Categoria Policia  Noticia Atualizada em 10-10-2013

"Não quebrei nada", diz estudante presa em manifestação em SP
A estudante de moda Luana Bernardes Lopes, 19, presa na noite de segunda-feira (7) durante protesto em São Paulo afirmou em nota publicada em seu perfil no Facebook que não quebrou nada durante a manifestação.

Foto: g1.globo.com

"Não quebrei nada, não depredei nenhum patrimônio publico, não bati, quebrei, atirei pedras em carro, loja ou estabelecimento publico algum. Nunca fui a favor de nenhum tipo de violência gratuita", escreveu a jovem.

Luana também afirmou que Humberto Caporalli, 24, artista plástico que foi preso com ela, é apenas seu amigo. Os dois foram indiciados pela polícia com base na Lei de Segurança Nacional, sancionada em 1983, ainda na época da ditadura militar.

Segundo a polícia, eles estariam participando da depredação de um carro da Polícia Civil no local.

A principal prova encontrada pela polícia foram fotografias salvas na câmera de Humberto, registrando o ataque ao carro oficial, que foi virado. Os dois jovens foram soltos na noite de quarta-feira (9).
Em seu comunicado, Luana conta que foi apenas fotografar o protesto e que se cometeu um crime foi o de "acreditar com toda minha fé que única arma que pode mudar algo é a da arte."

"Nessa segunda feira dia 7, sai de casa mais ou menos as 17h para fotografar um evento que, segundo o Facebook, era sobre os professores com apenas 3.000 pessoas confirmadas. Fomos eu e Humberto - meu amigo, não namorado - com uma câmera na mão e algumas tintas", escreveu.

"Nos propomos a ir lá fotografar um momento de nosso tempo - não sei se faz sentido a vocês, mas sempre fui uma grande apaixonada, e curiosa pela historia do mundo - e foi isso, e apenas isso que fizemos, que fiz", completou.
De acordo com a estudante, as fotos seriam "retratos da doença social que nos afeta todos os dias". "Os retratos foram tirados, e o choro dessa cidade enorme cabia então na minha mochila, e agora já chegou a todo canto desse sofrido pais."

Relaxamento da prisão
O juiz do Departamento de Inquéritos Policiais (Dipo), Marcos Vieira de Morais, determinou na quarta o relaxamento da prisão do casal.

Luana saiu da cadeia pública de Franco da Rocha, na Grande São Paulo, por volta das 16h de quarta, segundo a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária). Humberto Caporalli deixou a Detenção Provisória, em Belém, na zona leste da capital, às 23h30.

Os jovens foram indiciado com base no art. 15 da Lei de Segurança Nacional, que diz que é crime "praticar sabotagem contra instalações militares, meios de comunicações, meios e vias de transporte, estaleiros, portos, aeroportos, fábricas, usinas, barragem, depósitos e outras instalações congêneres" e prevê pena de reclusão de três a dez anos.

Os dois também vão responder por dano ao patrimônio, incitação ao crime, associação criminosa e pichação de monumento urbano. Humberto foi indiciado ainda por posse ilegal de arma de fogo de uso restrito --na mochila dele foi encontrada uma bomba de gás usada.

"Luana não é terrorista"
Estudantes e professores da FASM (Faculdade Santa Marcelina), onde Luana estuda, divulgaram uma carta em apoio à colega.

"Luana, nossa colega, não é uma terrorista. (...) É intolerável sua prisão e de qualquer outro jovem que decida externar sua insatisfação quanto aos rumos políticos e sociais da sociedade em que vive", dizem os signatários da carta.

"A prisão de uma jovem e outros dez acusados, sob um dispositivo penal que remete ao quadro jurídico da Ditadura Civil-Militar, preocupa os corpos docente e discente dessa Faculdade", diz a carta.

O texto pede a liberdade de Luana para que ela possa voltar às aulas e faz críticas a medidas autoritárias que possam remeter à ditadura militar.

"Não vivemos mais sob um período de exceção e acreditamos que na democracia se educa em liberdade. Que nossa colega seja libertada e possa retornar para concluir o seu curso e contribuir para as necessárias transformações em nosso país".

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir