Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 28-10-2013

O retrato de um mundo avacalhado

O retrato de um mundo avacalhado

A frase � de Nelson Rodrigues: "o Brasil � muito impopular dentro do Brasil". Assim, tudo que diga respeito � nossa p�tria logo recebe os adjetivos "esculhambado", "avacalhado" etc. Nosso grande sonho, acalentado desde a inf�ncia, � chegar ao s�rio "1� Mundo", no qual tudo funcionaria melhor.
Fiquei pensando nisso h� poucos dias, quando li que Willie Bean se candidatou � prefeitura de Fairhope (EUA) � trata-se de um cachorro da ra�a Labrador. Ali�s, ainda sobre elei��es, deu empate na de Cave Creek, tamb�m nos EUA. A solu��o? Decidiu-se a vaga atrav�s de um jogo de baralho! Fiquei pasmo ao ver a fotografia do juiz da cidade embaralhando as cartas diante dos dois candidatos ao cargo.
N�o menos curiosa � a Constitui��o do Arkansas (EUA), a qual previa que "nenhuma pessoa idiota ou maluca pode votar". Sugeriu-se, recentemente, uma mudan�a nesta lei, proibindo que idiotas se candidatem a cargos p�blicos. Enquanto isso, na Rom�nia, os eleitores devem ter achado todos os candidatos idiotas, e decidiram eleger Neculai Ivascu � um morto!
Na conceituada Cor�ia do Sul descobriram 134 servidores p�blicos pelas ruas distribuindo dinheiro e presentes a eleitores, buscando a reelei��o dos pol�ticos que os contrataram. No Reino Unido, anunciou-se que os eleitores que comparecessem �s elei��es locais seriam premiados com televisores, iPods e at� vales para compras de supermercado. Diante da repercuss�o na imprensa, o governo ingl�s defendeu-se dizendo que a id�ia j� era utilizada nos EUA, onde s�o distribu�das at� galinhas para os eleitores. Na R�ssia, registrou-se que o partido "R�ssia Unida", do presidente Putin, estava a distribuir mochilas e at� garrafas de vodca para os eleitores. E nos EUA jornais denunciaram que um dos candidatos a prefeito de Nova York gastou US$ 85 milh�es em sua campanha.
Para completar, na China os eleitores da cidade de Dingmei foram �s ruas protestar contra a falta de corrup��o eleitoral. Em diversas entrevistas, os moradores declararam sempre ganhar dinheiro e presentes dos candidatos, algo que n�o aconteceu nas �ltimas elei��es em fun��o de uma promessa religiosa feita por estes, e que desagradou a todos.
No s�rio Jap�o, os jornais denunciaram que os membros do Congresso Nacional embolsaram um sal�rio de R$ 45 mil por apenas dois dias de trabalho no m�s de agosto do ano passado. No M�xico, denunciou-se que os parlamentares apreciaram apenas 2,6% dos projetos que lhes competiam durante um per�odo legislativo inteiro. Na s�ria e conceituada Uni�o Europ�ia, um Eurodeputado alem�o tornou p�blicas as provas de que em 7,2 mil casos seus colegas assinaram a lista de presen�as logo de manh� e foram embora para casa, recebendo sem trabalhar.
Na Argentina, uma ONG levou � justi�a o caso de 17 listas de frequ�ncia do Congresso Nacional, que davam como presentes �s sess�es deputados que estavam em Bras�lia, Nova York e at� nas Filipinas. No Jap�o, denunciaram em 2008 que nada menos que 150 parlamentares viajaram para o exterior durante as f�rias por conta do governo. E na �ndia explodiu o esc�ndalo dos parlamentares que receberam propostas de venda de votos a troco de R$ 1 milh�o.
Diante deste quadro, que tal olharmos com um pouco mais de carinho e esperan�a as nossas institui��es, nos situando no mundo com mais justi�a? Afinal, e volto a citar Nelson Rodrigues, "nossa trag�dia � que n�o temos o m�nimo de autoestima".

Fonte: O Autor
 
Por:  Pedro Valls Feu Rosa    |      Imprimir