Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 16-10-2013

O CONDE
Seria um carango caindo aos peda�os? N�o. O playboy estava se referindo ao seu cadilac �Bentley Continental Flying Spur� avaliado em 1 milh�o e qualquer coisa.
O CONDE

Causou certa celeuma quando ele divulgou a not�cia de que iria fazer o sepultamento do seu carro, como faziam os fara�s. Seria um carango caindo aos peda�os? N�o. O playboy estava se referindo ao seu cadilac "Bentley Continental Flying Spur" avaliado em 1 milh�o e qualquer coisa.

Soube disso ouvindo, por acaso, um coment�rio de rua: "Mas, hem! E aquele louco que disse que vai enterrar o seu carr�o importado? � cada uma que aparece, n�o?" Fiquei curioso e fui atr�s da fonte daquela not�cia meio esquisita. Bota esquisito nisso!

O conde Francisco Scarpa Filho, mais conhecido como Chiquinho Scarpa, famoso playboy brasileiro sempre presente nos meios de comunica��o em festas da elite paulista, completou 66 anos no �ltimo dia 13 de setembro de 1947. Quer dizer: est� longe de ser um velhinho caduco... E o frisson causado por essa not�cia � plenamente justific�vel. Nunca se viu tal coisa! Sabe-se de excentricidades de milion�rios. Mas essa foi de uma originalidade espantosa. Milion�rios exc�ntricos sempre est�o surpreendendo com suas atitudes incomuns. Mas desta vez o "Bon vivant" extrapolava. Suas gabolices s�o conhecidas. A que mais chamou a aten��o foi quando, em 1977, veio a p�blico contar detalhes de um prov�vel romance com a princesa de M�naco. Posou de irresist�vel com as mulheres. Consta que tenha sido at� um tanto despudorado nas suas declara��es. De cima de uma montanha de cifras qualquer um pode dizer o que quer... Ser�?

Sempre olhei com desconfian�a essa mania de ostenta��o de riqueza por parte daqueles que de forma honesta ou nem tanto, amealharam alguma fortuna ao longo da exist�ncia. Pode parecer a alguns que � sentimento velado de inveja por "n�o ter nem onde cair vivo". Mas n�o �. Estou certo de que devo isso � vis�o crist� da vida que me foi inoculada desde muito cedo. Aquele que � tido como o fundador do Cristianismo, falou sobre viver com simplicidade e mostrou com a pr�pria experi�ncia como isso pode ser poss�vel. Bens materiais nunca foram colocados pelo "Meigo Nazareno" como algo imprescind�vel. "Olhai os l�rios dos campos". O mundo seria outro se os princ�pios da n�o-gan�ncia ensinados por Ele estivessem presentes nos relacionamentos entre as pessoas e entre as na��es.

Mas, voltemos ao milion�rio. Tudo n�o passou de um modo inteligente e inusitado de promover a "Semana de Doa��o de �rg�os", observada nos dias 23 a 29 de setembro. De forma premeditada, o conde deu um tapa de luva em quem, precipitadamente, fez mau ju�zo de sua atitude. Mais uma vez ficou patenteado que n�s estamos acostumados a dar mais valor ao que n�o tem tanto valor. Toda a revolta que perpassou pelo nosso �ntimo (de alguns) foi transformada em aplausos. Os meus, pelo menos. Se ele apenas declarasse que era um doador de �rg�os, n�o chamaria a aten��o como chamou. "Eu n�o enterrei meu carro, mas todo mundo achou um absurdo quando disse que ia fazer isso. Absurdo � enterrar seus �rg�os que podem salvar muitas vidas. Nada � mais valioso. Seja um doador, avise sua fam�lia.", postou Chiquinho no facebook.

�s vezes, falta-nos um pouco mais de informa��o. � poss�vel que nem todos saibam quais s�o os �rg�os e tecidos do�veis. Sabe-se, por exemplo, que pulm�o, p�ncreas, vasos sangu�neos intestino, oss�culos do ouvido, pele, cora��o, v�lvulas card�acas, c�rneas, medula �ssea, f�gado, rins, tend�es e meninge podem ser transplantados. No caso do rim, medula �ssea, p�ncreas, f�gado e pulm�o, existe a possibilidade de que se realize o transplante com doador vivo.
A legisla��o brasileira permite a doa��o de �rg�os entre parentes at� quarto grau. Al�m desse grau de parentesco � necess�ria uma autoriza��o judicial. Doa��o p�s-morte envolve tipicamente pessoas que sofreram um acidente que provocou um dano na cabe�a (acidente com carro, moto, quedas etc.). Para serem doadores p�s-morte, os pacientes devem ter sofrido uma morte encef�lica (morte do c�rebro e tronco cerebral). A fam�lia � quem decide se os �rg�os devem ser doados ou n�o, independentemente da decis�o do poss�vel doador em vida.

�s vezes, falta sensibilidade mesmo! Vai entender quem se coloca contra essa campanha que teve a ades�o espalhafatosa do Conde Chiquinho Scarpa! Respeitemos particularidades religiosas ou outros motivos pessoais confess�veis ou n�o. Uma coisa � certa: pode chegar o dia em que eu ou um dos meus, precise de um doador. Ainda assim eu me manterei irredut�vel na minha posi��o?

Fonte: O Autor
 
Por:  Silvio Gomes Silva    |      Imprimir