Categoria Geral  Noticia Atualizada em 12-04-2013

Astronauta Marcos Pontes pode voltar ao espaço em 2015
Natural de Bauru, SP, ele vive expectativa de convocação para missão. Competição científica levará uma equipe de estudantes para a NASA.
Astronauta Marcos Pontes pode voltar ao espaço em 2015
Foto: g1.globo.com

O astronauta brasileiro Marcos Pontes, disse nesta sexta-feira (12), na abertura da primeira etapa nacional das Olímpiadas Astropontes na unidade do Sesi, em Bauru (SP), que vive a expectativa de ser convocado para uma missão espacial em 2015.

"Eu trabalho na NASA e fico lá à disposição do Brasil e, também, para outras missões. E existe à expectativa de que em 2015 eu participe de outra missão espacial levando a bandeira do Brasil. Não tem nada certo ainda, mas a convergência é para isso. Então, fico nessa expectativa e, enquanto isso, no Brasil e fora do país, trabalho com a ONU e com outros projetos pensando sempre em ajudar a formar essa garotada", afirmou em entrevista ao G1.

Apesar de não revelar em qual missão poderá retornar ao espaço pela segunda vez, ele disse que sonha em poder ficar mais tempo no espaço. "Gostaria um dia, quem sabe, de permanecer por uns seis meses na estação espacial. Quem sabe também em uma missão para a Lua".

A única vez em que o astronauta brasileiro viajou para o espaço foi em 2006. Ele partiu da Estação Espacial Internacional a bordo da nave russa Soyuz TMA-8 e levou oito experimentos científicos brasileiros para execução em ambiente de microgravidade. Agora, sete anos depois da experiência fascinante, que durou dez dias, Marcos Pontes está na expectativa de ver o planeta Terra da estação espacial.

Olimpíadas de ciências
De acordo com o astronauta, a competição, que é realizada pela Fundação Marcos Pontes, busca promover melhorias no ensino fundamental e médio, além do desenvolvimento sustentável. A iniciativa tem por objetivo despertar nos jovens o interesse pela ciência e tecnologia. O projeto científico inclui competições de foguete, robótica e outras atividades culturais. "É aproximar as crianças de uma coisa prática, divertida. É um desafio a ser vencido e faz pensar que aquilo vai facilitar dentro da sala de aula".

Ao todo serão 20 fases classificatórias por todo o país. A equipe vencedora vai conhecer um acampamento de treinamento na NASA, a agência espacial dos Estados Unidos. Centenas de jovens estudantes de várias escolas de Bauru e da região compareceram na cerimônia de abertura. Durante a execução do hino nacional, Marcos Pontes revelou a emoção que sentiu enquanto hasteava a bandeira do Brasil na mesma escola que frequentou há décadas.

"Vou te contar uma história. Quando estudava no Sesi 358 a gente chegava todo dia às oito horas da manhã. Era hasteada a bandeira e cantávamos o hino nacional. Eu vi as crianças cantando o hino e lembrei mais ou menos aquele passado. E isso renova a esperança no futuro. É exatamente isso, poder trazer para as crianças essa questão de nacionalismo, de Brasil. Para mim é muito importante. Bauru pra mim é muito significativo. É a cidade que eu amo tanto e falo para todo mundo dela. E no Sesi 358 eu estudei também. Então, estar em Bauru e começar a Olímpiada na escola que estudei é muito significativo", afirmou.

Para o diretor do Sesi, Clóvis Cavenaghi, a visita de Marcos Pontes ficará na memória das crianças. "É um orgulho muito grande de receber o astronauta brasileiro, uma personalidade do mundo. Mas muito mais que isso, receber um aluno do Sesi, que hoje trás muito orgulho com as façanhas dele, como oficial da Aeronáutica, como embaixador da ONU. Ou seja, uma pessoa voltada para uma tecnologia social, de uma tecnologia de construção de um mundo melhor. As pessoas, elas sonham, e quando vão atrás de seus sonhos, com certeza, elas vão chegar lá. E quando elas têm uma referência como Marcos Pontes, uma pessoa que já esteve no lugar deles e transmite uma mensagem positiva, é importantíssima na vida dessas crianças. Hoje para elas é um dia para ficar na memória e na história de cada uma delas".

E atrás da chance de avançar nas olímpiadas, a equipe Spartanos, do Sesi de Lençóis Paulista, foi uma das que apresentaram o projeto para os jurados, entre eles, claro, Marcos Pontes. Com foguetes feitos à base de garrafas pet, papelão e fita adesiva, os alunos usaram o aprendizado das aulas de física e ciências para explicar na prática, o funcionamento do projeto. "Sempre gostei de engenharia. Agora, tive essa oportunidade de participar. É um orgulho poder se inspirar no Marcos Pontes. Estou muito feliz", contou João Vitor Hernandes, de 14 anos, integrante da equipe e aluno do primeiro ano do ensino médio.

O justamente o interesse dos jovens pela área trás uma ponta de esperança para o astronauta bauruense. "Infelizmente, a infraestrutura nas escolas públicas na maioria das cidades não é adequada. Mas não é só a infraestrutura que faz a educação. É necessária a formação dos professores, o respeito com o professor, o reconhecimento da importância do professor. É uma mudança cultural também que precisa ser implementada e, as maneiras como a gente consegue implementar são através das crianças e de políticos responsáveis para colocar a parte de educação como prioridade acima de qualquer área. Porque através da educação você consegue a solução para todos os outros problemas. Ainda falta bastante coisa a ser feita, mas nunca será feita se a gente não der o primeiro passo".

As próximas etapas serão no dia 19 de abril em Campos das Goytacazes (RJ) e, no dia 15 de junho, em Londrina (PR). A grande final das olímpiadas será em novembro, na capital paulista, onde estarão 20 equipes selecionadas ao longo as etapas. Além da equipe vencedora, que viajará para os Estados Unidos, outras seis ganharão uma viagem de avião para São Paulo, onde participarão de uma feira de aviação.

Brasil sem apoio
A Fundação Marcos Pontes tem diversos projetos em andamento, todos com foco em promover educação, ciência e tecnologia. Entre eles, a "Exposição Crianças no Espaço", que já percorreu diversas cidades no Brasil, o "Cidadãos do Futuro", que doa livros para alunos e forma professores através do patrocínio de empresas, o "Ciência, tecnologia e suas carreiras", que motiva jovens para as carreiras da área, e o "Ecoestado", que transformará o estado de Roraima no primeiro ecoestado do planeta Terra, beneficiando diretamente a qualidade de vida de mais de meio milhão de pessoas.

Mesmo com os esforços na área, Marcos Pontes afirmou que o Brasil ainda "engatinha" para se tornar um polo na área espacial. "O Brasil tem um caminho longo pela frente. O país tem um programa espacial em várias áreas, como satélites, lançadores, mas ainda carece muito na formação de recursos humanos e na divulgação científica. Temos um longo caminho, mas quando eu digo isso é na questão de desenvolvimento de projetos. A agência espacial ela tem mudado a política atualmente. Eu participei desse novo programa de atividades espaciais dos próximos anos, onde se muda a ideia de utilização da agência espacial, de um provedor de sistemas, de se pensar e de entregar esses sistemas para os ministérios. É uma mudança de paradigma. A gente funciona mais agora como um escritório de projetos e assim que tem operados as agências mais modernas, como NASA, como agência da Índia, que é um modelo. Ou seja, o Brasil está no caminho, mas precisa mais apoio político e público para o programa espacial e para a área de ciência como um todo", explicou.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir