Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 17-09-2013

RELIGIíO E COMPORTAMENTO
Um tema como este merece, quem sabe, um tratado acadêmico. No mínimo, um ensaio. Não teremos nem uma coisa nem outra nesta página. Apenas considerações sobre um texto encontrado no último capítulo do sexto livro do Velho Testamento.
RELIGIíO E COMPORTAMENTO

O contexto é da despedida de um líder que marcou a vida de seus liderados com uma vida íntegra, corajosa e abnegada. Os subordinados foram convocados e ali receberam admoestações proferidas por alguém que conhecia a história daquela gente, suas virtudes e seus vícios, porque sempre esteve profundamente envolvido com eles em todas as circunstâncias.

O discurso de Josué – esse é o nome do líder – nos faz pensar assim: religião que se preza faz exigências éticas e morais aos seus seguidores. Daí porque eles foram advertidos a não persistirem nas práticas de seus antepassados que, por negligência aos ensinos recebidos através de seus profetas e sacerdotes, voltaram aos costumes e às práticas pagãs. A ordem era: "Joguem fora esses ídolos!"

Do alto de sua experiência, o comandante começa por mostrar aos seus atentos ouvintes a urgência de ter um foco exponencial na vida: Deus. Um foco que deveria ser fruto de uma escolha, de uma decisão pessoal. "Escolhei hoje a quem vocês vão servir!" Quero dar aqui ao termo servir, a ideia de submeter-se, direcionar a vida, ter um motivo pelo qual se possa viver e morrer. E Josué estimulou-os mostrando a direção certa: "Eu e a minha família já decidimos: nosso foco será sempre Jeová".

Estimulados assim, a plateia prorrompeu em gritos: "Nós também queremos isso!" Mas o experiente líder percebeu certa precipitação naquela decisão e argumentou de uma forma, a princípio, estranha: "Vocês não podem servir ao Senhor. Ele é um Deus santo e zeloso." Na verdade, ele detectou, assim nos parece, um pouco de leviandade e um conhecimento ainda precário da natureza do Deus a quem eles se prontificavam a servir. Eles desconheciam as exigências morais da religião. Desconhecer a santidade de Deus provoca desvio de caráter. Deixar de se importar com o zelo de Deus dá uma ideia de impunidade. Foi por isso que os seus antepassados se encantaram com o paganismo: havia cultos maravilhosos, clamores, espetáculos emocionantes, generosas oferendas, muita lágrima, muito sangue... Mas que exigências éticas e morais poderiam fazer os ídolos? Nenhuma!

E Josué "aperta" mais: "Vós mesmos sois testemunhas contra vós mesmos...". Em outras palavras ele quis reforçar a ideia de que "de Deus não se zomba; tudo que semearmos, colheremos", como escreveu séculos depois, um autêntico cristão chamado Paulo. Impactados com o argumento, o povo repete, agora tudo indica, com mais consciência: "Queremos também submeter a nossa vida a esse Deus moral, ético, que não comunga com impunidades".

Não é difícil imaginar que ao despedir o povo para as suas casas, Josué estivesse aliviado. Ele acabara de deixar com os seus liderados uma lição de vida das mais preciosas: Quando nos posicionamos ao lado da Verdade, fazemos uso do sagrado direito de escolha. Quando colocamos a vida na perspectiva de Deus, mostramos a nossa disposição em correr todos os riscos decorrentes desta decisão. E mais: tomar uma atitude séria como essa, implica ter consciência de que seremos exigidos em nosso procedimento moral, ético, comportamental.

Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Silvio Gomes Silva    |      Imprimir