Categoria Geral  Noticia Atualizada em 09-01-2013

RJ: Defesa Civil cobra políticas das prefeituras para evitar desastres
A sequência de fatos é conhecida. Chega o verão, que traz consigo as chuvas, e os desastres naturais se repetem em todo o Rio de Janeiro.
RJ: Defesa Civil cobra políticas das prefeituras para evitar desastres
Foto: noticias.terra.com

A estação do ano cria uma situação de alerta no Estado. O que faz o secretário estadual de Defesa Civil Sérgio Simões perder o sono e cobrar as prefeituras municipais. "Precisamos ter a consciência da necessidade de ordenamento urbano, de política pública de urbanização, para que efetivamente se impeça que pessoas continuem construindo sem as devidas autorizações", afirmou.

O recado do secretário estadual de Defesa Civil é direto para os municípios que não estava acostumados a controlar a ocupação de suas encostas. "São coisas que precisam ser tratadas adequadamente. O que houve é que temos duas ou três décadas perdidas por falta de uma política de habitação para as pessoas de baixa renda", explica Simões. "O dever de casa tem de ser feito. O Rio é uma referência mundial, uma cidade-marca, tem eventos que atraem o mundo inteiro, agora as prefeituras têm que cumprir políticas públicas de ordenação para não aumentar os danos de eventos que por si só já são severos."
Tragédias como a que ocorreu na semana passada no distrito de Xerém, no município de Duque de Caxias, revelam a conjunção de dois fatores gravíssimos recorrentes, segundo o secretário: aumento da intensidade e duração das chuvas e descaso do poder público.

"Nestes últimos anos estamos vendo que as chuvas estão mais intensas, frequentes e concentradas. O exemplo de Xerém é bem ilustrativo. A célula de chuva ficou parada e se retroalimentando por muito tempo num raio de no máximo 3 km. É uma quantidade de água muito grande num tempo muito pequeno que vai causar danos maiores ou menores. No caso de Xerém, havia vulnerabilidades flagrantes porque tinha um número muito grande de casas construídas praticamente no leito do rio. Situações desta ordem agravam o desastre."

A capital, além de sistemas de alerta e alarme, tem de 3 a 4 mil agentes comunitários de saúde e defesa civil, segundo o secretário. São líderes das comunidades que ajudam a identificar regiões vulneráveis e, principalmente, a tomar ações de mobilização e evacuação mais rápidas. É o modelo que já está em funcionamento em quatro cidades serranas (Nova Friburgo, Petrópolis, Teresópolis e Bom Jardim) que foram palco da catástrofe de dois anos atrás.

Simões garante que hoje o efeito daquelas chuvas - que deixaram mais de 600 mortos e 5 mil desabrigados - seria diferente. "Não tenho dúvida. Temos muito mais alarmes sonoros instalados, as defesas civis estão melhor dimensionadas, esta rede de cooperação está instituída e nossa capacidade de antever é maior. Temos uma capacidade muito maior de proteção da população."

Áreas de risco
Mas muitos dos afetados por aquela tragédia ainda sofrem. Boa parte das moradias prometidas não foi entregue. E muitas famílias devem padecer do mesmo problema neste verão - a chegada de uma frente fria deve causar novas chuvas a partir desta quarta-feira em todo o Estado. O governo estadual fez um mapeamento e identificou outros 62 municípios com áreas de risco.

"É uma ação que tem várias áreas do governo. Claro que a gente não vai conseguir, num curto prazo, remover todo mundo que está em área de risco, tudo que se acumulou nos últimos 30 anos. Estamos trabalhando para tirar a parte mais inaceitável, conscientizar as pessoas do risco e tornar a comunidade participativa para que ela possa tomar parte no trabalho de evitar tragédias", explica o secretário.

Na dúvida, a Defesa Civil estadual resolveu manter pelo menos até o final do verão o gabinete de crise que foi montado no Centro Estadual de Administração de Desastres (Cestad). Enquanto o Centro de Monitoramento e Alarme do Estado não funciona a pleno vapor - embora já tenha corpo técnico, ainda precisa da instalação de novos equipamentos e sistemas e deve estar totalmente pronto até o final do ano -, é ali que vão ser tomadas as decisões que podem salvar vidas nas próximas enxurradas.

Histórico de deslizamentos
Em janeiro de 2011, a Baixada Fluminense enfrentou a maior tragédia climática da história do Brasil. Foram 918 mortos e mais de 215 desaparecidos após as fortes chuvas que atingiram sete municípios da região. As cidades mais atingidas foram Nova Friburgo, Petrópolis, Teresópolis, Bom Jardim, Areal, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto.

No ano anterior, em 2010, uma série de deslizamento deixou 30 mortos em Angra dos Reis nas primeiras horas do dia 1º de janeiro. O deslizamento de uma encosta atingiu uma pousada e sete casas na Ilha Grande, matando pelo menos 19 pessoas. No continente, 11 pessoas morreram em outro desmoronamento.

Fonte: noticias.terra.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir