Categoria Geral  Noticia Atualizada em 26-08-2013

"Eu não falhei", diz instrutor que viveu momentos de pânico no parapente
Luiz Souza rezou porque tinha "esgotado as condições como piloto". Ele e um aluno foram parar no meio de uma nuvem durante voo livre.

Foto: g1.globo.com

O instrutor de voo livre que viveu momentos de pânico com um aluno no Rio de Janeiro, Luiz Gonzaga Pereira de Souza, de 57 anos, disse, nesta segunda-feira (26), que não falhou durante o procedimento. "Eu não falhei. Eu estava atento, não considero erro. Poderia acontecer com qualquer um. Eu fui surpreendido pelas condições meteorológicas. Eu virei um sanduíche", falou. Ele foi parar no meio de uma nuvem com um aluno depois de saltar da Pedra Bonita, na Zona Sul do Rio de Janeiro.

Em uma entrevista concedida ao G1, em Belo Horizonte, Souza disse, que durante o voo que durou cerca de 13 minutos, chegou a rezar e pediu ao aluno que também fizesse uma oração. "Já tinha esgotado as condições como piloto. Como piloto fiquei esgotado de manobras. Ali era o Luiz Gonzaga ser humano. Eu apelei para Deus. Eu senti minha vida ao léu. Em 18 anos de voo nunca vivi essa situação", disse o instrutor que viajou a Minas Gerais para visitar a família.

Segundo o vice-presidente do Clube São Conrado de Voo Livre, Augusto Prates, houve excesso de confiança por parte do instrutor. "Na realidade, ele estava tão senhor da situação que ele deixou procedimentos básicos de segurança: primeiro não ir para a praia, não seguir um procedimento em teto baixo, que é você ir para a praia. Segundo, que ele largou os comandos e pegou a máquina e filmou e largou, quando se deu conta perdeu a referência em função de entrar na nuvem", comentou Prates.

Souza se defende das alegações de Prates. "Se o voo estiver seguro, o instrutor pode retirar as mãos. A previsão do tempo estava ótima. Eu poderia ter ido direto para a praia, mas quis proporcionar um voo mais longo. O clube está mais preocupado com si próprio do que comigo, que sou associado", contou.

O instrutor disse que ficou sabendo pela televisão que foi suspenso por tempo indeterminado do clube e que não recebeu nenhuma ligação. Ele afirma ainda que não ficou nenhum trauma. "Se dependesse de mim, voaria agora", disse.

Uma lei federal, de 1986, proíbe que os voos duplos sejam vendidos como voos panorâmicos. O Clube São Conrado de Voo Livre nega que cometa essa prática e diz que todos os voos fazem parte de um curso e que cabe ao aluno seguir com o treinamento depois do primeiro salto. Souza alega que o voo não foi duplo ou panorâmico; "Fiz um voo de instrução, o que é permitido", explica.

Desespero durante o salto
Pouco depois do salto o passeio se transformou em desespero: "Fica calmo, pelo amor de Deus. Eu não sei onde a gente está, não, velho. Mostra para mim o caminho, meu Deus", dizia o instrutor.

No dia do incidente as condições do vento eram boas. Mas as nuvens estavam muito baixas. A orientação para os instrutores era que voassem direto para a praia, onde o céu estava mais limpo.

Não foi o que aconteceu. O instrutor deu voltas em torno da Pedra Bonita. Numa delas, lá no alto, se vê outro instrutor, também desobedecendo as orientações de voar baixo, em direção à praia.

As imagens mostram que Gonzaga solta uma das mãos do comando do parapente para ajustar o capacete. Em seguida, retira também a outra mão para utilizar a câmera de vídeo.

De repente, um susto: os dois vão parar dentro de uma nuvem. O vento era forte o parapente balançava. O instrutor começa manobra, mas o parapente balança e o turista se desequilibra. São momentos de tensão. O instrutor chega a pedir pra desligar a câmera e rezam uma "Ave Maria".

"Ele começou a rezar e eu fui ficando calmo ali. Tentando ficar calmo, mas ao mesmo tempo, por dentro, eu estava apavorado, porque eu sabia que ia acontecer o pior. Graças a Deus, não aconteceu", disse o turista Sudmar.

Segundo o turista, a hora de mais medo foi quando o instrutor perguntou se ele sabia nadar. Foram 13 minutos de terror nos céus do Rio. Quatro deles dentro da nuvem, até enxergar terra firme.

O instrutor percebeu que o parapente havia dado a volta na montanha, e foi parar do outro lado: a cinco quilômetros da Praia de São Conrado, onde deveria pousar. Eles desceram no Itanhangá.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir