Categoria Geral  Noticia Atualizada em 01-02-2013

Mulher que inspirou Morena de "Salve Jorge" conta o drama no exterior
Ana L�cia Furtado foi traficada para Israel, onde trabalhou como prostituta. Personagem inspirou Gl�ria Perez a escrever personagem de Nanda Costa.
Mulher que inspirou Morena de
Foto: g1.globo.com

Ana L�cia Furtado era empregada dom�stica e sustentava tr�s filhos quando, aos 24 anos, recebeu uma proposta para o que sonhava ser um futuro melhor: trabalhar como gar�onete em Israel. Mas acabou virando prostituta numa boate e serviu de inspira��o para a autora Gl�ria Perez moldar a personagem Morena, a protagonista interpretada por Nanda Costa na novela "Salve Jorge".

Pela primeira vez ap�s seu resgate, ocorrido em 1998, Ana L�cia se prontificou em contar todo o seu drama em entrevista ao G1. V�tima do tr�fico de mulheres, tema abordado na trama da TV Globo, ela relata como foram os tr�s meses em que ficou em poder da quadrilha e a morte de sua prima, Kelly Fernanda Martins, com quem viajou para Israel e inspiradora da personagem J�ssica, de Carolina Dieckmann.

O relato de Ana L�cia � muitas vezes mais dram�tico do que a fic��o vivida por Nanda Costa. Ela diz que o contato com Gl�ria Perez � frequente e que muitas vezes reconhece, entre os di�logos da novela, uma frase que contou para a escritora.

G1 � O que voc� fazia antes de tudo isso acontecer?
Ana L�cia � Antes de receber o convite pra ir pra Israel eu tinha tr�s filhos: minha filha de 1 ano e pouco, um filho de 7 e outro de 10. E trabalhava de empregada dom�stica. Criava meus filhos com a ajuda da minha m�e. Eu era muito pr�xima a Kelly, que era prima minha de segundo grau. A gente era amiga, ia para a balada juntas e foi quando, em uma dessas sa�das, a gente conheceu a Rosana, em um pagode em Madureira. Ficamos amigas, ela sa�a com a gente, frequentava a nossa casa. Foi quando ela fez a proposta pra gente.

G1 � Como foi a proposta?
Ela falou: viajei [para Israel], cheguei agora, eu comprei essa casa, uma bel�ssima casa, comprei carro. Estou cheia de dinheiro. L� fora est� dando dinheiro legal. "E o que voc� faz l� fora", perguntei. "Ah, a gente trabalha em lanchonete, pizzaria, e ganha US$ 1,5 mil por m�s". Poxa, voc� estava vivendo uma situa��o dif�cil, com tr�s filhos pra criar, sozinha, morando na casa da sua m�e. Precisando tanto eu quanto a Kelly, que tinha dois filhos, morava com a m�e tamb�m. A gente querendo ter a pr�pria independ�ncia, casa e dar futuro melhor pros filhos. Chega algu�m dizendo que viajou, ganha US$ 1,5 mil por m�s, e � f�cil assim. E as pessoas oferecem passagem, tiram seu passaporte e tudo. E a gente se interessou, n�?! Foi quando ela ligou pra essa pessoa em Israel, que no caso era a C�lia, a� ela entrou em contato com a gente e falou que mandava uma passagem pra gente pra trabalhar em uma lanchonete l� em Tel Aviv.

G1 � Voc�s s� falavam com a Rosana?
Ana L�cia � S� depois de um tempo a gente passou a falar com a C�lia, daqui do Brasil. Ela disse que tinha v�rias lanchonetes, que era brasileira e que havia v�rias meninas trabalhando, que dava um dinheiro legal. A� a gente ficou radiante, ficou feliz, achando: a gente vai pra l�, fica seis meses e quando voltar compra a nossa casa. Esse era o nosso sonho. Tanto que teve mais meninas interessadas tamb�m, inclusive duas meninas que conheceram atrav�s da gente e foram na nossa frente.

G1 � Voc�s em nenhum momento desconfiaram de nada?
Ana L�cia � N�o, n�o desconfiamos de nada porque � tudo muito verdadeiro o que a Rosana apresentava pra gente aqui no Brasil. Vinha na nossa casa, sentava, almo�ava. E a m�e dela tamb�m falava que aquilo era tudo verdade, que ela ia pra l�, trabalhava de gar�onete l� e voltava com dinheiro. J� tinha comprado casa, carro e estava dando pra sobreviver, estava com uma vida bem melhor. E a gente frequentava a casa dela. E acreditou, n�? Foi quando come�aram a agir, tiraram o passaporte, tiraram passagem, compramos roupa. E a Rosana ainda falava pra gente: "L� � um lugar em que voc�s n�o podem andar com roupa muito pelada. Tem que levar umas roupas cobrindo o corpo". E a gente, inocente, levava.

G1 � E voc�s n�o tiveram mais not�cia das duas que foram antes?
Ana L�cia � N�o tivemos mais contato com elas, porque elas foram em uma semana e n�s fomos em outra. Porque n�o podiam ir quatro de uma vez, tinha que ir de duas em duas pra poder passar na fronteira de l�. Isso era o que a Rosana falava pra gente. Ent�o foram essas duas meninas. E depois fomos eu e Kelly, garimpando de pa�s em pa�s. Passamos por Espanha, Alemanha e depois Fran�a. Quando chegamos na Fran�a tinha dois israelenses da m�fia nos esperando. Quando chegamos, dormimos no hotel do aeroporto da Fran�a. Eles levaram a gente pra jantar, passeamos, conhecemos algumas coisas l� em Paris. E depois, no outro dia, fomos pra Tel Aviv. Mas quando chegamos na Fran�a, eles j� pegaram nosso passaporte e passagem, e disseram: "Tem que ficar com a gente pra passar na fronteira de Israel". Quando chegamos em Tel Aviv, j� tinha mais duas pessoas esperando a gente com carro.

G1 � Em Tel Aviv voc�s foram levadas para onde?
Ana L�cia � Eu e Kelly fomos numa boa, entramos no carro. Quando n�s chegamos em Tel Aviv, primeiro eles foram pra boate onde ia ficar a Kelly, que era a Playboy. Quando chegamos l� na porta, a Kelly era mais desaforada, mais agitada, mais brigona, tipo o que a Carolina est� fazendo no papel, e falou: "Ana L�cia, que lugar estranho, pra trabalhar. Uma casa velha, que lugar feio". O rapaz disse assim: "Entra". N�s entramos e quando chegamos na sala, havia um sof�, onde estavam muitas meninas, todas brasileiras, com roupas �ntimas, suti� e um shortinho �ntimo que se usa por baixo da roupa. Entre as meninas sentadas ali tinha uma que tinha ido na nossa frente. E a Kelly falou assim: "Gente, que lugar � esse?". A� a Rita falou assim: "Psiu, n�o fala nada, depois eu te falo". A Kelly falou: "Eu n�o vou ficar aqui, n�o. Ana L�cia, a gente n�o vai ficar aqui. A gente vai embora. Voc� me trouxe pra me prostituir? Pra me prostituir eu me prostitu�a no meu pa�s". Ela era mais desaforada. Eu fiquei morrendo de medo. Porque a� essa menina disse pra gente: "Olha s�, n�o faz esc�ndalo e faz o que eles querem, porque aqui � isso que voc�s est�o vendo". A� um dos rapazes que foi buscar a gente em Paris falou: "Voc� vai ficar aqui, pra Kelly, e voc� vem comigo, pra mim". A� eu fui, estava morrendo de medo. A� eu fui pra Eli� (boate).

G1 � Como foi nesse local?
Ana L�cia � Quando cheguei encontrei a outra menina, que foi na minha frente. A� ela me pegou na cozinha e me disse o que era. A� j� dava pra ver os quartos, a sala onde as meninas ficavam sentadas e a recep��o com a gerente. A� me explicaram: "Ana L�cia, hoje mesmo voc� come�a a trabalhar". A C�lia me levou pra um quarto pra trocar de roupa e conversou comigo. Eu era mais medrosa. A Kelly era mais brigona, tinha mais atitude. Eu falei que tinha que falar com minha fam�lia, porque j� fazia tr�s dias que eu n�o falava com minha fam�lia. A� ela falou que � noite deixava falar com a minha fam�lia. A� eu fui pro sal�o junto com as outras meninas, muitas meninas brasileiras. O tr�fico de mulheres pra l� � mais de brasileiras. Voc� s� v� brasileira. Mas realmente existem muitas meninas trabalhando em lanchonetes.

G1 � E n�o era pra se prostituir?
Ana L�cia � N�o, era s� para trabalhar mesmo.

G1 � E voc� em algum momento chegou a dizer: "N�o, eu n�o quero fazer"?
Ana L�cia � Chegamos. Todo mundo chega falando isso.

G1 � E a�?
Ana L�cia � Eles dizem: "N�o, agora voc� vai ter que pagar o que me deve". "E quanto eu lhe devo". "Voc� me deve R$ 1,5 mil de passagem, R$ 1 mil pra entrar no pa�s, cabelo, roupa, voc� me deve muita coisa. Quando voc� me pagar tudo o que me deve, eu te mando de volta pro teu pa�s". Mentira, n�?! Porque voc� nunca consegue pagar a d�vida com eles. Porque a d�vida sempre est� aumenta cada vez mais. E a gente quase n�o comia. A gente comia quando fugia, normalmente na sexta-feira.

G1 � Pra onde?
Ana L�cia � Pra lanchonete que era na beira da praia.

G1 � E voc�s n�o procuraram a pol�cia?
Ana L�cia � N�o, porque a gente fugia, mas eles sabiam onde a gente estava. Por isso a Kelly foi morta. Os seguran�as seguiam a gente.

G1 � E eles amea�avam?
Ana L�cia � Amea�avam. Diziam que se a gente sa�sse de l�, do lucro que estava dando pra eles, eles vinham para o Brasil matar nossa fam�lia, matar nossos filhos. E falavam que tinham endere�o, que tinha foto, que sabia onde eles estudavam, como eles viviam. E realmente sabiam de tudo, porque a menina frequentou a nossa casa. Sa�a com a gente, comia e bebia. Eles sabiam tudo. E voc� vai arriscar?

G1 � Como foi a primeira experi�ncia sua?
Ana L�cia � Foi horr�vel. Num primeiro momento, voc� sentada ali exposta no sof�, chega um homem que voc� nunca viu na vida, fala assim: "� essa". A� te pega, te leva l� pra dentro do quarto, tem rela��o sexual contigo e depois sai com voc� e paga. Voc� se sente uma mercadoria. Depois � exposta a outro traficante, a um policial, � exposta a isso tudo. Voc� n�o tem querer. O teu querer � o deles. � chato, � ruim, voc� chora, esperneia, mas n�o adianta. Voc� tenta fugir. Tentamos fugir v�rias vezes, mas n�o conseguimos.

G1 � Como?
Ana L�cia � A gente tentava, porque a gente sa�a, n�?! A gente n�o sabia que estava sendo seguida, estava sendo seguida por dois carros. Foi quando eles botaram o carro na frente e atr�s, e "sai", "sai", "sai", botaram a gente dentro do carro e levaram de volta pro abrigo. Ent�o eles foram amea�ando a gente o tempo todo, que sumiam do pa�s, que nossa fam�lia n�o ia mais saber da gente. E realmente isso acontece muito. Muitas meninas morreram l�, est�o presas desde a minha �poca e nunca mais conseguiram sair do pa�s. � uma m�fia, uma m�fia russa, uma m�fia muito perigosa. A� n�o tentamos mais fugir.

G1 � Mas a Kelly tentou?
Ana L�cia � A Kelly achou o passaporte dela. A� a primeira coisa que ela fez foi ir l� na Eli� falar. "Ana L�cia, achei o meu passaporte. Agora a gente vai fugir e vai no consulado com meu passaporte". Tava tudo certo. A� fomos ao restaurante, na danceteria, foram muitas meninas l�. S� que ela deixou uma das meninas brasileiras, que foram na nossa frente, saber. A� a menina entregou ela, disse que ela tinha achado o passaporte e que ia fugir comigo, que a gente ia ao consulado e que n�o ia mais voltar. Falou tudo.

G1 � A acharam a Kelly?
Ana L�cia � A� foram ca�ar ela. A� acharam a gente, mas a gente n�o estava mais em Tel Aviv, estava em outra cidade. Por que eles acharam? Porque o pessoal que seguiu a gente avisou onde que n�s est�vamos. Foi quando pegaram ela, j� era de manh�, pegaram ela, botaram dentro do carro e levaram ela. A� a gente n�o soube mais dela. Pegaram a gente e na boate a C�lia me chamou e perguntou onde a gente estava. Eu falei pra ela. Ela disse: "Pois �, porque a Kelly usou tanta droga, que ela morreu". "Como ela morreu, se ela estava com a gente at� agora?". "Ah, ela morreu, acharam o corpo dela na rua, de overdose". No outro dia, chegaram e falaram que a Kelly tava internada no hospital, que tinha achado o corpo dela na rua. A gente n�o podia falar com o Brasil, a Kelly no hospital, morta, praticamente. O cora��o batia, mas n�o tinha mais c�rebro, n�. Espancaram, bateram muito nela. E aplicaram uma hero�na na veia e foi direto para o c�rebro dela. E ali o c�rebro morreu logo, n�. O cora��o dela ainda batia, por isso levaram para o hospital. Enrolaram o corpo dela em um len�ol com o passaporte, com passagem, com tudo. Jogaram ela no meio da rua. Assim eu soube depois que cheguei no Brasil.

G1 � E voc�s conseguiram falar enfim com o Brasil?
Ana L�cia � Conseguimos um celular e ligar para o Brasil e contamos pra m�e da Kelly tudo o que tinha acontecido. Ela entrou em desespero. A� teve um dia, depois de tr�s semanas, que a C�lia me chamou com uma das meninas e contou pra mim que a Kelly tinha morrido. Eu me senti s�. Eu falei: pronto, agora eu tamb�m vou morrer. A� indicaram para a fam�lia da Kelly a doutora Cristina Leonardo (advogada). Foi quando come�ou toda a revolu��o. A doutora Cristina dizia que ia buscar a gente e eles n�o acreditavam. A C�lia dizia assim: "Pode deixar, que eu vou hospedar voc� e o presidente do Brasil na minha casa".

G1 � E como ficou a situa��o de voc�s l�?
Ana L�cia � O terror come�ou mais sobre a gente. Aquela vigil�ncia total. A gente j� n�o podia ir na farm�cia, n�o podia comprar comida.

G1 � Como foi o resgate?
Ana L�cia � Meio-dia, ela (Cristina Leonardo) falou que eles iam buscar a gente. Meio-dia certinho a pol�cia de Israel foi buscar a gente. Eles tomaram aquele susto, porque n�o era a pol�cia que estava acostumada a ir l�. A� eu consegui trazer comigo oito meninas. As outras n�o vieram.

G1 � Por qu�?
Ana L�cia � Algumas n�o quiseram vir por medo e outras estavam na boate. S� vieram as que estavam na boate comigo. A� o consulado resgatou a gente e n�s ficamos sob a prote��o de Israel mais um m�s, porque havia julgamento e eles s� haviam prendido o Russo. A� teve julgamento e viemos pro Brasil.

G1 � Como foi a chegada ao Brasil?
Ana L�cia � Quando chegamos no aeroporto do Brasil a Pol�cia Federal j� estava esperando a gente, prestamos depoimento v�rias semanas. Ficaram guardando a gente, porque havia muita amea�a, os traficantes de Israel ligavam pra gente, botavam crian�a pra chorar, boneco pra chorar no telefone dizendo que era o que iam fazem com a gente, com nossos filhos. E realmente eles faziam. Em menos de uma semana aqui eles botaram fogo na casa de uma menina de Niter�i com todo mundo dentro, atropelaram uma no meio da rua. Por isso que ningu�m fala, aquelas meninas de l�. Porque elas t�m medo. Porque tudo o que eles falam que v�o fazer eles fazem, eles acham, eles ca�am. Eles s�o ca�adores de prostitutas, de brasileiras. A prefer�ncia deles � o Brasil, pra traficar, pra escravizar. N�s �ramos escravas deles. E viv�amos em c�rcere privado, presas. N�s �ramos prisioneiras.

