Categoria Policia  Noticia Atualizada em 22-10-2013

Testemunhas identificam quatro PMs que torturaram Amarildo, diz MP
Segundo promotora, outros PMs s�o suspeitos de participar ativamente. Mais 15 PMs foram denunciados pelo crime, totalizando 25 acusados.
Testemunhas identificam quatro PMs que torturaram Amarildo, diz MP
Foto: g1.globo.com

Ap�s depoimentos, foram identificados quatro policiais militares que participaram ativamente da sess�o de tortura a que o ajudante de pedreiro Amarildo de Souza foi submetido ao lado do cont�iner da UPP da Rocinha, na Zona Sul do Rio. Segundo informou o Minist�rio P�blico nesta ter�a-feira (22), testemunhas contaram a policia sobre a participa��o desses policiais no crime.

De acordo com a promotora Carmem Elisa Bastos, do Grupo de Atua��o Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), o tenente Luiz Medeiros, o sargento Reinaldo Gon�alves e os soldados
Anderson Maia e Douglas Roberto Vital torturaram Amarildo depois que o ajudante de pedreiro foi levado para uma "averigua��o" para a base da UPP. Amarildo est� desaparecido desde 14 de julho. Ainda segundo eles, outros PMs s�o suspeitos de participar ativamente da a��o.

Segundo o MP-RJ, mais 15 policiais militares, entre eles tr�s mulheres, foram denunciados pelo �rg�o, totalizando 25 acusados pelo crime. As tr�s policiais militares foram denunciadas por tortura � uma delas havia prestado depoimento na semana passada.

Dos novos denunciados, tr�s ter�o a pris�o preventiva decretada: sargento Reinaldo Gon�alves, sargento Lourival Moreira e soldado Wagner Soares. Gon�alves permanecia no cargo at� a manh� desta ter�a-feira, antes da divulga��o do aditamento da den�ncia.

Segundo a PM, ser� pedido o afastamento do cargo de todos que tiverem a pris�o decretada.

Quatro PMs que estavam no cont�iner durante a execu��o de Amarildo n�o foram denunciados, j� que a promotoria entendeu que eles foram coagidos a aceitar a situac�o. "Eles foram debochados pelos outros policiais e, por se sentiram amea�ados, decidiram n�o interromper o crime", disse a promotora.

Forma��o de quadrilha

Ainda segundo ela, dentre os denunciados, 13 policiais foram indiciados por formac�o de quadrilha. Um deles era o major Edson Santos, que encontrava-se no cont�iner de cima, mas que estaria de acordo com toda a situa��o; um tenente, tr�s sargentos e oito soldados que vigiavam o local do crime.

Do total de denunciados, 17 devem responder tamb�m por oculta��o de cad�ver e quatro por fraude processual, j� que houve a tentativa de esconder as provas do assassinato.

Os quatro policiais acusados de tentar ocultar as provas s�o: major Edson Santos, tenente Luiz Medeiros, soldado Marlon Campos Reis e o soldado Douglas Roberto Vital Machado. O major Edson Santos foi denunciado por todos os crimes, sendo dois deles por fraude processual.

Telefonema forjado

A promotoria afirmou que a liga��o que teria sido feita pelo traficante Thiago da Silva Mendes Neris, o Catatau, de 24 anos, que assumia a autoria do assassinato quatro dias ap�s o desaparecimento de Amarildo, foi forjada por policiais militares.

De acordo com Carmem, o soldado Marlon Campos Reis realizou o telefonema forjado do bairro de Higien�polis, no sub�rbio, sob orienta��o pr�via do major Edson Santos, e na companhia do soldado Douglas Vital. "O Marlon usou um celular que tinha sido apreendido na Rocinha, que eles sabiam que estava interceptado, para se passar pelo traficante."

A promotoria disse que foram feitas an�lises das vozes dos policiais e do traficante de drogas para chegar a essa conclus�o. "A per�cia feita deu negativa para a voz do Catatau", completou.

Novo depoimento

Mais um Policial Militar da Unidade de Pol�cia Pacificadora (UPP) da Rocinha prestou depoimento nesta segunda-feira (21) para o Minist�rio P�blico sobre o desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza. Ele tamb�m acusou os PMs j� presos de torturarem at� a morte o ajudante de pedreiro, como mostrou o RJTV.

Passou para cinco o n�mero de policiais militares da UPP da Rocinha que decidiram colaborar com as investiga��es do Minist�rio P�blico. Segundo promotores, as declara��es feitas nesta segunda-feira pelo policial refor�am o depoimento dado pelo primeiro PM.

H� oito dias, ele afirmou que os policiais que estavam dentro da base da UPP da Rocinha ficaram aterrorizados com a viol�ncia durante a tortura contra Amarildo de Souza.

O policial havia contado que o ajudante de pedreiro foi torturado ao lado dos containeres da UPP. E que os PMs se articularam para apagar provas e atrapalhar o inqu�rito da pol�cia civil.

Denunciados

Dez PMs, entre eles o ex-comandante da UPP da Rocinha, major Edson Santos, j� haviam sido denunciados e est�o presos e pelos crimes de tortura seguida de morte e oculta��o de cad�ver. Na �ltima sexta-feira (18), o major e o tenente Luiz Felipe de Medeiros foram transferidos da unidade prisional da PM para o pres�dio Bangu 8. Os promotores acreditam que eles estivessem impedindo colegas presos de prestar novas declara��es.

O Minist�rio P�blico tenta convencer os PMs presos a falar o que sabem em troca da redu��o da pena, em caso de condena��o. Ainda esta semana, outros policiais da UPP ser�o denunciados pelos promotores por participa��o no crime.

Capa de moto

O policial militar que prestou depoimento no MP sobre o desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza disse que a capa da motocicleta usada para esconder o corpo do ajudante de pedreiro e retir�-lo da favela ap�s a tortura, pertencia ao major Edson Santos, ex-comandante da UPP da Rocinha.

Ainda segundo o policial, durante a tortura o ajudante de pedreiro teria sido afogado dentro de um balde que ficava ao lado da UPP. O recipiente servia para armazenar a �gua que escorria do ar-condicionado do cont�iner. O ajudante de pedreiro ainda teria sido submetido a choques. Em depoimento, o policial tamb�m disse que os envolvidos prejudicaram o trabalho da pol�cia. Um dia depois do desaparecimento de Amarildo, o local foi limpo e todos os vest�gios de sangue apagados. Dois diuas depois da tortura eles tamb�m teriam jogado �leo no piso e constru�do um dep�sito no local.

Entenda o caso

Amarildo sumiu ap�s ser levado � sede da UPP da Rocinha, onde passou por uma averigua��o.

Ap�s esse processo, segundo a vers�o dos PMs que estavam com Amarildo no dia 14 de julho, eles ainda passaram por v�rios pontos da cidade do Rio antes de voltarem � sede da Unidade de Pol�cia Pacificadora, onde as c�meras de seguran�a mostram as �ltimas imagens de Amarildo, que, segundo os policiais, teria deixado o local sozinho.

No dia 27 de setembro, uma ossada achada em Resende, no Sul Fluminense, passou por uma necr�psia, motivada pelas suspeitas de que poderia ser de Amarildo. O relat�rio, por�m, foi considerado inconclusivo, e a ossada ser� novamente analisada no Rio de Janeiro.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir