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Será que a Xiaomi, conhecida como Apple da China, vai se dar bem nos EUA?
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Até então desconhecida fora de seu país, fabricante chinesa de smartphones ganhou holofotes nos últimos dias ao contratar diretor de Android no Google, Hugo Barra.
Foto: www.telemoveis.com Assim como outras marcas chinesas, a Xaomi não tem exatamente o nome mais fácil para os ocidentais pronunciarem. Mas na última quinta, 29/8, o nome foi falado no mundo todo após a companhia contratar o ex-executivo do Google, Hugo Barra, para liderar sua expansão global.
A contratação é a mais recente em vários sucessos para uma companhia que apenas começou a vender aparelhos Android há dois anos na China. Os lançamentos de produtos da Xiaomi no país são tão esperados que seus celulares geralmente esgotam, forçando milhões de consumidores a esperarem por novos estoques. As expectativas para a empresa também são altas, com alguns na China dizendo que a Xiaomi é a versão chinesa da Apple.
Mas para expandir para fora do seu mercado, a Xiaomi enfrenta uma estrada difícil que outras fabricantes chinesas ainda estão tentando andar, segundo analistas. Eles apontam os desafios como levantar a consciência da marca, potenciais disputas por patentes, e se a Xiaomi pode enfrentar frente a frente gigantes da tecnologia de outros países com um histórico de inovação.
"Ainda há algum debate sobre quão inovadora a Xiaomi é, e quanto da inovação deles é apenas boa relações públicas", disse David Wolf, um consultor de tecnologia da empresa de relações públicas Allison+Partners. "Acho que estamos chegando no momento em que vamos descobrir isso."
Insatisfação
"Se eu não sinto que os telefones são bons o bastante, quero mudar. Mas eu mesmo não tenho o poder para mudar os aparelhos", afirma o CEO da Xiaomi, Lei Jun. "Por exemplo, se eu der meu conselho para o vice-presidente de R&D da Nokia, ele vai mudar? Não, ele não vai mudar."
"Eu queria forçar a Nokia a fazer isso, mas eles apenas não iriam", disse. "O modelo deles não suporte esse negócio."
Como resultado, a Xiaomi foi fundada na ideia de criar telefones ao aproveitar o poder do feedback dos usuários. Os aparelhos da empresa vem instalados com uma versão customizada do Android chamada de MIUI que os engenheiros da Xiaomi atualizam semanalmente com novos tweaks e recursos criados a partir da opinião dos consumidores.
O modelo de crowdsourcing tem sido muito importante para o sucesso da Xiaomi, ajudando a gerar um marketing de "boca a boca" e criar consumidores leais, de acordo com Lei. Mas é uma abordagem que ele também acha que será bem-recebida no mundo todo.
"Se você é um americano, e nós vamos para o mercado americano, nosso produto pode não ser bom o bastante inicialmente, mas toda semana vamos fazer mudanças, e assim após um tempo acho que os americanos vão achar que nosso produto é muito bom", afirma o CEO.
Xiaomi está se juntando a outras fabricantes de smartphones chinesas que querem se dar bem no mercado internacional. As fabricantes de equipamentos de telecomunicação Huawei e ZTE tem vendido aparelhos móveis nos EUA e outros países, e a fabricante de computadores Lenovo também está de olho em mercados maduros para a venda de smartphones.
Mas os smartphones chineses ainda precisam ganhar o reconhecimento mundial obtido por empresas rivais como Apple e Samsung. Em vez disso, as fabricantes chinesas tem se saído melhor em vender telefones com preços acessíveis do que em gerar consciência sobre suas marcas.
O mesmo pode ser dito da Xiaomi. Para aumentar o seu apelo está o fato que a empresa só vende aparelhos top de linha, mas com preços baixos. Seu mais novo modelo traz um processador quad-core, tela de 4,7 polegadas, câmera de 8MP, por preço de 130 dólares sem subsídios de operadoras.
Após anunciar o aparelho, a Xiaomi recebeu mais de 7,4 milhões de pré-pedidos para o produto, anunciou a companhia recentemente. A demanda para os produtos da empresa é tão alta que no segundo trimestre deste ano, a Xiaomi superou a Apple para tornar-se a sexta maior fabricante de smartphones na China, de acordo com a empresa de pesquisas Canalys.
Mas apesar de os telefones da Xiaomi ainda só estarem disponíveis na China e Taiwan, a empresa sinalizou na semana passada que está se preparando para entrar em mercados estrangeiros com a contratação do ex-vice presidente da divisão Android do Google, Hugo Barra.
Barra é uma contratação importante para a Xiaomi porque pode ajudar a companhia a cooperar com o Google com as disputas de patentes que atrapalharam outras fabricantes de aparelhos Android, aponta a analista da Gartner, Sandy Shen. "Essas questões legais tem sido um grande problema. Podem afetar o design e o software de um telefone", afirma.
O ex-executivo do Google também pode ajudar a empresa chinesa a melhor sua interface Android customizada para smartphones, afirma David Wold. Mas ainda não está claro se esse modelo crowdsourcing será algo bom ou ruim para a empresa quando ela decidir expandir para mercados estrangeiros, aponta o analista.
"Você pode confiar nas pessoas que querem esse recurso nos seus telefones? Ou ele vai transformar você de líder de mercado em seguidor de mercado?", questiona.
A Xiaomi gerou receitas de 2,2 bilhões de dólares na primeira metade de 2013, mas ainda não está claro o quão rentável a companhia é. De qualquer, os investidores estão apostando na fabricante, e o valor de mercado da empresa atingiu 10 bilhões de dólares, afirmou Lei em um post no site chinês Sina Weibo em agosto.
Uma empresa em crescimento como a Xiaomi naturalmente quer expandir, ganhar mais, e criar uma capacidade de fabricação para seus aparelhos, afirma Wolf. Mas a Xiaomi vai enfrentar uma concorrência pesada, e talvez precise escolher um novo nome melhor para o mercado internacional.
"Penso que o desafio é quanto de banda a Xiaomi pode devotar para tornar-se uma companhia internacional", afirma Wolf. "E é também sobre como eles podem ser inovadores quando existem muitas empresas mais bem estabelecidas e com mais experiência por aí."
Fonte: idgnow.uol.com.br
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Por:
Maratimba.com |
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