Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 21-06-2013

É DIFÍCIL OUVIR A VOZ DO POVO?
Faz parte da história política de Israel um momento quando o povo se manifestou fazendo suas reivindicações. A nação vinha de um governo anterior marcado pela ostentação de riquezas, tendo à frente um representante muito prestigiado no mundo de então, d
É DIFÍCIL OUVIR A VOZ DO POVO?

Mas como tudo no mundo se acaba, ao fim desse período ficou estampado o que havia por detrás daquele aparente céu de brigadeiro. A voz das ruas, por assim dizer, era clara: o governo anterior tinha sido demasiadamente impiedoso para com a população. A insatisfação era geral. Eles não queriam mais sofrer uma carga de impostos pesados, considerada como um verdadeiro castigo. Por isso, a mensagem objetiva: Mais justiça, menos impostos!

O monarca ouviu pacientemente "a voz das ruas". O problema foi o tratamento que ele deu à mensagem recebida O primeiro passo foi excelente: colocou a questão diante de assessores previamente escolhidos. Acontece que, no processo de análise das reivindicações, os conselheiros se dividiram em duas opiniões. Os mais experientes, "mais humanos", consideraram como justas as exigências da população, mas a outra ala optou pela continuação do sistema escorchante. Nada de diminuir a carga, pelo contrário aumentar. Se o governo anterior usou chicote, dizia essa ala, vamos usar escorpiões! E foi a esse último grupo que o rei se aliou.

A história registra um fracasso monumental desse monarca. Naquele momento foi colocada em suas mãos a oportunidade de fazer uma virada histórica a favor do povo, mas ele simplesmente disse não. Falou mais alto a voz da vaidade, falou mais alto a voz da ganância, falou mais alto a voz da insensibilidade, enfim, falou mais alto a voz de quem não estava afinado com os anseios de um povo sofrido.

Eis aqui um caso de inépcia política. O representante do povo dando-lhe as costas, mantendo-se irredutível na sua posição descabida. Os clamores das ruas não cessaram e o inevitável aconteceu. Menos de vinte por cento da nação aprovou a decisão do palácio. Explodia assim o primeiro cisma em Israel: A Região Norte desmembrou-se, formando um outro reino com outra administração. Certamente, a população não almejava esse tipo de solução. Profecias à parte, eles ficaram sem saída.

E pensar que tudo começou com uma simples reivindicação. O país até então unido, mesmo com todos os desmandos que vieram à tona com a morte de Salomão, iria, a partir de agora, enfrentar situações antes impensáveis. Por algumas vezes, posteriormente, os dois reinos entraram em conflito, suscitando mortes de ambas as partes. Anomalia essa que vai se repetir na história de povos antigos e de povos modernos.

Tem sido assim. Os destinos de uma nação delineados numa única tomada de decisão de cúpula. A "voz rouca das ruas" precisa ser ouvida e estudada por dirigentes sensatos que queiram abrir mão de suas conquistas pessoais e familiares em favor do povo, nos seus direitos inalienáveis. Como tem sido difícil ouvir a voz do povo quando os que precisam ouvi-la estão encantados com a própria voz nos seus discursos vazios e inconsequentes!

Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Silvio Gomes Silva    |      Imprimir