Categoria Geral  Noticia Atualizada em 17-06-2013

Primeiro grande levante na extinta Alemanha Oriental faz 60 anos
Um milh�o de pessoas participaram do levante popular na ent�o Alemanha comunista pela liberdade, democracia e a unidade dos Estados alem�es. O protesto foi reprimido violentamente pela pol�cia e por tanques sovi�ticos.
Primeiro grande levante na extinta Alemanha Oriental faz 60 anos
Foto: noticias.terra.com.br

No dia 17 de junho de 1953, quatro anos ap�s sua cria��o, a Rep�blica Democr�tica Alem� estava � beira do colapso. O florescimento econ�mico da Alemanha Ocidental e a insatisfa��o com os rumos pol�ticos na Alemanha Oriental levaram muitos a voltarem as costas � Rep�blica Democr�tica Alem� (RDA), de regime comunista.

A coletiviza��o da agricultura, o desenvolvimento acelerado da ind�stria pesada e o pagamento de repara��es de guerra debilitaram o desempenho econ�mico alem�o-oriental. A pol�tica do Partido Socialista Unit�rio (SED) e seu socialismo planejado levaram a RDA a uma profunda crise em fins de 1952. Neste ano, 180 mil pessoas haviam deixado o pa�s. No primeiro semestre de 1953, foram 226 mil.

Oito anos ap�s o fim da Segunda Guerra, a RDA n�o conseguia garantir alimentos b�sicos � popula��o. No in�cio de 1953, centenas de produtores rurais tiveram suas terras desapropriadas, assim como hot�is e pousadas. Em abril de 1953, v�rios alimentos tiveram seus pre�os aumentados. O apogeu aconteceu em maio de 1953, com a imposi��o ao trabalhador de produzir 10% a mais na mesma carga hor�ria, sem aumento salarial.

Governo faz concess�es, mas n�o aumenta sal�rios
Para atrair de volta os agricultores, comerciantes e trabalhadores que haviam emigrado para a Alemanha Ocidental, o governo socialista acenou com a possibilidade de devolu��o das propriedades.

A Justi�a, cujas senten�as arbitr�rias haviam levado � duplica��o da popula��o carcer�ria no per�odo de um ano, seria encarregada de revisar suas decis�es. At� mesmo com a Igreja os respons�veis pelo governo pretendiam entrar em acordo. S� o aumento salarial continuou tabu, o que foi interpretado como provoca��o pelos trabalhadores.

A grande onda de protestos deslanchou quando milhares de trabalhadores da constru��o civil se rebelaram contra redu��es de fato no sal�rio, com uma longa passeata pelas ruas de Berlim Oriental no dia 16 de junho.

Diante da sede do governo, mais de dez mil pessoas reivindicavam o fim do acirramento das normas de trabalho, convocando para o dia seguinte uma greve e uma assembleia-geral dos trabalhadores. Nessa tarde, a manifesta��o ainda se dispersou pacificamente.

Mas no dia seguinte, mais de um milh�o de pessoas participaram de manifesta��es e greves em 700 cidades da RDA. Ao lado de passeatas pac�ficas, ocorreram ataques a escrit�rios do partido e a casas de deten��o para libertar prisioneiros.

A rebeli�o por melhores sal�rios transformou-se rapidamente num levante pela liberdade, democracia e a unidade da Alemanha. Em faixas, os trabalhadores reivindicavam, al�m de melhores condi��es de vida, a ren�ncia do governo da RDA, elei��es livres e a reunifica��o do pa�s.

Repress�o violenta
Em Berlim Oriental, o centro das turbul�ncias, a situa��o se intensificou. Os governantes da RDA solicitaram aux�lio aos soldados sovi�ticos estacionados no pa�s. Durante muito tempo, n�o se soube ao certo qual tinha sido o papel do governo na repress�o da revolta. As imagens da luta desigual correram o mundo: manifestantes armados s� com pedras tentaram deter os tanques sovi�ticos que avan�avam pelas ruas de Berlim.

Documentos que se tornaram acess�veis mais tarde esclarecem que Otto Grotewohl (primeiro-ministro da RDA) e Walter Ulbricht (secret�rio-geral do SED) pediram expressamente aos sovi�ticos, na madrugada do 17 de junho, o envio de tropas � capital.

Estado de exce��o, tanques e soldados
No come�o da tarde de 17 de junho, a tropa russa entrou em a��o com centenas de tanques que ocupavam lugares estrat�gicos. A fronteira para Berlim Ocidental foi fechada. A partir das 13h foi declarado o estado de exce��o.

Soldados podiam atirar para matar e os soldados aliados, na outra Berlim, n�o se intrometeram, com receio de iniciarem uma terceira guerra mundial. Em alguns pontos da cidade, chegaram a atirar contra os trabalhadores, fazendo a multid�o correr em p�nico. Nesta tarde morreram 14 pessoas, conta Klaus Gronau, que na �poca tinha 16 anos. "N�o precisamos de um Ex�rcito popular, precisamos de manteiga � era o que grit�vamos", relata.

Em repres�lia por ter participado dos protestos, ele foi transferido para o almoxarifado no local onde fazia o curso profissionalizante, para n�o poder falar com os clientes. Em 1957, quatro anos antes da constru��o do Muro, Klaus e sua fam�lia conseguiram fugir para Berlim Ocidental.

Nos dias que se seguiram, cerca de dez mil manifestantes e membros do comit� de greve foram presos. Em julgamento sum�rio, em 18 de junho de 1953 o oper�rio Willy G�tting foi condenado � morte por participa��o na revolta e imediatamente executado. Ao todo, foram detidas 7663 pessoas, das quais 1526 foram condenadas � pris�o.

Alguns dias mais tarde, o Comit� Central do SED admitiu erros e decidiu cancelar o aumento de pre�os de alimentos e da carga de trabalho, aumentar as aposentadorias m�nimas, bem como disponibilizar mais bens de consumo.

Fonte: noticias.terra.com.br
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir