Categoria Geral  Noticia Atualizada em 31-07-2013

Cenário é de caos no dia seguinte ao "tsunami" de Campo Grande, Rio
Trecho da Estrada do Mendanha ficou alagado após adutora se romper. "Uma parte minha morreu com tudo o que foi destruído", diz moradora.
Cenário é de caos no dia seguinte ao
Foto: www.jornaldamidia.com.br

A manhã desta quarta-feira (31) foi de muito trabalho para os moradores da Estrada do Mendanha, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. No dia seguinte ao alagamento provocado pelo rompimento de uma adutora da Cedae, a população se esforça para reconstruir a área que ficou totalmente destruída. O cenário ainda é de caos, com lama e sujeira.

A comerciante Maria do Socorro, de 62 anos, é dona de um bar há 12 anos. Com a força da água, o estabelecimento desmoronou. "Uma parte minha morreu com tudo que foi destruído. Eu não tenho mais nada. A água levou minhas roupas, documentos e até dinheiro. Essa roupa que estou usando é doada. Eu espero que a Cedae resolva isso o mais rápido possível. Todos nós merecemos nossas vidas de volta", disse.

Moradora de Campo Grande há 13 anos, a dona de casa Marluce Ferreira tenta explicar o vazio que ficou no bairro. A casa dela foi totalmente destruída. "É terrível. Estou anestesiada. A ficha ainda não caiu. O dia seguinte bate uma tristeza sem tamanho. É a certeza de que tudo que você conseguiu com muita luta acabou. É uma sensação de vazio sem fim", disse a moradora que vivia com o marido e as filhas de 9 e 18 anos na casa.
"Na hora da água, eu e meu marido achamos que era uma forte tempestade. Só depois que percebemos que a adutora havia se rompido. A sorte é que as minhas filhas estão de férias na casa dos avós.", completou.

Morador da região há 7 anos, o funcionário público Francisco Carlos, de 46 anos, disse que perdeu a maioria dos móveis. Com a ajuda do amigo José, ele tenta retirar a lama que invadiu a sua casa. "Foi chocante. Um tsunami. Agora temos que começar tudo do zero. Nunca esperava viver isso. Dói nosso coração, disse o funcionário público que mora com a esposa e a filha de 25 anos.

Enterro de menina
O corpo da menina Isabella Severo dos Santos, de 3 anos, que morreu após o rompimento da adutora será enterrado nesta quarta (31) às 10h no Cemitério de Campo Grande.

Fernando dos Santos, pai da criança, ficou sabendo do ocorrido pela TV. "Eu vi o que tinha acontecido pela televisão. Quando eu e meu irmão fomos ver, soubemos que ela [Isabela] tinha ficado presa. Eles [bombeiros] tentaram reanimá-la o tempo todo, mas ela não aguentou. Minha filha ia fazer 4 anos no dia 17 de agosto. Ela era uma criança maravilhosa", disse o auxiliar de farmácia.

"A mãe dela contou que encheu tudo. Os vizinhos ajudaram e tentaram passar pelo muro, mas ele caiu", completou Fernando.

O comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Sérgio Simões, também lamentou a morte de Isabela. "Eu lamento profundamente o óbito da criança. Nós tentamos reanimá-la a todo o momento, durante o trajeto até o hospital. Ainda estamos vendo a dimensão do estrago", disse o coronel Sergio Simões, dos Bombeiros.

O rompimento ocorreu por volta das 6h na altura do número 4.500 da Estrada do Mendanha. Casas e carros ficaram destruídos com a força da água, lançada em um jato que alcançou 20 metros, de acordo com Marcos Djalma, tenente do Corpo de Bombeiros. Ainda não há informação do que provocou o rompimento da adutora.

Diversas residências foram alagadas, com a água chegando a 2 metros de altura em alguns pontos, de acordo com moradores. Muitas pessoas ficaram ilhadas. Segundo o secretário de Defesa Civil do município, Márcio Motta, pelo menos três quarteirões foram isolados.

Ao todo, segundo a Defesa Civil municipal, a inundação deixou 70 desalojados e 72 desabrigados. Dezessete casas desabaram. As famílias estão sendo levadas para o HotelOn, com custos pagos pela Cedae. Dois inquéritos foram abertos para investigar o rompimento.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir