Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 28-06-2013

DE BICICLETA
Ele foi meu aluno na sexta s�rie. Esperto. Bem relacionado com eles e com elas. Com elas, �s vezes, exagerava um pouquinho... Incontrol�veis horm�nios!
DE BICICLETA

Separamo-nos. Fui trabalhar em outra escola. Depois de algum tempo voltamos a nos encontrar: Modalidade EJA. Um pouco mais maduro, acrescentou ao leque de aprendizados algumas "pr�ticas extracurriculares meio nocivas" que j� se desenhavam, � �poca em que nos conhecemos. Mesma agilidade mental, mesma ginga... E foi num desses encontros que ele se aproximou, festivo, mas meio triste.: "A�, fess�. T� indo embora pra Beag�" Mostrei espanto. Pergunto se vai parar com os estudos. Ele explica: "-Paro, n�o. V� peg� transfer�ncia. Preciso mudar um pouco. C� entende, n�?".

A conversa se prolongou. Relembramos alguns momentos legais da conviv�ncia da gente e nos despedimos: "Ju�zo, cara! Vai na paz!, Seja feliz! Valeu!"... Foi saindo com os amigos e eu, por alguns segundos, fiquei a olh�-lo enquanto se distanciava. N�o pude evitar o pensamento: At� que ponto havia eu conseguido deixar marcas positivas naquele moleque peralta?

�... N�s que labutamos na Educa��o precisamos ter mais consci�ncia desse fato. Deixamos marcas na vida desses fedelhos que passam por nossas m�os diariamente. A realidade nos mostra que, em alguns casos, a quantidade do tempo que passamos juntos, supera a que lhes � dada pelos pr�prios pais. E se conseguirmos aliar a essa quantidade um pouquinho que seja de qualidade, d� para imaginar bons resultados, sim, senhor.

Passou-se um bom tempo. Pensei que nunca mais veria meu ex-aluno. De repente, n�o mais que de repente, - como diria o Poetinha - sou surpreendido em plena avenida. Eu de bicicleta e ele tamb�m. Passamos um pelo outro e foi ele que, do outro lado da rua, soltou seu grito inconfund�vel: "- Fess���!". Freei minha "calanga" um pouco � frente, junto ao meio-fio e ele voltou, atravessando a avenida.

Estava radiante. Cumprimentos efusivos e ele, sorriso de orelha a orelha: "Virei homem!" Quis saber detalhes. Olhos no olhos: "- E a�?" "- Cumequit�?" Atualizou-me: Fez um curso em Belo Horizonte. Profissionalizou-se. Estava de volta. Trabalhando de carteira assinada. (S� ent�o percebi o uniforme empresarial). Era o seu hor�rio de almo�o e nos despedimos: "- A gente se v�!", "- Com certeza!"

Voc� sabe o que � sentir vontade de chorar s� por rever uma pessoa? Foi exatamente isso o que me ocorreu. Concordo com o que escreveu a professora Beth Landim: " Porque sempre deixamos nossas marcas nas pessoas com quem convivemos. Experimente bater um prego na parede, ou na madeira. Quando o retiramos, fica a "cicatriz" do prego! Podemos preencher nossas vidas com "marcas" ou com "cicatrizes" de carinho, de afeto, testemunhos de fidelidade, amor, sinceridade� Porque as pessoas se v�o� Ent�o, n�o custa nada sermos atenciosos, equilibrados emocionalmente ao lidar com nossos filhos, colegas de trabalho, amigos, fam�lia� para que deixemos sempre as marcas do amor por onde passamos! Pense nisso: sejamos sempre lembrados pelo carinho, pelo afeto que compartilhamos, porque at� um "n�o" pode ser dado desta forma�

"As pessoas se esquecer�o do que voc� disse� as pessoas se esquecer�o do que voc� fez� mas as pessoas nunca se esquecer�o de como voc� as fez sentir�"

Fonte: Reda��o Maratimba.com
 
Por:  Silvio Gomes Silva    |      Imprimir