G1 � Quanto tempo voc�s ficaram l�?
Ana L�cia � N�s ficamos quatro meses. Tr�s na boate e um sob a prote��o de Israel, por causa dos depoimentos. Eles primeiro tinham que prender todo mundo. Mas depois disso a gente foi embora.

G1 � Foram tr�s meses de inferno?
Ana L�cia � Foram tr�s meses de inferno, que a gente vivia pra eles. A gente vegetava. Tinha que fazer dinheiro. E fazia, porque as boates ficavam dia e noite lotadas.

G1 � Como funcionava?
Ana L�cia � Tipo o que tem na novela. Tem o bar, tem a consuma��o, tem que levar o cliente pra consumir. Depois, ele j� te escolheu, vai ter que ir pro quarto com ele. Ele te comprou naquele momento. A� tem m�sica, tem raiva, tem desespero, tem v�rios tipos de homens. Eu at� brinco que o que a novela mostra � at� luxo perto daquilo que a gente viveu. Perto do que a gente passou. �s vezes me perguntam na rua se aquilo da novela � verdade: � verdade, mas eu passei pior do que aquilo. Como uma mulher consegue ir para o quarto 20 vezes por dia pra fazer dinheiro pra eles? Eu nunca consegui.

G1 � Voc� chegou a ter que sair com 20 homens em um dia?
Ana L�cia � N�o, nunca consegui. N�o d�. Mas tem meninas que conseguiam. Isso quando n�o traziam presidi�rio, e tinha que ficar o dia inteiro ali com aquele homem.

G1 � E voc�s ficavam como?
Ana L�cia � De calcinha, suti� e salto alto. O dia todo. E bem maquiada, penteada, bem bonita, bem cheirosa.

G1 � H� muito desconfian�a ainda?
Ana L�cia � Muita gente ainda n�o acredita na hist�ria, n�o acredita que haja realmente tr�fico de mulheres.

G1 � E no Brasil, como foram os desdobramentos?
Ana L�cia � Quando n�s chegamos no Brasil n�o houve investiga��o nenhuma. Depois que a doutora Cristina Leonardo provou que era verdade � que foram l� buscar a gente. Mas aqui n�s n�o tivemos nenhum apoio, n�o tivemos nada. E hoje, gra�as a Deus, estou a�. Trabalho com quentinha.

G1 � E como foi a hist�ria com a novela?
Ana L�cia � Foi uma coisa incr�vel. A minha irm� � cabeleireira e faz cabelo de uma mo�a da Globo. A� ela falou pra minha irm� que a Gl�ria ia escrever uma novela sobre o tr�fico de mulheres. A� minha irm� disse: "Poxa, minha irm� foi traficada". A� a mo�a falou: "Voc� tem que falar isso pra Gl�ria (Perez, autora da novela)". A� ligou pra Gl�ria, que entrou em contato comigo. Fomos na casa da Gl�ria, conversamos bastante. Ela me perguntou se eu poderia falar como foi, como a gente viveu l� e se poderia ajud�-la. A gente ta sempre entrando em contato com a Gl�ria, t� sempre colaborando. A Gl�ria sempre me liga perguntando como foi determinada coisa. �s vezes eu falo: "Ih, caramba, isso fui eu que falei". A Nanda, meu deu a maior vontade de chorar quando ela chegou e a gente... quando eu me deparei com aquilo... eu achei que n�o ia sair mais dali. Aquelas falas todas da Nanda, que n�o estava ali pra se prostituir, tudo aquilo eu passei pra Gl�ria. Eu fico feliz, porque � uma forma de denunciar. Tudo isso foi verdade. Eu sou uma prova disso, passei por tudo aquilo que est� sendo mostrado na novela. Eu sou um material vivo e ela se inspirou nisso. E tamb�m est� sendo uma forma de denunciar, pra vir vivo, e n�o como a Kelly voltou.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir