Categoria Geral  Noticia Atualizada em 26-09-2013

A cada 100 mil mulheres amazonenses, 5,5 são vítimas de feminicídios
Estudo do Ipea divulgado nesta quarta-feira mostra que Lei Maria da Penha não reduziu violência.
A cada 100 mil mulheres amazonenses, 5,5 são vítimas de feminicídios
Foto: midiacon.com.br

Nos últimos três anos, 5,5 feminicídios, ou seja, mortes de mulheres por conflitos de gênero, foram registrados a cada grupo de 100 mil mulheres no Amazonas, segundo estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), nesta quarta-feira. A taxa, baseada no Subsistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde (MS) e em números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), equivale a 95 homicídios de mulheres, no Estado, de 2009 a 2011.

Com uma população estimada em 3.483.985 habitantes, sendo 1.730.806 mulheres, o Amazonas conta, conforme a pesquisa, com 1,7 assassinatos a mais que o estimado, em agosto deste ano, pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), criada para investigar casos de violência contra a mulher no país e apurar denúncias de omissão do poder público.

Na época, em relatório final, o Amazonas chegou a receber da CPMI, 32 recomendações de adequação no atendimento prestado a este público.

A criação de um serviço de perícia exclusivo e humanizado para as vítimas de violência, a designação de juízes para atuação na Vara de Violência Doméstica e Familiar da capital, estiveram entre as recomendações feitas pela Comissão para sanar a fragilidade do aparato local.

Em agosto, Manaus era a 20ª capital mais violenta do País com uma taxa de 5,2 homicídios femininos para cada cem mil pessoas deste gênero.

De acordo com a secretária executiva estadual de políticas para as mulheres, Márcia Álamo, é importante considerar que o aumento no número de feminicídios, no Estado, é proporcional ao empoderamento da mulher, ou seja, quanto mais ela trabalha e estuda, mais o parceiro se sente inseguro.

"O homem que até então era o único provedor da família passa a se sentir incomodado. Quando o agressor é dependente de drogas ou álcool, a possibilidade de ocorrer um caso de violência aumenta", disse.

Álamo rebate ainda que os casos de violência contra a mulher tenham aumentado no Amazonas, após a criação da Lei Maria da Penha. A existência de uma rede de atenção à mulher composta pelo Centro Estadual de Referências e Apoio à Mulher (Cream), Delegacia Especializada em Crimes Contra Mulher (DECCM) e Serviço de Atendimento às Vítimas de Violência Sexual (Savvis), que transformou o subregistro em estatísticas é, segundo a secretária, a responsável pelos maior número de casos divulgados, atualmente.

Com a expectativa de implantação de uma Casa da Mulher Brasileira no ano que vem, o Amazonas, segundo Álamo, deve receber, nos próximos meses, dois ônibus e quatro lanchas do governo federal para a realização de trabalhos itinerantes.

Para a coordenadora da União Brasileira de Mulheres (UBM), no Amazonas, Vanja Andréa dos Santos, apesar do importante papel cumprido pela Lei Maria da Penha, criada há sete anos, a legislação por si só não resolve toda a problemática que envolve a violência doméstica, sendo necessário também implementar políticas públicas que colaborem com seu cumprimento.

"Temos ainda hoje um déficit muito grande em relação aos serviços de atendimento à mulher em estado de violência. A pactuação dos governos federal, estadual e municipal é muito importante. Cada um desses governos tem que assumir responsabilidades", afirmou.

Segundo Santos, a vergonha, o medo de ser maltratada novamente, de envolver os filhos na violência ou não ter como sustentar a família são alguns dos fatores que impedem e contribuem para que muitas mulheres não denunciem a violência sofrida.

"Arriscaria dizer que apesar de tudo isso, o número de denúncias aumentou. Até a um tempo, as mulheres e a sociedade falavam muito pouco nesse tipo de crime. Graças à Lei e ao ainda tímido serviço de enfrentamento à violência que vem sendo implantado, ainda sem a participação das prefeituras, as mulheres tem criado coragem de enfrentar a situação", disse.

A coordenadora destaca ainda que o ditado ‘Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher’ está cada vez mais ultrapassado e que é preciso fortalecer a Lei Maria da Penha, assim como trabalhar a mudança de comportamentos.

"Esperamos que a luta da Maria da Penha e de tantas outras mulheres ao longo dos séculos possa valer a pena e nos colocar num patamar de igualdade em breve", afirmou.

Fonte: www.d24am.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir