Categoria Geral  Noticia Atualizada em 03-09-2013

Ataque à Síria à espera do Congresso americano
Uma intervenção internacional para punir a Síria pelo alegado uso de armas químicas está agora dependente do Congresso dos Estados Unidos.
Ataque à Síria à espera do Congresso americano
Foto: diariodigital.sapo.pt

O Congresso só retomará os seus trabalhos a 9 de setembro. A Casa Branca está a aproveitar o inevitável compasso de espera para tentar reunir apoios. O braço legislativo dos EUA é composto pela Câmara dos Representantes e pelo Senado e uma resolução terá de ser aprovada por maioria em ambas as instâncias.

Obama tem diante de si uma tarefa árdua: o Partido Democrático domina o Senado, com 53 votos, contra 45 dos republicanos. Há ainda dois senadores independentes que geralmente voltam pelo lado democrata. Já na Câmara dos Representantes os Republicanos são maioritários, com 233 votos contra 200 do partido de Obama.

A questão complica-se quando se sabe que no seio dos dois partidos existem legisladores favoráveis e contrários a uma intervenção militar, pelo que qualquer voto poderá não se decidir apenas ao longo de linhas partidárias.
Constituição não obriga a ouvir o Congresso

A Constituição dos EUA apenas obriga o Presidente a consultar o Congresso no caso de uma declaração formal de guerra, um vácuo legal que já foi aproveitado por anteriores presidentes para intervenções no Iraque e na Líbia. Torna-se no entanto claro que, na atual situação, uma luz vermelha dos congressistas iria limitar extraordinariamente a liberdade de ação da Casa Branca.

Para deixar bem claro o que está em jogo, a Administração avança com o número de vítimas do ataque químico ocorrido a 21 de agosto nos arredores de Damasco.

O balanço mais recente do governo americano aponta para 1429 mortos, entre os quais 426 crianças. Uma tragédia que, segundo as provas que Washington afirma ter em seu poder, se deve às forças de Assad.

O secretário da Defesa Chuck Hagel e o secretário de Estado John Kerry vão comparecer perante a Comissão de Relações Externas do Senado para expor os elementos que incriminam o regime sírio.
O "momento de Munique" dos EUA

Um alto responsável do Departamento de Estado disse na segunda-feira a um grupo de congressistas democratas que um voto negativo a uma intervenção militar seria para a América o seu "momento de Munique". Uma alusão ao acordo de 1938 naquela cidade alemã, que ficou para a História como um símbolo da falta de firmeza da Grã-Bretanha e da França, face às provocações da Alemanha nazi.

Num esforço para convencer também a linha dura dos republicanos, a administração Obama terá garantido a um grupo de senadores desse partido que os ataques não visarão apenas as reservas de armas químicas da Síria, mas terão pelo contrário uma amplitude mais vasta, destinada a "degradar as capacidades militares do regime de Assad".

São sinais de que uma intervenção militar poderá não se limitar a alguns disparos de mísseis de cruzeiro como previa a maioria dos analistas, mas uma linha não deverá ser ultrapassada: Obama comprometeu-se publicamente em que "não haverá botas americanas no terreno", o que exclui qualquer tipo de ação terrestre de soldados dos EUA.
Presidente francês mantém determinação

A par dos Estados Unidos, também a França continua determinada a "castigar" Assad. O Presidente François Hollande exclui no entanto qualquer hipótese de Paris agir sozinho no que respeita à Síria.

O primeiro-ministro, Jean-Marc Ayrault, deixou em aberto a possibilidade de o Parlamento francês votar ou não sobre a questão quando se reunir para discutir a 4 de setembro.

"É ao Presidente [Hollande] que compete decidir se deve ter lugar um voto, que a nossa Constituição não exige", disse Ayrault.

Uma fonte próxima de François Hollande afirmou entretanto, a coberto do anonimato, que o Presidente terá dito que "um voto só se realizaria "quando ele tiver a certeza de sair vitorioso".

Fonte: www.rtp.pt
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir