Categoria Politica  Noticia Atualizada em 14-09-2013

Sindicatos na rua contra o cada vez mais frágil Governo de Donald Tusk
O Governo polaco está a um deputado de perder a maioria no Parlamento e enfrenta uma crescente contestação popular.
Sindicatos na rua contra o cada vez mais frágil Governo de Donald Tusk
Foto: AFP

Muitas dezenas de milhares de pessoas juntaram-se ontem no centro de Varsóvia para uma manifestação contra o Governo liberal de Donald Tusk, que está em queda nas sondagens e que dispõe de uma frágil maioria no Parlamento polaco.

"Queremos a partida de Donald Tusk. É a única forma de mudar a política social na Polônia", declarou Marek Lewandowski, porta-voz do Solidariedade, uma das três centrais sindicais que organizaram a manifestação. "Queremos que a idade da reforma seja aos 65 anos e não aos 67 anos como prevê o plano deste Governo. Queremos uma política social melhor e garantias para os trabalhadores", disse Lewandowski, citado pela AFP.

Ainda o Sol não tinha nascido e já centenas de autocarros transportando manifestantes chegavam à capital, vindo de todos os cantos da Polônia, nomeadamente da Silésia (sul), com mineiros e operários da siderurgia, bem como de Gdansk (norte), bastião do Solidariedade, com trabalhadores dos estaleiros navais. "Devemos ser cerca de cem mil manifestantes", disse Lewandowski.

A manifestação de ontem foi o ponto culminante de quatro dias de protestos organizados em Varsóvia. Os sindicatos reclamam a reposição da idade da reforma nos 65 anos e um aumento do salário mínimo. Denunciam a precariedade laboral e uma recente lei que autoriza um horário de trabalho extensível. Também acusam Donald Tusk, no poder desde 2007, de não ouvir as suas reivindicações.

No ano passado, em Setembro de 2012, cerca de 40 mil pessoas já se tinham manifestado em Varsóvia, igualmente para denunciar a política do governo.

A Polônia, com os seus 38 milhões de habitantes, é um peso pesado econômico da Europa Central. Viveu um crescimento contínuo desde que saiu do comunismo há vinte anos mas no primeiro trimestre de 2013 quase que entrou em recessão. No segundo trimestre, o PIB polaco aumentou apenas 0,4%.

Segundo os dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), o crescimento econômico polaco poderá chegar aos 1,2% este ano, devendo acelerar para 2,2% em 2014. No conjunto de 2012, a Polônia viu o seu PIB crescer "apenas" 1,9% depois dos 4,5% conseguidos em 2011.

O primeiro-ministro Tusk é o principal visado pelos ataques dos sindicalistas que, durante os protestos, lhe ergueram uma estátua em tamanho natural, pintada de dourado para simbolizar ironicamente as promessas não cumpridas do chefe de Governo.

Nas sondagens, a vantagem que separava o partido de Tusk, a Plataforma Cívica (PO), do seu principal rival, o partido conservado Direito e Justiça (PiS), de Jaroslaw Kaczynski, desapareceu. O PO recebe entre 21% a 25% das intenções de voto e o PiS tem entre 23% a 34%.

No Parlamento, a maioria governamental resume-se agora a um único assento parlamentar depois da demissão, na sexta-feira, de Jacek Zalek, deputado da PO, que disse não estar a conseguir concretizar os seus objetivos políticos. Foi o terceiro deputado a fazê-lo, deixando a coligação da PO com o pequeno partido PSL com 231 assentos parlamentares (num total de 460). E no calendário aproximam-se importantes votações sobre a revisão orçamental e a reforma das pensões.

Tusk diz-se em condições de governar até ao fim do seu mandato em 2015, mas não exclui a possibilidade de eleições antecipadas se perder a maioria. "Um governo minoritário durante dois anos", disse o primeiro-ministro, "é a pior coisa que se pode desejar à Polônia".

Fonte: www.publico.pt
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir