Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 15-08-2013

Um método em transformação
“Para falar claramente, a psicanálise é sempre questão de longos períodos de tempo, de meio ano ou de anos inteiros de períodos maiores do que o paciente espera” (Freud, 1919/1974, p. 179).
Um método em transformação

Um processo longo que requer investimentos além das condições materiais. Trata-se da psicanálise. O método de investigação do inconsciente enfrenta as mudanças decorrentes do século XXI, entre o surgimento do novo perfil clínico e de novas técnicas de psicoterapias breves alardeadoras de "milagres" em curto prazo.

Para a pesquisadora Maria Tereza Mantovanini, a diminuição do volume de pacientes, em especial dos que aceitam submeter-se à clínica padrão tem uma camada mais profunda e subjetiva. Ao que tudo indica, a clínica adquiriu características diferentes das de outrora.

Hoje o profissional deve ser plural em todos os sentidos. Além de didata, o psicanalista deve ter nível superior completo e experiência profissional que varia segundo a formação. Cursos de qualificação também são cruciais para o bom desempenho prático. A formação desses profissionais é um conjunto de atividades desenvolvidas por eles, mas os procedimentos são diferentes quanto a aspectos formais relacionados às instituições que os formam.

Há os autodidatas que estudam por si e, por meio de análise pessoal, tornam-se excelentes analistas, como é o caso de destaques na psicanálise brasileira, Maria Rita Kehl, por exemplo, não seguiu escola tradicional, porém se destaca da multidão de psicoterapeutas que buscam seu espaço no mercado.

Para ser um profissional diferenciado, num mercado repleto de psicoterapeutas, o psicanalista deve explorar seus atributos pessoais, suas experiências no campo acadêmico de origem, bem como ser um teórico formador de opinião.

Mas quem deve fazer análise? Conforme a Sociedade Contemporânea de Psicanálise, "todas as pessoas que desejem conscientizar-se e compreender o sentido inconsciente de suas ações e sentimentos".

Está indicada para todos que apresentem algum sintoma como, por exemplo, depressão, stress, impulsividade, sentimento de culpa, complexos, traumas, tristeza e dificuldades em função de relacionamentos em geral, sintomas corporais sem causas especificadas, obsessões, medos, crises de ansiedade, dificuldade de aprendizagem, problemas sexuais de origem emocional, pânico, transtornos de humor e de personalidade, uso abusivo de álcool e drogas, relacionamentos conjugais, dentre outros.

O resultado que se pode esperar do processo terapêutico é uma maior compreensão das ações e afetos.

Neste trecho de "O tempo e o cão", a autora, que ampliou seus conhecimentos teóricos com doutorado na PUC de São Paulo, aponta para a atenção à via social como esclarecimento à investigação clínica individual:
"A via do entendimento psicanalítico parte sempre da investigação clínica, na qual as formações do inconsciente se expressam na singularidade de cada sujeito; mas a experiência clínica pode também, seguindo o exemplo de Freud, contribuir para esclarecer o sofrimento que se expressa através dos sintomas da vida social. A direção da construção da teoria vai do particular para o social, nunca o contrário. Nos consultórios, tratemos nossos depressivos um a um, a partir dos pressupostos da psicanálise. A partir daí, talvez possamos escutar também o que eles têm a nos ensinar a respeito das formas contemporâneas do mal-estar, das quais eles não estão – como nenhum ser falante, aliás – excluídos".

Vale ressaltar que a psicanálise está na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), órgão que nomeia, codifica os títulos e descreve as características das ocupações do mercado de trabalho brasileiro. Sua atualização e modernização se devem às mudanças ocorridas no cenário cultural, econômico e social do país nos últimos anos.

Tenho total convicção de que a psicanálise é uma técnica terapêutica e um método de pesquisa, que contribuem com o crescimento intelectual do individuo que a pratica e que a utiliza como terapia. Mesmo com os desafios da pós-modernidade, ser analista é construir e difundir conhecimento a cada dia, cada estudo e a cada análise.


Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Roney Moraes    |      Imprimir