Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 21-02-2013

Luto, melancolia, complexo e suicídio
"Eu disse uma vez que escrever é uma maldição...
Luto, melancolia, complexo e suicídio

E é uma salvação. Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente inútil, salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos que se escreva. Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada..." Clarice Lispector.

Mais um caso de suicídio registrado em Cachoeiro de Itapemirim-ES. Desta vez uma mulher se jogou do sétimo andar de um shopping da cidade. O que causou esse ato extremo? Podemos explicar o que acontece com pessoas que tiram a própria vida? Bem... A resposta não é simples. Cada caso é um caso.

Para relacionar uma possível patologia com relação ao suicida é necessária uma investigação sobre a pessoa. Neste caso específico, me parece, que a senhora não suportou a perda da mãe. Primero ponto. Logo pensamos em luto.

"O luto, de modo geral, é a reação à perda de um ente querido, à perda de alguma abstração que ocupou o lugar de um ente querido, como o país, a liberdade ou o ideal de alguém, e assim por diante. Em algumas pessoas, as mesmas influências produzem melancolia em vez de luto; por conseguinte, essas pessoas possuem uma disposição patológica", diz Freud em sua obra Luto e Melancolia (1917).

De acordo com o livro, o luto afasta a pessoa de suas atitudes normais pra com a vida, mas isso não é patológico, normalmente é superado após certo tempo e é inútil e prejudicial qualquer interferência em relação a ele. A perturbação da autoestima normalmente está ausente no luto, fora isto as características são as mesmas na melancolia.

"Os traços mentais distintivos são um desânimo profundamente penoso, a cessação de interesse pelo mundo externo, a perda da capacidade de amar, a inibição de toda e qualquer atividade, e uma diminuição dos sentimentos de autoestima culminando numa expectativa delirante de punição".

A ideia de que "quem fala não faz" não é verdadeira no que diz respeito às tentativas de suicídio. Outra mitologia acerca do suicídio diz respeito a que não se devam valorizar as tentativas que pareçam ter sido feitas apenas para atrair a atenção do universo sócio familiar. É verdadeira a máxima que diz "tantas vezes se tenta que um dia pode ser bem sucedido".

A prevenção é o melhor tratamento para o suicídio. É importante ressaltar que muitos pacientes que tentaram um ato suicida procuraram ajuda profissional alguns dias antes.

Dentro de uma abordagem psicanalítica, a autoaversão origina-se da raiva em direção a um objeto de amor. Aqui, com relação a própria mãe. Sentimento que a pessoa desvia para si mesma quando perde alguém ou quando acha que frustrou, de alguma forma, o ser amado conscientemente. Inconsciente, ela quer o lugar dela. O suicídio, para a psicanálise, seria a expressão máxima desse fenômeno.

Numa visão superficial, essa inversão e autodestruição pode ter origem na infância num Complexo de Electra mal resolvido. que é a contraparte feminina do Complexo de Édipo no homem. Tais desajustes psicofísicos são originários de desequilíbrio moral, igualmente geradores de complexos, neuroses, psicopatias e demais ocorrências que podem levar, também, ao suicídio.

Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Roney Moraes    |      Imprimir