Categoria Geral  Noticia Atualizada em 07-03-2013

"Ela ainda tem pesadelos", diz mãe de sobrevivente do Maníaco da Cruz
Jovem, então com 17 anos, foi "liberada" pelo maníaco, em 2008, em MS. Após fuga do rapaz que matou três pessoas, mãe da jovem está apreensiva.

Foto: g1.globo.com

Cinco anos após escapar de ser uma das vítimas do Maníaco da Cruz, a jovem, hoje com 22 anos, mudou de comportamento. Segundo a mãe dela, que pediu para não ser identificada, a filha sente-se insegura e observada o tempo todo e deixou de frequentar shows. Desde o dia 3 de março, data da fuga do rapaz da Unidade Educacional de Internação (Unei) em Ponta Porã, a 346 km de Campo Grande, o medo foi renovado. "Ela nunca esqueceu. Tem pesadelos até hoje, não gosta de tocar no assunto, ficou aquele trauma de um susto muito grande", disse a mãe da garota.

Os 16 anos, o rapaz matou três pessoas na cidade de Rio Brilhante, a 160 km de Campo Grande. Segundo informações da Polícia Civil, investigações apontaram que as vítimas eram obrigadas a responder a uma série de perguntas sobre comportamento sexual. O jovem então assassinava aquelas que ele julgava impuras. Após o crime, os corpos eram colocados em sinal de crucificação.

A família, que à época morava em Rio Brilhante, prefere não revelar onde reside atualmente por questões de segurança. A jovem não quis falar com a reportagem do G1, mas a mãe contou o que se passou no dia em que a filha foi rendida pelo Maníaco da Cruz. O relato também consta em depoimento prestado à Polícia Civil, depois que o rapaz foi apreendido.

Trauma
Foi na saída de um show que a vítima foi abordada pelo rapaz, então com 16 anos, no dia 26 de setembro de 2008. A mãe da jovem descreve que o rapaz abordou a filha e logo disse para que ela não gritasse ou corresse, caso contrário, a mataria.

Em seguida, caminhando até uma construção abandonada, distante do centro de Rio Brilhante, o rapaz fez uma série de perguntas, semelhantes às feitas para outras duas vítimas que já havia matado. Questões sobre religião, família e sexualidade. "Ela não mostrou medo, respondeu todas as perguntas e devolveu questionamentos. Ela nunca imaginava quem era ele, nem desconfiou por ser um menino novo", relata ao G1.

Depois de horas de questionamentos, a jovem foi liberada. Antes, o Maníaco da Cruz disse que poderia se arrepender disso e fez uma ameaça, dizendo que ela não deveria contar o que aconteceu a ninguém, pois ele voltaria para matá-la e também a família. "A ameaça não sai até hoje da cabeça. Ela só fica em paz quando está com a família".

Nos momentos que esteve com a jovem, o maníaco não tentou qualquer abuso sexual ou violência física, diz a mãe. Fez inúmeras perguntas e, dias depois, conferiu as informações para saber se a garota mentia, como ligar na empresa em que ela informou que trabalhava. "Ele pode ter gostado da atenção que ela deu, mas foi a mão de Deus que a salvou. Foi um milagre. Ela nasceu de novo porque ninguém sobreviveu nas mãos dele".

Fuga
As circunstâncias da fuga do Maníaco da Cruz serão apuradas em procedimento administrativo interno, segundo o superintendente de Assistência Socioeducativa, Hilton Villasanti.

Na segunda-feira (4), Villasanti disse que o rapaz já havia cumprido mais que os três anos de medida socioeducativa e já havia completado 21 anos, situações que excluem a possibilidade de permanência em uma Unei. Villasanti também afirmou que o rapaz nunca tentou fugir antes e o comportamento era normal. Durante o período de internação, ele respondeu ao tratamento psquiátrico.

Para o desembargador Júlio Roberto Siqueira, relator do processo que determinou a internação do jovem, não existe fato criminal que possa fazer o rapaz voltar Unei. De acordo com Siqueira, caso ele seja encontrado, deve ser encaminhado para uma clínica psiquiátrica, conforme a determinação judicial dada no dia 1º de março do ano passado.

A fuga, segundo Siqueira, não o caracteriza como procurado. "Talvez possa ser enquadrado por dano ao patrimônio, caso tenha serrado uma cela ou destruído a janela", explicou. "Essa situação é um problema do Estado, pois a a determinação judicial [internação] foi no ano passado".

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir