Categoria Policia  Noticia Atualizada em 05-08-2013

Mangueirinha, no RJ, ganha reforço de 180 PMs após ocupação
Comunidade recebeu visita de secretário de segurança neste domingo (4). Beltrame cobrou esclarecimentos sobre cancelamento de punições a PMs.
Mangueirinha, no RJ, ganha reforço de 180 PMs após ocupação
Foto: g1.globo.com

Ocupado pela Polícia Militar, o Conjunto de Favelas da Mangueirinha, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, recebe nesta segunda-feira (5) o reforço de 180 PMs, como mostrou o Bom Dia Rio.

A sede da companhia destacada será instalada no ponto mais alto da Mangueirinha. O local, abandonado, foi invadido por traficantes - que usavam o espaço como treinamento de tiro, segundo a polícia.

A partir desta segunda, 180 PMs que trabalhavam em UPPs na cidade do Rio vão reforçar o patrulhamento na região. A companhia não conta apenas com policiais recém-formados, como nas UPPs. E o comando é subordinado ao batalhão da área.

Esse modelo de policiamento já existe em comunidades das zonas Sul e Norte do Rio e também na Chatuba, em Mesquita, na Baixada.

Segundo o secretário de segurança José Mariano Beltrame, não é necessária, pelo menos por enquanto, a instalação de uma UPP na Mangueirinha.

No primeiro fim de semana de ocupação policial permanente, a comunidade recebeu neste domingo (4) a visita de Beltrame e do prefeito Alexandre Cardoso. Na visita, o secretário cobrou esclarecimentos do comandante da PM, coronel Erir Ribeiro, que cancelou punições a policiais.

A decisão foi publicada na última quinta-feira no boletim interno da corporação, distribuído apenas a oficiais. Nela, Erir Ribeiro releva o cumprimento das punições disciplinares que aplicou desde 4 de outubro de 2011, quando assumiu o cargo. O benefício vale, inclusive, "para atos punitivos com restrição de liberdade". Ou seja, para quem está preso.

Em nota, a Polícia Militar, declarou que a "medida se refere a punições administrativas internas, como atraso no serviço, faltas ou ausências não justificadas". "E que os casos mais graves, como corrupção ou crimes contra a vida, continuam submetidos aos conselhos disciplinares, além de responderem na justiça criminal".

Moradores cobram melhorias

Após a chegada das forças de segurança, os moradores cobraram as autoridades. As principais reivindicações são pelos serviços públicos, como creches, coleta de lixo e o reparo de ruas esburacadas.

"Os prefeitos e secretários sempre falaram que não conseguiriam chegar aqui, por causa dos tiroteios. Agora que conseguiram, tem que trazer os serviços. Isso aqui estava abandonado, mas isso vai mudar", disse esperançoso, Ivan Alvarenga, presidente da associação de moradores da Favela do Sapo.
Alvarenga, porém, diz que agora os moradores têm o direito de ir e vir, algo que não existia até pouco tempo atrás. "Hoje a comunidade se sente em paz", disse ele.

Ao falar sobre o que falta na comunidade, Ivan diz que falta "tudo":

"O acesso ainda é ruim, falta reformar a quadra para a área de lazer, e algumas outras coisas. Mas espero que isso mude rápido", disse o morador, sem entrar em mais detalhes.

Uma outra moradora, que se identificou apenas como Penha, foi um pouco menos cuidadosa na abordagem. Ao ver o prefeito Alexandre Cardoso, não se furtou a falar sobre três pontos principais: as obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro(Comperj) ,em Duque de Caxias, o abandono da Creche e pré-escola Municipal Abner da Silva e do campo de futebol da comunidade.

"A minha filha, que é professora da creche e dá aula na quadra, passa por dificuldade para conseguir trabalhar. Várias crianças se machucam porque a quadra está abandonada; essa creche, quando chove, alaga, tem muito lixo. Como que as crianças vão ter aula aqui a partir de amanhã?", questionou.

O prefeito Alexandre Cardoso prometeu que até novembro as obras do Oleoduto de Duque de Caxias estarão prontos. "Sou um homem que cumpre o que promete", disse à moradora, que reclamou que está esperando as obras da Reduc até hoje. "Se não cumprir, eu vou cobrar lá na prefeitura", finalizou a moradora, que reclamou também que as ruas estão "um lixo".

Ocupação nos moldes da UPP

A ocupação da polícia no Complexo da Mangueirinha, em Caxias, começou na manhã de sexta-feira (2). A base vai funcionar temporariamente em contêineres. Na próxima semana, a sede será erguida em uma construção abandonada, onde funcionava uma base de apoio ás torres de telefonia. As paredes do local estão metralhadas.

Ao contrário das UPPs, a companhia não conta apenas com policiais recém-formados e o comando é subordinado ao batalhão da área. O modelo de policiamento já existe em outros locais. Um deles é a Favela da Chatuba, em Mesquita, também na Baixada Fluminense. A companhia foi implantada em setembro de 2012, depois que seis jovens foram mortos por traficantes a caminho de uma cachoeira, O Morro Azul, no Flamengo, Zona Sul do Rio, também tem uma companhia. O mesmo ocorre na Favela Camarista Méier, no Méier.

Segundo o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, se houver necessidade, uma UPP vai ser instalada na Mangueirinha. A ocupação da polícia também já leva outros benefícios para os moradores, que antes tinham dificuldades para receber serviços da prefeitura, como coleta de lixo. "A gente que paz. Poder sair sem medo, é isso que a gente quer", afirmou uma moradora.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir