Categoria Educação  Noticia Atualizada em 01-03-2013

Mãe caminha a pé cerca de uma hora para buscar os cinco filhos na escola
Sem transporte público, família caminha da zona rural até Campanha, MG. "O que eu posso deixar pra eles é o estudo", desabafa a mãe.
Mãe caminha a pé cerca de uma hora para buscar os cinco filhos na escola
Foto: g1.globo.com

Transporte escolar de graça é um direito dos estudantes de escolas públicas, mas dona Adelaine Manuelita de Carvalho precisa andar por mais de uma hora com os cinco filhos, todos os dias, para buscá-los na escola. A família mora na zona rural de Campanha (MG), e sem dinheiro para pagar transporte particular, o trajeto é feito a pé.

Aos 29 anos, dona Adelaine vive com os filhos e o marido em uma casa simples na roça. O sustento da casa vem do salário mínimo que o marido recebe, do bolsa-família, e de faxinas que Adelaine faz. Mas o dinheiro não é suficiente, e muitas vezes, faltam alimentos no armário da cozinha.

Mesmo com tantas dificuldades, ela não mede esforços para que as crianças se dediquem aos estudos. "O que eu posso deixar pra eles é o estudo, porque eu não tenho nada mais para deixar além do estudo", diz a mãe Adelaine.

Os três filhos mais velhos estudam de manhã, mas passam as tardes em Campanha em um programa mantido por uma entidade religiosa. No local, eles aprendem de tudo, têm aulas de informática, xadrez e vídeos educativos.

Na zona rural os ônibus só passam no período da manhã. Sem dinheiro para pagar vans ou ônibus particulares, ela precisa buscar os filhos todas as tardes. Para Adelaine, é uma longa caminhada para chegar à cidade e depois voltar pra casa. Durante a semana, ela sai de casa todos os dias por volta das15h, para chegar a tempo de buscar os filhos na escola. O trajeto até a cidade é por uma rodovia federal, movimentada e sem acostamento.

Depois de quase 40 minutos de caminhada, ela chega no Centro de Campanha. O único sapato que ela tem já está gasto por causa das longas caminhadas. Quando chove, a caminhada fica ainda mais difícil. "As crianças chegam molhadas, aí tem que tirar a roupa deles e colocar eles todos embaixo do chuveiro", conta a mãe.

Na volta, a família precisa disputar espaço com os veículos que passam em alta velocidade. "Eu tenho muito medo, porque os carros, e motos e caminhões, passam muito próximos da gente. E criança a gente não pode descuidar nem um pouco né, tenho medo de acontecer algum acidente", diz Adelaine. No percurso, a mãe e as crianças se revezam para levar as mochilas. Uma das filhas ainda ajuda a carregar uma das crianças. O cansaço toma conta, mas nenhum deles para pra descansar.

Quando a família chega em casa, o filho Miguel corre pro banho. Os outros trocam de roupa e aproveitam para comer. Todos estão com dores nas pernas e uma pomada, passada pela mãe, ajuda a amenizar a dor. "Ir a pé é muito ruim, porque eu chego em casa todos os dias com a perna doendo", desabafa a menina Larissa de Carvalho Silva, de 10 anos.

Os filhos, estudiosos, sabem da importância da educação e prometem recompensar o esforço da mãe. "Quando eu crescer, eu vou ser bailarina. E vou estudar bastante", conta Maria Clara de Carvalho Silva, de 5 anos. "Eu só estou pedindo o direito deles de ir e vir, pra que eles tenham segurança pra voltar, só mais isso", pede a mãe Adelaine, já com lágrimas nos olhos.

Em nota, a prefeitura municipal informou que oferece transporte diário para os alunos da cidade e da zona rural que estudam no período da manhã, na ida e na volta, mas para os alunos do ensino integral, que ficam o dia inteiro na escola, o transporte não é oferecido para os moradores da zona rural no período da tarde.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir