Categoria Geral  Noticia Atualizada em 31-08-2013

"As crianças confundem rojões com bombas", diz refugiada da Síria em SP
Família acolhida no Brasil reza por parentes em mesquita de Barretos. Dona de casa relata horror vivido em Damasco em meio a guerra civil.

Foto: g1.globo.com

Todos os dias, a esperança é a palavra de ordem depositada nas orações dos muçulmanos. É em uma mesquita em Barretos (SP) que a família do sheikh Mohanad Al-Hussein, refugiada da guerra civil na Síria, faz súplicas para que a situação no seu país de origem e nas nações vizinhas do Oriente Médio seja amenizada sob os efeitos da guerra civil. O anúncio de que Estados Unidos, França e Reino Unido possam invadir o país gerou ainda mais preocupação aos estrangeiros.

"Pedimos que Deus proteja toda a Síria. Não só a sua família, e sim todos os cidadãos que estão oprimidos lá. Que Deus dê a misericórdia e força a eles para superar tudo o que eles estão passando. Há seres humanos na Síria. Não peço apenas para meus familiares, mas para todo meus país, para que Deus nos conforte e consigamos sair desta situação para uma situação melhor", afirma Mohanad.

O sheik veio para o Brasil em 2011, logo após o início do conflito na Síria. A mulher e os dois filhos, no entanto, continuaram no país e viveram momentos de horror durante a guerra civil. "Enquanto eu estava sozinho aqui no Brasil, eu só tinha contato com a minha família pela internet. Não havia nenhum tipo de contato telefônico e eu não sabia se eles estavam em paz ou não. Fiquei aflito, porque não dava para saber exatamente os locais em que eles estavam e como eu poderia me comunicar com eles", conta.

Com a ajuda do governo brasileiro, Mohamad conseguiu o visto de entrada para a mulher e os filhos no Brasil. A família, no entanto, só conseguiu sair da Síria há três meses, após atravessar clandestinamente a fronteira com o Líbano. A situação vivida em Damasco pela mulher do sheikh, Nisrin Surughi, e os dois filhos pequenos foi de total calamidade.

"Passamos por uma situação calamitosa, porque não havia estrutura nenhuma na Síria. Passamos frio, não tínhamos banheiro. Era praticamente uma vez por mês para podermos tomar um banho. Ficamos assim, saindo de um lugar para o outro na Síria até conseguirmos chegar ao Líbano", lembra a dona de casa.

Atualmente, a família está como refugiada no Brasil. Mesmo longe da guerra, os resquícios do terror ainda permanecem na mente de Nisrin e das crianças. "Embora eu esteja tranquila aqui no Brasil, não consigo ficar contente com a situação. Tudo o que passamos para chegar até aqui envolveu muito sofrimento. Meus filhos ficaram dois meses em pânico. Eles confundem barulho de rojões com bombas, perguntam qual é o prédio que vai cair. A mente deles ainda está muito abalada. Peço a Deus que tudo melhore lá e que a paz reine na Síria", diz.

O conflito

A Síria vive uma guerra civil desde março de 2011, quando opositores do presidente Bashar Al-Assad começaram a reivindicar mais democracia no país. A resposta do governo às manifestações foi violenta, o que fez com que as manifestações populares passassem à revolta armada. O conflito já resultou na morte de mais de 100 mil pessoas - sendo 50 mil civis.

Diante do impasse no país e do possível uso de armas químicas no conflito, os Estados Unidos analisam a possibilidade de uma ação militar "limitada" no país.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir