Categoria Geral  Noticia Atualizada em 20-06-2013

Manifestações alteram rotina na Avenida Paulista
Estabelecimentos fecham mais cedo e registram prejuízos. Escritórios encerram atividade por volta de 16h e antecipam horário de pico.
Manifestações alteram rotina na Avenida Paulista
Foto: g1.globo.com

As manifestações que têm tomado conta da Avenida Paulista nos últimos dias estão mudando a rotina da região. Comerciantes acabaram tendo que se adaptar aos protestos. Enquanto alguns esperam para decidir no dia se fecham mais cedo, dependendo da quantidade de pessoas que participam dos protestos e do trajeto, outros já passaram a fechar mais cedo. Bancas de jornais que funcionam até as 23h, por exemplo, passaram a fechar às 19h. E o prejuízo contabilizado chega a 40%. Escritórios da região passaram a dispensar os funcionários mais cedo, por volta de 16h. Por isso, o horário de maior movimento do metrô passou a ser das 16h às 18h, em vez das 17h às 19h. E o trânsito também passou a ficar mais pesado a partir das 16h30.
A manifestação desta quinta-feira (20), programada para começar às 17h na Praça do Ciclista, também fez a Faculdade Cásper Libero optar pelo encerramento das aulas às 16h, e os alunos do período noturno estão dispensados de todas as atividades.

Uma banca quase na esquina do Masp, que fica aberta normalmente até as 23h, há uma semana tem fechado entre 19h e 20h. A banca foi pichada na terça-feira (18). De acordo com o vendedor Anderson Alex, de 32 anos, serão gastos R$ 5 mil para lixar e pintar a instalação. Além desse prejuízo, o vendedor contabiliza queda nas vendas de 40%. "Costuma vender mais à noite, depois das 18h, mas como estamos fechando mais cedo e, além disso, os fregueses estão saindo mais cedo do trabalho por causa das manifestações, o momento caiu muito", explica. Ele reclama da queda nas vendas porque ganha por comissão. "As pessoas não vêm pra cá, nem adianta ficar aberto", lamenta.
Ele é a favor das manifestações, desde que não haja vandalismo. "Quando eu estou em casa vendo tudo pela TV fico com medo porque vejo arrombamentos, gente colocando fogo nas coisas, mas a manifestação de hoje acho que será pacífica", comenta. Ele ainda não sabe que horas a banca será fechada hoje, mas não descarta que seja às 17h. "Não sabemos se vai descer a Rua Augusta ou se vai vir pra cá", diz.

Outra banca ao lado do Masp também registra prejuízos não só nas vendas, mas nos danos causados na estrutura do local. Como houve tentativa de arrombamento, a porta e o vidro do mostruário foram danificados. O dono da banca, Jorge Menezes, de 48 anos, gastou R$ 250 no conserto. Já as vendas caíram 10% até o momento. Ele adiantou em uma hora o fechamento, para as 18h, nos últimos dias. "As empresas estão liberando os funcionários mais cedo, então como quem mais compra é quem trabalha por aqui, a queda foi inevitável", diz. Ele é favor das manifestações e conta que sua filha de 25 anos, que estuda na PUC, participa de todas. "É pacífico, o problema é quando os vândalos se aproveitam", diz.
O estacionamento ao lado do Fórum Ministro Pedro Lessa, na esquina da Rua Peixoto Gomide, teve queda de 40% no movimento. De acordo com o manobrista Manoel Santana, de 44 anos, à tarde o movimento fica muito fraco, e a partir das 14h é só carro saindo do local, não entrando. "Quando começa a manifestação a gente fecha", diz.

Outra razão para a queda é que o Fórum Pedro Lessa e o Tribunal Regional Federal estão fechando mais cedo, às 16h, em vez de 19h. E boa parte da clientela do estacionamento é dos dois fóruns. Santana conta que houve dois casos de carros que ficaram presos no estacionamento por causa das manifestações. "Um homem parou aqui às 7 da noite pra fugir do protesto e teve que esperar até as 11 da noite para tirar o veículo", conta. Outro caso foi de uma jornalista que deixou o carro pernoitando no local e só buscou o veículo às 7h30 do dia seguinte. "Tivemos que deixar um funcionário a noite toda aqui cuidando do carro", diz. É que o estabelecimento funciona das 7h às 23h e não permite que carros pernoitem no local.

Outra banca perto da Rua Frei Caneca tem fechado mais cedo. Mas o proprietário, Julio Cesar, espera ver a movimentação das pessoas que vão para a manifestação antes de tomar a decisão. A banca costuma ficar aberta das 6h às 22h, mas nos últimos dias tem fechado às 19h. "Se hoje vierem todas essas 140 mil pessoas que estão falando, eu fecho às 17h", diz. A banca foi pichada na terça-feira (18). "Só vou pintar quando acabar as manifestações", diz. O movimento caiu 20%, segundo ele, principalmente porque as empresas da área estão liberando os funcionários mais cedo, e eles são seus principais clientes.

Carlos Eduardo Ferreira da Silva, de 45 anos, diz que o horário de maior movimentação no metrô mudou para entre 16h e 18h por causa das manifestações. "Antes era das 17h às 19h. Os escritórios estão fechando mais cedo", diz. Ele é segurança da galeria que fica no número 2.230 da Avenida Paulista, em frente à estação Consolação. Segundo Silva, a galeria, que tem cerca de 200 estandes em três andares, não fecha durante as manifestações, e ele e seu colega Ronaldo de Souza, de 32 anos, tiveram que redobrar a atenção na segurança do estabelecimento. "Ficamos agora em três na porta da galeria. Uma hora que fecha mais cedo é muito prejuízo para os comerciantes, por isso, eles preferem correr o risco de ficar abertos", diz Souza. Segundo ele, o movimento caiu cerca de 40%. "A manicure da galeria tinha nove clientes por dia, agora tem duas só", lamenta. Souza diz que o horário de pico de trânsito também mudou. "Agora às 16h30 já fica tudo parado aqui na área", diz.

Uma loja de sapatos próxima à Rua Haddock Lobo teve queda nas vendas por causa dos protestos. E em vez de encerrar as atividades às 21h, passou a fechar às 19h. As vendedoras, que ganham por comissão, lamentam a diminuição no horário. Já Ana Ribeiro, de 32 anos, está gostando de sair do escritório mais cedo desde a quinta-feira passada. Seu expediente agora acaba às 16h em vez de 18h. Ela trabalha na esquina da Rua Bela Cintra com a Avenida Paulista. "O meu chefe achou melhor prevenir e poupar os funcionários de eventuais problemas", diz.
Ela diz que apoia as manifestações, mas acha que estão perdendo o foco. Sobre seu novo horário, ela confessa que tem adorado. "Estou conseguindo ir para a academia mais cedo e ainda sobra tempo para namorar meu marido", comemora.

Já Telma Ribeiro, de 65 anos, vai para a manifestação desta quinta com seu filho de 24 anos, estudante de jornalismo. A aposentada mora na Avenida Angélica, perto da concentração da manifestação. "Vou andar até onde o pulmão aguentar", diz. Ela pensa em fazer um cartaz para carregar no protesto. "Vou lutar pela saúde e segurança", diz.

Em meio a mudanças na rotina por causa das manifestações, a Igreja Sao Luís, na esquina da Paulista com a Rua Bela Cintra mantém a missa diária das 19h.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir