Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 04-03-2013

CENAS DE UM MUNDO CíO
“Você pode gritar, você pode latir. Pode aguardar na fila, não adianta insistir. Pague os impostos, vá brincar no quintal. Finja de morto, obedeça o sinal. Faça o favor de não falar, faça o favor de se humilhar”.
CENAS DE UM MUNDO CíO

Dia desses ouvi uma curiosa música do grupo Titãs, chamada "Mundo Cão". A frase anterior refere-se a uma parte da letra.

Ao ouvir estas palavras tive a idéia de procurar saber a quantas anda, afinal, a cachorrada pelo mundo afora – por este "mundo cão". Comecei por São Paulo, cidade na qual noticiou-se recentemente um surto de sequestro de cachorros. Os sequestradores aproveitavam qualquer momento de distração dos donos deles e os sequestravam para cobrar resgate. Para não ficarmos só no Brasil, o roubo de cachorros foi o crime que mais cresceu em Londres, na Inglaterra, nos anos de 2004 e 2005. Segundo a ONG DogLost, 150 cachorros são sequestrados por dia naquele civilizado país.

Mas a cachorrada não tem sido só sequestrada. Também tem sido baleada. No não tão distante ano de 2006, li em um jornal que "a insegurança nacional anda criando coisas inacreditáveis. Está à venda para cachorros um colete à prova de balas. Quer saber mais? Vendendo muito. Tem modelo que custa mais de R$ 1.000".

Diante desta violenta realidade, a cachorrada acabou entrando para o crime. Assim, no Rio de Janeiro, dois adolescentes resolveram usar um cachorro da raça Pit-Bull como arma! E foi desta maneira que, sob a ameaça de mordidas, três estudantes entregaram suas mochilas sem reagir. Já nos Estados Unidos um cachorro da raça Husky entrou em um supermercado, furtou um osso de US$ 2,79 e foi descoberto. Lutou com o dono do estabelecimento e conseguiu fugir com o produto do crime.

Talvez seja também por este motivo que no Irã um religioso, revoltado, foi aos jornais declarar que exigia "a prisão judiciária de todos os cães de pernas longas, médias ou curtas, junto com seus donos de pernas longas".

Mas isto seria injusto, pois há também aqueles cachorros que combatem o crime, muitas vezes com o sacrifício de suas próprias vidas. Por exemplo: na África do Sul, os cães que dão expediente na Polícia só estão saindo para as ruas vestidos com coletes à prova de balas e facadas. O uso desta vestimenta foi decidido após dois deles terem sido esfaqueados tentando parar um ladrão, e 21 outros terem sido feridos por tiros em incidentes diversos.

Na Colômbia a cadela Agata, que trabalha na Divisão de Tóxicos da Polícia, acabou ameaçada de morte por um traficante, inconformado com a descoberta e apreensão de vários carregamentos de cocaína. Foi assim que ofereceu-se um prêmio de US$ 10 mil pela cabeça dela. Em função destas ameaças, Agata vive protegida 24 horas por policiais, que monitoram inclusive sua comida para evitar envenenamentos.

Na Malaysia dois cachorros de nome Lucky e Flo ajudaram a Polícia a localizar um carregamento de 1 milhão de CDs piratas, que valiam uns bons US$ 2,85 milhões. O resultado: a quadrilha dona do carregamento colocou uma recompensa de quase US$ 50 mil na cabeça deles, que agora vivem protegidos por seguranças.

Há também os cachorros que fazem "segurança particular": no ano passado, na Nigéria, um país de 140 milhões de habitantes detentor de um dos maiores índices de criminalidade do mundo, um novo Chefe de Polícia anunciou que em apenas 90 dias seus agentes já haviam matado uns 800 criminosos, e aconselhou a população a comprar cachorros ferozes para se defender dos que estavam sobrevivendo.

Finalmente, acredite se quiser, a cachorrada já está sendo vítima até mesmo de falsificações! Foi assim que no Japão milhares de pessoas compraram pela Internet lindos cachorrinhos da raça Poodle. Eis que uma das compradoras, uma famosa atriz japonesa, falou em um programa de televisão que estranhava o fato de seu cachorrinho não latir nem comer ração. Alguém, então, descobriu o motivo: o cachorrinho era, na verdade, uma ovelhinha! Até onde acompanhei o caso, 2 mil pessoas já tinham se apresentado à Polícia com cachorrinhos que faziam "bééé".

Diante destas cenas de um mundo cão, nunca tão oportunas as palavras de Descartes, segundo quem "a razão e o juízo são as únicas coisas que nos fazem homens e nos distinguem dos animais".

Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Pedro Valls Feu Rosa    |      Imprimir