Categoria Acidente  Noticia Atualizada em 01-03-2013

Obra de imóvel que desabou não foi feita com segurança, diz Defesa Civil
Segundo Defesa Civil, entretanto, reforma tinha autorização da Prefeitura. Parte do imóvel deverá ser demolida.
Obra de imóvel que desabou não foi feita com segurança, diz Defesa Civil
Foto: g1.globo.com

O coordenador da Defesa Civil de São Paulo, Jair Paca de Lima, afirmou nesta sexta-feira (1º) que a obra no imóvel que desabou matando uma pessoa na Liberdade, no Centro da capital, apresentava falhas. No local funcionava uma lanchonete, que seria transformada em um estacionamento, na Avenida Liberdade.

"Quando a Prefeitura autoriza a reforma, cabe ao proprietário executá-la com segurança. E não foi o que aconteceu aqui", disse Lima.

A Subrefeitura da Sé informou por telefone que a obra não tinha autorização para ser executada. Em nota, a subprefeitura comunicou que o responsável pela a obra entrou com processo de alvará de movimentação de terra em novembro de 2012. "Ainda em período de análise, transcorridos trinta dias após o pedido, o interessado deu início aos serviços, por conta e risco próprio, conforme como lhe assegura o Código de Obras", diz a subprefeitura em nota enviada ao G1. Mais cedo, Paca de Lima chegou a informar que a reforma tinha autorização. A Subprefeitura da Sé não soube informar até as 13h15 qual o prazo que a Prefeitura possui para emitir a autorização para reforma.

A subprefeitura também afirmou que uma vistoria feita em 18 de fevereiro indicou perigo de ruína da fachada do imóvel. No dia seguinte, a empresa protocolou uma comunicação de obra emergencial, que deveria ter sido feita.

No dia 15 de fevereiro, parte da marquise da obra caiu em cima de uma mulher. O caso foi registrado no 5º Distrito Policial, na Aclimação. Segundo a filha da vítima, a mãe passava pelo local quando uma pedra caiu na cabeça dela. "Não tinha proteção, não tinha nenhum aviso de perigo, aviso de construção", contou ao SPTV.

A secretária de licenciamento da Prefeitura, Paula Mota Lara, disse ao telejornal que não foi localizado nenhum pedido de reforma com mudança de uso do imóvel.

Escoramento
As causas técnicas serão analisadas pela polícia técnica, mas, para o coordenador da Defesa Civil, os trabalhos não seguiram normas de segurança. "As obras de escoramento das estrutura não foram suficientes e ainda não são suficientes. É preciso melhorar e muito para dar segurança aos próprios operários".

O coordenador da Defesa Civil informou que a frente do imóvel deverá ser demolida. Duas faixas da Avenida Liberdade permaneciam interditadas na manhã desta sexta - há rachaduras na via. Um trecho da Rua São Joaquim também foi bloqueado. A Defesa Civil estuda a possibilidade de restringir o tráfego de veículos pesados para evitar mais danos estruturais.

Segundo Lima, somente a Polícia Técnico-Científica poderá determinar as causas do desabamento. Ele adiantou que foi construído um cômodo por baixo da calçada do imóvel. Como não há tráfego de veículos pesados por cima da construção, Lima acredita que isso não tenha relação com o desabamento. Ele não soube informar se a situação do "puxadinho" era regular. Ainda segundo ele, o vazamento de água que havia no lcoal pode ter colaborado para o acidente.

A Defesa Civil irá autorizar os donos do imóvel a realizar obras emergenciais para que não haja mais prejuízos e riscos no local. Por volta das 10h40, funcionários da Subprefeitura da Sé realizavam uma vistoria em uma temakeria e em um estacionamento vizinhos.

Inquérito
Um inquérito foi aberto para apurar de quem é a responsabilidade pelo desabamento. O delegado José Sampaio Lopes Filho, do 1º Distrito Policial, na Liberdade, ouviu nesta tarde o operador de escavadeira que trabalhava na obra. Ele não quis falar com a imprensa. Um estudante que testemunhou o desabamento também prestará depoimento. A expectativa é que o dono da empresa e o engenheiro responsável pela obra também compareçam à delegacia. Os suspeitos devem ser indiciados por desmoronamento e homicídio culposo.

A polícia foi informada sobre o desabamento de parte da marquise em 15 de fevereiro. "Aparentemente, não foram observadas normas técnicas. Talvez não tenham observado a profundidade que tinham que escavar e não tinham escorado a parte da frente que poderia cair", disse Lopes Filho. O delegado observou ainda que faltava proteção da calçada para a realização dos trabalhos. "Como era um imóvel antigo a qualquer hora poderia cair", declarou.

Vítima
A vítima, o auxiliar de limpeza Marco Antonio dos Santos, de 50 anos, passava pelo local, na volta do trabalho, quando a fachada caiu. Ele foi localizado com auxílio de cães farejadores.

Santos trabalhava há menos de um ano na empresa Sênior Solution. Segundo a empresa, a vítima era solteira, sem filhos e morava numa pensão.

A Defesa Civil interditou duas faixas da Avenida da Liberdade em frente ao local do acidente, próximo à Rua Condessa de São Joaquim, no sentido da Avenida Brigadeiro Luís Antônio. A alternativa para o motorista era seguir pela Rua Tamandaré.

Técnicos do Instituto de Criminalística (IC) constataram preliminarmente que o solo da região é bastante fraco e havia vazamento de água. Os peritos voltarão o local nesta sexta-feira. O imóvel passava por uma obra para se tornar um estacionamento. Um pedreiro que trabalhava retirando entulho das obras deve prestar depoimento à polícia.

O Bom Dia São Paulo informou que há duas semanas uma mulher que passava em frente à obra ficou ferida com a queda de destroços. A filha da vítima afirma que não havia aviso de obras no local.

Testemunha
Segundo uma testemunha que passava pela Avenida Liberdade quando o imóvel desabou, o movimento de pedestres era intenso na calçada. O vendedor Romário Dantas Estrela, de 21 anos, afirma ter ouvido os gritos do homem no momento em que era soterrado pelos tijolos.

"Vi que um cara tropeçou no outro e não deu tempo. Escutei o barulho dele gritando", disse Estrela. O jovem contou que chegou à região por volta das 17h30 e que, no horário, o muro estava intacto. "Depois, estavam caindo os tijolos. Eu olhei e a parede tinha rachado, veio de uma vez", contou. "Tinham umas 30 pessoas no farol que escaparam e também um carro que passou na hora, mas escapou."

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir