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Pai que teve bebê sequestrado e mulher morta tenta retomar a rotina

Diana Oliveira da Silva, mãe de Jenifer, foi assassinada na Zona Oeste. "De onde ela estiver, ela estará me ajudando a cuidar da nossa filha".
Pai que teve bebê sequestrado e mulher morta tenta retomar a rotina

Foto: g1.globo.com

Entre uma mamadeira e outra, o papai da Jenifer, de 28 dias, Francisco de Assis, recebeu o G1 no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio, nesta terça-feira (20). Com menos de um mês de vida, a pequena foi sequestrada e perdeu a mãe Diana Oliveira da Silva, de 33 anos, assassinada. Há uma semana em casa com o bebê, Francisco tentar retomar a rotina com o filho Diones, de 12 anos, e diz que a caçula vai ser seu porto seguro para seguir em frente: "Eu olho para ela e vejo a minha mulher. Eu tenho que me confortar. De onde ela estiver, ela estará me ajudando a cuidar da nossa filha".

O ajudante de pedreiro contou que está recebendo carinho e muita ajuda até mesmo de pessoas desconhecidas para superar a tragédia que ocorreu na sua vida no dia 5 de agosto.

A irmã de Francisco, Rosineide Araújo Xavier, deixou Ribeirão Preto, em São Paulo, onde mora com o marido, e veio para o Rio a pedido do irmão.

Ela contou que viu pela televisão a história do sequestro da bebê e que achou o homem desesperado chorando parecido com o irmão, mas desligou a TV e não acreditou. "Fazia cinco anos que eu não via o meu irmão, achei parecido, mas não acreditei. Minha filha do Ceará me ligou e contou tudo que tinha acontecido com a Diana. Eu liguei pra ele [Francisco] e ele confirmou", contou a agricultora Rosineide Xavier ainda chocada com a história.

A pequena Jenifer virou o xodozinho dos vizinhos e todos fazem questão de ficar perto. "Eu venho visitar a Jenifer todos os dias, só não estou aqui quando não posso mesmo. Eu era como uma irmã da Diana", contou a dona de casa Maria Rita. Ela disse ainda que se sentiu culpada pelo o ocorrido com a amiga, pois ela sempre acompanhava Diana nas consultas médicas. "Eu me senti culpada, mas Diana não me chamou aquele dia para ir com ela. Foi um desespero louco. Todo mundo saiu para procurá-la".

O pai do bebê garante que Jenifer quase não chora, apenas quando está com cólica e na hora de trocar a fralda. "Eu dou sempre a mamadeira pra ela, mas eu ainda não dei banho e nem troquei a fralda. Ela começa a chorar e fico com muita dó", revelou. Enquanto ainda está inseguro, a irmã Rosineide garantiu que os treinamentos estão sendo intenso e que logo logo ele vai tirar todas as tarefas de letra.

Rosineide não cogita a possibilidade de voltar para o interior de São Paulo e deixar Jenifer. "Eu não vou abandonar ela. Agora, ela é como a minha filha. Onde a mãe dela estiver ela vai ficar feliz de saber que eu estou cuidando da filha dela. Meu marido vai ter que vir pra cá ou a gente vai "descasar"", afirmou a irmã de Francisco, que tem três filhos que moram em Boa Viagem, no Ceará.

Seu Francisco contou que a companhia da irmã está sendo essencial para superar a tristeza. "Ela aqui comigo é fundamental. Eu até confundo os nomes; em vez de chamar de Rose, eu chamo de Diana. O Diones meu filho ficou muito abatido, triste com tudo que a aconteceu. Depois que ela chegou, ele melhorou. Ele me disse: pai, não podemos ficar tristes, senão minha mãe vai ficar também", relatou emocionado.

Os patrões do Seu Francisco deram 30 dias de licença para ele cuidar da caçula e o transferiram da obra do Leblon, na Zona Sul da cidade, para uma construção bem pertinho de casa. "Me chamaram no escritório e me deram esta boa notícia. Agora em 15 minutos eu vou e volto do trabalho. Vai sobrar mais tempo para ficar com ela", contou feliz o ajudante de pedreiro.

A família de Francisco e Diana são de Boa Viagem, no Ceará. O sonho de ganhar melhor e comprar uma moto nova fizeram o casal deixar a família no Nordeste em 2008 e seguir para o Sudeste. Depois de perder a mulher, ele contou que pensou em voltar para perto dos pais. "Quando aconteceu deu vontade de voltar para o Ceará, mas eu pensei direito e vi que estou rodeado de amigos. Aqui é mais fácil de trabalhar e conseguir comprar as coisas, de dar uma condição melhor para as minhas crianças".

Seu Francisco disse ao G1 que o sonho atual do casal era terminar a casa, que ainda falta acabamento, e construir duas quitinetes no segundo andar para alugar e complementar a renda. "Eu vou realizar todos os planos que eu fiz com ela". Quando perguntado sobre o futuro, Seu Francisco foi categórico: "Eu quero que a Jenifer seja como a mãe dela, que tenha dignidade, honestidade, que seja trabalheira e que transmita a alegria pra todo mundo, como a mãe dela fazia. Eu quero que ela seja a cópia de Diana", brincou Seu Francisco com os olhos marejados.

Fonte: g1.globo.com

Por: Maratimba.com | Imprimir