Categoria Geral  Noticia Atualizada em 03-06-2013

Brasileiro chega ao Congo para liderar "tropa de elite"
Ex-comandante no Haiti, general ter� brigada sem precedentes na hist�ria das miss�es de paz para confrontar rebeldes.
Brasileiro chega ao Congo para liderar
Foto: www.midianews.com.br

O general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz chega � Rep�blica Democr�tica do Congo nesta semana para comandar a primeira brigada militar com caracter�sticas de "for�a de ataque" a atuar em uma miss�o de paz da ONU.

Santos Cruz foi escolhido para o posto devido � sua atua��o � frente da miss�o de paz do Haiti entre 2007 e 2009 - per�odo em que os capacetes azuis das Na��es Unidas terminaram o processo de pacifica��o da capital Porto Pr�ncipe.

Sua miss�o dessa vez envolve um potencial confronto direto com grupos rebeldes que se estabeleceram no leste do Congo - entre eles o LRA (sigla do Ex�rcito de Resist�ncia do Senhor, do l�der guerrilheiro Joseph Kony), o M23 (Movimento 23 de Mar�o) e o FDLR (sigla de For�as Democr�ticas para a Liberta��o de Ruanda).

O brasileiro ser� o comandante geral de uma for�a de quase 20 mil capacetes azuis estabelecida em 2010. Seu principal desafio ser� lidar com a �rea leste do pa�s, ainda n�o pacificada.

Ele ter� � sua disposi��o uma unidade especial de 3.000 homens, que vem sendo formada desde o m�s passado. Quando estiver completa, a Brigada de Interven��o ser� formada por batalh�es de artilharia, infantaria e de for�as especiais, al�m de uma companhia de reconhecimento e helic�pteros de ataque.

Unidades de artilharia e de for�as especiais j� foram usadas dentro de contextos espec�ficos de opera��es anteriores da ONU - especialmente no Sud�o (artilharia) e no pr�prio Congo (for�as especiais).

Por�m, em mais de 60 anos de miss�es de paz, "esta � a primeira vez que as Na��es Unidas estabelecem uma brigada espec�fica, dentro do contexto de uma miss�o de paz maior, para usar a for�a", segundo disse � BBC Brasil Andre Michel Essoungou, um dos porta-vozes do Departamento de Miss�es de Paz da ONU.

"A brigada poder� fazer a��es ofensivas tendo como alvo grupos armados espec�ficos que est�o arruinando o processo de paz no pa�s", afirmou.

Miss�es de paz
As opera��es de paz da ONU nasceram inicialmente com o objetivo gen�rico de monitorar acordos j� estabelecidos de cessar-fogo. Mas, em muitas regi�es - como na �frica e no Haiti, por exemplo - as tropas da ONU se depararam com situa��es de conflitos.

Devido � mudan�as na natureza desses conflitos - que em muitos casos deixaram de ter "linhas de frente" e assumiram caracter�sticas da guerra de guerrilha -, as opera��es come�aram a passar por uma tend�ncia de endurecimento. A mudan�a tamb�m foi em parte motivada, segundo analistas, pela tentativa frustrada de um grupo de capacetes azuis de impedir o genoc�dio de Ruanda em 1994.

Novas ferramentas passaram a ser utilizadas, tais como implementa��o de embargos e o envio de for�as militares cada vez mais robustas para pa�ses em crise.

At� agora, a Monusco (a miss�o de paz da ONU no Congo) aparenta representar o �pice dessa tend�ncia. Ela foi estabelecida com um embasamento jur�dico que permite a seu comandante n�o apenas defender os funcion�rios da ONU e a popula��o ou revidar agress�es, mas tamb�m adotar iniciativas ofensivas contra grupos rebeldes contr�rios ao governo.

O texto da resolu��o do Conselho de Seguran�a que criou a Brigada de Interven��o chega a dizer que a unidade funcionar� "em car�ter excepcional, sem criar precedente ou preconceito contra os princ�pios estabelecidos de miss�es de paz".

Acordo
A cria��o da Brigada de Interven��o � apenas a face militar de um esfor�o geral das Na��es Unidas para reestabelecer a paz no leste da Rep�blica Democr�tica do Congo, especialmente nas �reas conhecidas como Kivus.

Apesar da presen�a da Monusco no pa�s desde 2010, a regi�o continua praticamente sem a presen�a do Estado e � palco de ondas de viol�ncia, crises humanit�rias cr�nicas e s�rios abusos de direitos humanos - principalmente estupros e viol�ncia de g�nero, que s�o usados como arma de combate, segundo a ONU.

Em fevereiro, onze na��es africanas assinaram um tratado para colaborar com o fim dos confrontos no pa�s. A a��o diplom�tica vem sendo tratada pela ONU como uma esperan�a para a regi�o dos Grandes Lagos. Isso porque a organiza��o diz suspeitar que o conflito seria influenciado e financiado em parte por na��es vizinhas.

O caso mais cl�ssico � a suspeita da ONU de que os governos de Uganda e Ruanda tenham apoiado o M23, um dos mais fortes grupos rebeldes da regi�o - que chegou a invadir Goma, a principal cidade do leste, no ano passado. As duas na��es negaram as acusa��es e s�o signat�rias do tratado.

No fim de maio, o pr�prio secret�rio-geral da ONU, Ban Ki-moon visitou a cidade e classificou o tratado como o "Quadro da Esperan�a". Segundo ele, al�m das a��es diplom�tica e militar, o Banco Mundial deve destinar cerca de US$ 1 bilh�o (R$ 2 bilh�es) para a cria��o de redes de prote��o social, desenvolvimento do com�rcio regional e investimentos em fontes de energia e infraestrutura.

"Esse acordo d� � popula��o do leste da Rep�blica Democr�tica do Congo sua melhor chance em muitos anos de ter acesso � paz, aos direitos humanos e ao desenvolvimento econ�mico", disse Ki-moon no fim de maio.
Prepara��o

O Brasil n�o deve enviar tropas para a Brigada de Interven��o, que ser� formada principalmente por militares de na��es africanas, tais como �frica do Sul, Tanz�nia, Malaui.

Apesar da unidade ter sido estabelecida em mar�o, at� agora apenas uma parcela de seus componentes chegou a Goma, onde sua sede ser� estabelecida. Ela ser� diretamente chefiada por um oficial subordinado ao comando de Santos Cruz.

O general brasileiro estava na reserva do Ex�rcito quando foi convidado em abril para assumir o cargo. Ele foi reincorporado � for�a e enviado � sede da ONU em Nova York para passar por um treinamento - que foi conclu�do na �ltima sexta-feira. Santos Cruz chegaria a Kinshasa na noite do �ltimo domingo.

O convite foi celebrado no governo brasileiro como um reconhecimento da ONU ao papel exercido pelo pa�s na miss�o de paz do Haiti. Em seu esfor�o para ampliar seu prest�gio internacional e obter uma vaga no Conselho de Seguran�a, o Brasil mant�m tropas em opera��es no Haiti e no L�bano.

Contudo, apenas uma pequena equipe de oficiais deve ser enviada ao Congo com o general.
Uma de suas primeiras tarefas no terreno ser� coordenar a forma��o da Brigada de Interven��o e insistir com os pa�ses participantes que os contingentes militares sejam enviados o mais r�pido poss�vel.

Segundo analistas, ele deve enfrentar resist�ncia dos grupos rebeldes. Porta-vozes do grupo M23 j� disseram � imprensa internacional que responder�o com "for�a total" a um eventual ataque da ONU.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir