mês passado na Casa Branca, que juntou vários responsáveis pela segurança do país, e foi agora reproduzida por Richard Stanek, presidente da associação dos xerifes responsáveis pelo policiamento em cidades com mais de 500.000 habitantes.

Stanek contou ao Washington Post mais pormenores sobre essa reunião, que decorreu seis dias depois do tiroteio na Escola Primária de Sandy Hook. De acordo com o responsável, o objectivo é que a discussão deste assunto não promova apenas alterações na venda de armas, mas que tenha também reflexo nos exames às capacidades mentais dos potenciais compradores, que crie uma base de dados nacional para o registo de todas as armas vendidas e que reforce as punições para quem seja visto com armas na proximidade de escolas.

Para cumprir todos estes objectivos - principalmente o último -, Barack Obama sabe que terá de ganhar o braço-de-ferro com a National Rifle Association (NRA), o poderoso lobby que promove o direito à posse de armas nos EUA. Um dia depois da reunião do grupo liderado por Joe Biden, o director executivo da NRA, Wayne LaPierre, resumiu a proposta da associação para pôr fim aos massacres em escolas numa frase que tão cedo não sairá do imaginário norte-americano: "A única coisa que pára um tipo mau com uma arma é um tipo bom com uma arma".

Segundo o Washington Post, o relatório do grupo liderado pelo vice-presidente dos EUA deverá também incluir propostas sobre jogos de vídeo e filmes considerados violentos. "Eles estão claramente comprometidos com uma visão mais abrangente deste assunto", disse ao jornal Dan Gross, presidente do grupo de pressão Brady Campaign to Prevent Gun Violence, confirmando que as propostas em discussão representam "um estudo mais profundo do que uma simples proibição da venda de armas de assalto".

A chave para a mudança nas leis está no Congresso, mas, de acordo com os responsáveis consultados por Biden, a Casa Branca está disposta a avançar com medidas executivas, como alterações nos programas de saúde mental e a modernização do sistema de identificação e localização de armas, controlado pelo Departamento de Álcool, Tabaco, Armas e Explosivos.

Para quebrar o poder da NRA, a Administração Obama admite aliciar empresas como a Walmart, uma das maiores vendedoras de armas dos EUA. A estratégia passa por convencer a Walmart a pressionar o Congresso no sentido de colmatar uma lacuna na lei que permite a venda de armas em exposições e feiras sem uma verificação prévia dos dados do comprador, o que poderá fazer aumentar as vendas no retalho.

Ainda não há data para a apresentação do relatório do grupo liderado por Joe Biden, mas os defensores de um controlo mais apertado começam a verbalizar a sua impaciência: "Debater não é o verbo de que precisamos para proteger as nossas crianças", resumiu Jon Adler, presidente da Associação dos Agentes Federais, citado pelo Washington Post.

Fonte: www.publico.pt
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir