Categoria Geral  Noticia Atualizada em 19-06-2013

Mais de 60 pessoas são detidas em SP durante 6º protesto contra tarifas
Seis agências bancárias e 18 lojas foram depredadas no Centro. Para secretário de segurança, Polícia Militar agiu no momento certo.
Mais de 60 pessoas são detidas em SP durante 6º protesto contra tarifas

A polícia deteve 63 pessoas durante o sexto protesto contra o aumento das tarifas do transporte público, ocorrido nesta terça-feira (18) no Centro de São Paulo, informou o secretário da Segurança Pública, Fernado Grella, em entrevista do Bom Dia São Paulo nesta quarta-feira (19). Manifestantes tentaram invadir o prédio da Prefeitura e houve furtos e depredações em 18 lojas e seis agências bancárias. A manifestação aconteceu pacificamente na Avenida Paulista, na Marginal Pinheiros e em outros pontos da cidade.

No 8º Distrito Policial, no Belém, 34 pessoas permaneciam detidas na manhã desta quarta-feira (19), entre elas seis menores. O delegado Benedito Anselmo afirmou que parte dos detidos deve responder por furto qualificado, arrombamento e atos de vandalismo. Como a pena para esses crimes soma mais de quatro anos, a autoridade policial não pode estabelecer fiança. Por isso, após serem ouvidos, os adultos devem ser encaminhados para um Centro de Detenção Provisória (CDP).

Entre os detidos, estão suspeitos de aproveitarem a manifestação para atacar lojas e cometer atos de vandalismo. Detidos também foram encaminhados para delegacias no Bom Retiro, no Centro, e nos Jardins.

Para Fernando Grella, a polícia agiu na hora certa para impedir as depredações e os saques. "A polícia agiu no momento certo. A polícia deve garantir o direito de manifestação, a ordem e a integridade das pessoas", avaliou.

Grella falou aos organizadores das manifestações. "Queria lembrar aos líderes desse movimento, com os quais me reuni na segunda-feira, que liderança pressupõe responsabilidade", disse. Ele quer que manifestantes venham a público para condenar os atos de vandalismo, mas descartou que eles sejam punidos pelas depredações ocorridas na noite de terça-feira.

O secretário afirmou, no entanto, que a secretaria irá atuar para garantir a livre manifestação, mas também irá reprimir a ação de vândalos. O secretário pediu à Polícia Civil urgência na identificação das pessoas que participaram das depredações no Centro. As imagens foram encaminhadas para o Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic).

Limpeza
O prédio da Prefeitura foi reaberto por volta das 6h desta quarta. Os funcionários começaram os trabalhos de limpeza logo cedo. Os muros amanheceram pichados e as portas danificadas por pedras e golpes dados pelos manifestantes com grades que cercavam o imóvel. O levantamento do prejuízos provocados pelos vândalos ainda não foram contabilizados.

Oitenta ônibus da Viação Cidade Dutra foram depredados na noite desta terça-feira. A empresa informou que vai manter a frota circulando porque os ônibus foram consertados durante a madrugada. A empresa tem 514 ônibus que percorrem 19 linhas ligando os bairros do Grajaú e Parelheiros, na Zona Sul, ao Centro da capital. Numa delas, uma passageira se machucou quando foi atingida por uma pedra atirada por um manifestante.

Theatro depredado
O Theatro Municipal de São Paulo, que em 2011 foi reaberto após reforma que durou quase três anos e consumiu R$ 28,3 milhões, também foi palco de protestos. O prédio foi pichado por manifestantes e as portas foram fechadas após denúncias de tentativas de invasão.

A Prefeitura informou que cerca de 300 pessoas estavam dentro da sala de espetáculo para assistir a uma ópera. Funcionários do Theatro optaram por não interromper a apresentação, mas a saída só foi permitida quando houve a confirmação de segurança nas redondezas.

Na Rua Augusta, que cruza a Avenida Paulista, diversos estabelecimentos foram depredados e manifestantes atearam fogo em sacos de lixo. Na esquina com a Rua Antônio Carlos, o bar e restaurante Athenas foi fechado devido ao protesto.

Quem estava na rua foi acolhido para o interior do estabelecimento, segundo contou ao G1 o gerente Vandeci Bezerra, que chegou a distribuir panos com vinagre por causa das bombas de gás que foram lançadas no exterior do bar por policiais da Força Tática que buscam liberar a via e impedir vandalismo. "Graças a Deus não houve depredação na nossa casa", afirmou.

Ocupação pacífica na Paulista
Assim como ocorreu na noite anterior, a Avenida Paulista foi transformada em palco de manifestação pacífica. Os milhares que se reuniram ali ocuparam boa parte da via, sem incidentes. Até mesmo a notícia de que a Comissão de Direitos Humanos aprovou o projeto de lei que autoriza a chamada "cura gay" foi mote para diversos cartazes vistos na avenida.
"A manifestação foi ordeira e até bonita de se ver até a meia-noite. Depois sobrou um grupo de desordeiros e tivemos que intervir", disse o major da PM Marcos Antonio Felix. A PM e os bombeiros evitaram que um grupo colocasse fogo em um painel na Praça do Ciclista.

Reunião com conselho
A passeata desta terça ocorreu no dia em que Haddad admitiu pela primeira vez a possibilidade de rever o valor da tarifa dos ônibus. O prefeito esteve reunido pela manhã com integrantes do movimento que organiza as manifestações e membros do Conselho da Cidade.

No encontro, Haddad se comprometeu a fazer uma nova reunião para debater o assunto, mas citou dificuldades para a revogação do reajuste. "Se as pessoas me ajudarem a tomar uma decisão nessa direção [redução da tarifa], eu vou me subordinar à vontade das pessoas porque eu sou prefeito da cidade, para fazer o que a cidade quer que eu faça", afirmou.
Ao longo desta terça-feira, o governador Geraldo Alckmin não teve agenda pública.

Vandalismo e feridos na Prefeitura
A administração municipal informou que dois guardas civis metropolitanos foram feridos na ação, ao tentar impedir a entrada. Um deles foi atendido no posto médico da Prefeitura e levou nove pontos na cabeça. O outro teve uma contusão no rosto.

Por meio de nota, a Prefeitura relatou que houve tentativa de invasão pelo saguão do terceiro andar, no Viaduto do Chá, e vidros foram quebrados durante os protestos. Também foi registrada uma tentativa de invasão pelo segundo andar do prédio, na Rua Doutor Falcão. Um levantamento dos danos materiais será feito na quarta-feira (19).

Cerca de 100 homens da Guarda Civil Metropolitana faziam a segurança dentro do prédio da Prefeitura, sob comando do secretário de Segurança Urbana, Roberto Porto. A equipe de comunicação permanecia de plantão no início da madrugada, assim como parte do secretariado e funcionários do gabinete do prefeito.Também estavam dentro do edifício alguns repórteres e fotógrafos de veículos de comunicação. No edifício, vidros foram quebrados e paredes foram pichadas.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir