Requerimento foi apresentado por advogado após manifestação de mãe.
Outros cinco sobreviventes foram ouvidos nesta quarta em Santa Maria.
Foto: www.bahianoticias.com.br Uma discussão sobre a presença de familiares das vítimas marcou a audiência desta quarta-feira (25) sobre a tragédia na boate Kiss na Justiça de Santa Maria. A defesa de um dos quatro réus no processo criminal solicitou que os parentes fossem impedidos de assistir aos depoimentos, mas o pedido foi negado pelo juiz Ulysses Louzada.
O requerimento foi apresentado pelo advogado depois que a mãe de um dos 242 mortos no incêndio fez um comentário durante o depoimento de uma das vítimas. Pouco antes, o juiz havia determinado que a mulher se retirasse do Salão do Júri do Fórum, a pedido de outro advogado.
Nesta quinta-feira (25), mais cinco sobreviventes do incêndio prestaram depoimento. O primeiro a depor foi um porteiro da boate que disse ter ajudado no resgate das vítimas. Quando indagado sobre o controle de público, ele falou que, quando a casa estava cheia, recebia ordem para só permitir a entrada de mais pessoas mediante a saída de outras.
Em seguida, dois frequentadores também fizeram o seu relato sobre a tragédia. Um deles disse que não frequentava muito a Kiss porque o local estava sempre lotado assim como na madrugada de 27 de janeiro. Ambos disseram nunca ter visto outras apresentações com fogos durante as festas, apenas artefatos pirotécnicos em bebidas, oferecidas a aniversariantes. Nesta quinta (26), mais seis pessoas devem ser ouvidas.
Entenda
O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul, na madrugada de domingo, dia 27 de janeiro, resultou em 242 mortes. O fogo teve início durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que fez uso de artefatos pirotécnicos no palco.
O inquérito policial indiciou 16 pessoas criminalmente e responsabilizou outras 12. Já o MP denunciou oito pessoas, sendo quatro por homicídio, duas por fraude processual e duas por falso testemunho. A Justiça aceitou a denúncia. Com isso, os envolvidos no caso viram réus e serão julgados. Dois proprietários da casa noturna e dois integrantes da banda foram presos nos dias seguintes à tragédia, mas a Justiça concedeu liberdade provisória aos quatro em 29 de maio.
Veja as conclusões da investigação
- O vocalista segurou um artefato pirotécnico aceso no palco
- As faíscas atingiram a espuma do teto e deram início ao fogo
- O extintor de incêndio do lado do palco não funcionou
- A Kiss apresentava uma série das irregularidades quanto aos alvarás
- Havia superlotação no dia da tragédia, com no mínimo 864 pessoas
- A espuma utilizada para isolamento acústico era inadequada e irregular
- As grades de contenção (guarda-corpos) obstruíram a saída de vítimas
- A casa noturna tinha apenas uma porta de entrada e saída
- Não havia rotas adequadas e sinalizadas de saída em casos de emergência
- As portas tinham menos unidades de passagem do que o necessário
- Não havia exaustão de ar adequada, pois as janelas estavam obstruídas
Fonte: g1.globo.com
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