Categoria Tecnologia  Noticia Atualizada em 02-09-2013

Será que a Xiaomi, conhecida como Apple da China, vai se dar bem nos EUA?
Até então desconhecida fora de seu país, fabricante chinesa de smartphones ganhou holofotes nos últimos dias ao contratar diretor de Android no Google, Hugo Barra.
Será que a Xiaomi, conhecida como Apple da China, vai se dar bem nos EUA?
Foto: www.telemoveis.com

Assim como outras marcas chinesas, a Xaomi não tem exatamente o nome mais fácil para os ocidentais pronunciarem. Mas na última quinta, 29/8, o nome foi falado no mundo todo após a companhia contratar o ex-executivo do Google, Hugo Barra, para liderar sua expansão global.

A contratação é a mais recente em vários sucessos para uma companhia que apenas começou a vender aparelhos Android há dois anos na China. Os lançamentos de produtos da Xiaomi no país são tão esperados que seus celulares geralmente esgotam, forçando milhões de consumidores a esperarem por novos estoques. As expectativas para a empresa também são altas, com alguns na China dizendo que a Xiaomi é a versão chinesa da Apple.

Mas para expandir para fora do seu mercado, a Xiaomi enfrenta uma estrada difícil que outras fabricantes chinesas ainda estão tentando andar, segundo analistas. Eles apontam os desafios como levantar a consciência da marca, potenciais disputas por patentes, e se a Xiaomi pode enfrentar frente a frente gigantes da tecnologia de outros países com um histórico de inovação.

"Ainda há algum debate sobre quão inovadora a Xiaomi é, e quanto da inovação deles é apenas boa relações públicas", disse David Wolf, um consultor de tecnologia da empresa de relações públicas Allison+Partners. "Acho que estamos chegando no momento em que vamos descobrir isso."

Insatisfação

"Se eu não sinto que os telefones são bons o bastante, quero mudar. Mas eu mesmo não tenho o poder para mudar os aparelhos", afirma o CEO da Xiaomi, Lei Jun. "Por exemplo, se eu der meu conselho para o vice-presidente de R&D da Nokia, ele vai mudar? Não, ele não vai mudar."

"Eu queria forçar a Nokia a fazer isso, mas eles apenas não iriam", disse. "O modelo deles não suporte esse negócio."

Como resultado, a Xiaomi foi fundada na ideia de criar telefones ao aproveitar o poder do feedback dos usuários. Os aparelhos da empresa vem instalados com uma versão customizada do Android chamada de MIUI que os engenheiros da Xiaomi atualizam semanalmente com novos tweaks e recursos criados a partir da opinião dos consumidores.

O modelo de crowdsourcing tem sido muito importante para o sucesso da Xiaomi, ajudando a gerar um marketing de "boca a boca" e criar consumidores leais, de acordo com Lei. Mas é uma abordagem que ele também acha que será bem-recebida no mundo todo.

"Se você é um americano, e nós vamos para o mercado americano, nosso produto pode não ser bom o bastante inicialmente, mas toda semana vamos fazer mudanças, e assim após um tempo acho que os americanos vão achar que nosso produto é muito bom", afirma o CEO.

Xiaomi está se juntando a outras fabricantes de smartphones chinesas que querem se dar bem no mercado internacional. As fabricantes de equipamentos de telecomunicação Huawei e ZTE tem vendido aparelhos móveis nos EUA e outros países, e a fabricante de computadores Lenovo também está de olho em mercados maduros para a venda de smartphones.

Mas os smartphones chineses ainda precisam ganhar o reconhecimento mundial obtido por empresas rivais como Apple e Samsung. Em vez disso, as fabricantes chinesas tem se saído melhor em vender telefones com preços acessíveis do que em gerar consciência sobre suas marcas.

O mesmo pode ser dito da Xiaomi. Para aumentar o seu apelo está o fato que a empresa só vende aparelhos top de linha, mas com preços baixos. Seu mais novo modelo traz um processador quad-core, tela de 4,7 polegadas, câmera de 8MP, por preço de 130 dólares sem subsídios de operadoras.

Após anunciar o aparelho, a Xiaomi recebeu mais de 7,4 milhões de pré-pedidos para o produto, anunciou a companhia recentemente. A demanda para os produtos da empresa é tão alta que no segundo trimestre deste ano, a Xiaomi superou a Apple para tornar-se a sexta maior fabricante de smartphones na China, de acordo com a empresa de pesquisas Canalys.

Mas apesar de os telefones da Xiaomi ainda só estarem disponíveis na China e Taiwan, a empresa sinalizou na semana passada que está se preparando para entrar em mercados estrangeiros com a contratação do ex-vice presidente da divisão Android do Google, Hugo Barra.

Barra é uma contratação importante para a Xiaomi porque pode ajudar a companhia a cooperar com o Google com as disputas de patentes que atrapalharam outras fabricantes de aparelhos Android, aponta a analista da Gartner, Sandy Shen. "Essas questões legais tem sido um grande problema. Podem afetar o design e o software de um telefone", afirma.

O ex-executivo do Google também pode ajudar a empresa chinesa a melhor sua interface Android customizada para smartphones, afirma David Wold. Mas ainda não está claro se esse modelo crowdsourcing será algo bom ou ruim para a empresa quando ela decidir expandir para mercados estrangeiros, aponta o analista.

"Você pode confiar nas pessoas que querem esse recurso nos seus telefones? Ou ele vai transformar você de líder de mercado em seguidor de mercado?", questiona.

A Xiaomi gerou receitas de 2,2 bilhões de dólares na primeira metade de 2013, mas ainda não está claro o quão rentável a companhia é. De qualquer, os investidores estão apostando na fabricante, e o valor de mercado da empresa atingiu 10 bilhões de dólares, afirmou Lei em um post no site chinês Sina Weibo em agosto.

Uma empresa em crescimento como a Xiaomi naturalmente quer expandir, ganhar mais, e criar uma capacidade de fabricação para seus aparelhos, afirma Wolf. Mas a Xiaomi vai enfrentar uma concorrência pesada, e talvez precise escolher um novo nome melhor para o mercado internacional.

"Penso que o desafio é quanto de banda a Xiaomi pode devotar para tornar-se uma companhia internacional", afirma Wolf. "E é também sobre como eles podem ser inovadores quando existem muitas empresas mais bem estabelecidas e com mais experiência por aí."

Fonte: idgnow.uol.com.br
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir