Categoria Geral  Noticia Atualizada em 23-02-2013

Egito inunda túneis de contrabando e decepciona palestinos
A destruição de túneis de contrabando entre Egito e Gaza por forças egípcias agravou a já complicada situação da Faixa e decepcionou os moradores da região em relação às expectativas abertas após a ascensão dos islamitas ao poder no país vizinho.
Egito inunda túneis de contrabando e decepciona palestinos

"As medidas empreendidas recentemente pelo exército egípcio influiu no caso dos túneis, e afeta a entrada de produtos e bens na Faixa de Gaza", denunciou à agência EFE Abu Hani, proprietário de um túnel que liga Gaza ao Sinai e que foi inundado há poucos dias. "Não só inundaram o túnel, como também introduziram explosivos que detonaram depois para impedir que qualquer tipo de bens de contrabando entre na Faixa", declarou.

Algumas testemunhas confirmaram à EFE ter ouvido explosões nas últimas semanas em toda a área ao redor de Rafah, onde se concentra a maior parte dos túneis que estão sob a fronteira. "A maioria nos bairros de Al Salam e Al Barazil sofreram graves danos por causa da água despejada do lado egípcio", declarou Ahmed Barhum, morador de uma área fronteiriça onde centenas de tendas ocultam os acessos subterrâneos.

O solo pouco espesso da região e o bloqueio que Israel impôs a Gaza em 2007, quando o movimento islamita Hamas tomou o controle da Faixa pela força, propiciou a abertura de milhares destas passagens.

Por eles passaram gado, veículos, combustíveis e produtos de primeira necessidade para abastecer o um milhão e meio de habitantes da Faixa, em alguns momentos, com até um terço de suas necessidades.

Porém, sua rentabilidade foi prejudicada quando Israel, para suavizar as críticas internacionais por causa do violento ataque à Flotilha da Liberdade, aliviou o bloqueio em 2010.

Desde então, muitos produtos entram em Gaza pela passagem de Kerem Shalom e apenas são bloqueados armas e uma ampla gama de produtos ou matérias primas de múltiplo uso, entre eles cimento e aço, que continuam entrando como "contrabando", uma atividade estimulada pelo governo do Hamas.

Os túneis que não fecharam ficaram há meses no ponto de mira do governo egípcio. "Poderia haver até 500", declarou à agência palestina Maan o coronel egípcio Ahmed Mohammed Ali, ao confirmar a existência de uma operação para a detecção e destruição das passagens subterrâneas.

Cada túnel, segundo o militar, tem várias saídas, muitas por casas egípcias e por isso é difícil determinar seu número exato. Na operação que começou há duas semanas, o Egito descobriu 225 túneis, mas essa não foi a primeira ação de seu exército.

Os moradores da região dizem que tudo começou depois que 16 soldados egípcios foram assassinados por milicianos islamitas em agosto de 2012, em uma zona limítrofe do Sinai com Israel e Gaza.

O Egito acredita que os responsáveis saíram da Faixa pelos túneis - uma acusação que o Hamas rejeita - e desde então demoliu mais de 150 passagens.

Esta atividade, que de forma indireta apoia a do exército israelense contra o contrabando de armas, decepcionou muitos moradores de Gaza, onde se esperava que o presidente islamita, Mohammed Mursi, abrisse aos poucos suas fronteiras.

"O governo do Hamas está disposto a fechar todos os túneis se o bloqueio for suspenso completamente e as passagens fronteiriças forem abertas", afirmou Taher al Nunu, porta-voz do movimento islamita, em comunicado no qual evitou criticar o Egito, de quem Gaza depende como porta para o mundo.

Mursi ordenou a abertura do terminal de Rafah à passagem de palestinos após chegar ao poder, mas as mercadorias legais que se dirigem à Faixa ainda devem passar por Israel.

"Não ficaremos de braços cruzados e, se Egito e Israel destruírem os túneis, cavaremos outros até que suspendam o bloqueio imposto a Gaza há mais de seis anos", disse Abu Hani, desafiando os riscos que representa trabalhar a dezenas de metros de profundidade com a ameaça de ser soterrado.

Um recente relatório do grupo de direitos humanos Al Mizan revela que 230 palestinos morreram nos túneis como consequência de acidentes, bombardeios israelenses ou, mais recentemente, as inundações efetuadas pelo Egito, apesar de ninguém em Gaza estar interessado em colocar fim a uma atividade da qual todos se beneficiam.

Além de oferecer trabalho na Faixa de Gaza, onde o desemprego atinge 50% da população, as passagens são a principal fonte tributária do governo do Hamas, que cobra uma percentagem do valor dos bens que passam por eles.

Fonte: noticias.terra.com.br
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir