Categoria Geral  Noticia Atualizada em 13-11-2013

Peritos retiram gases de sepultura antes de exumação de Jango no RS
Procedimento começou no início da manhã e não tem hora para acabar. Familiares e autoridades acompanham exumação de ex-presidente.
Peritos retiram gases de sepultura antes de exumação de Jango no RS
Foto: g1.globo.com

Depois de quase uma manhã inteira de trabalho no Cemitério Jardim da Paz, em São Borja, peritos que atuam na exumação do corpo do ex-presidente João Goulart fazem a retirada de gases dentro do jazigo da família Goulart, onde estão enterradas nove pessoas. De acordo com os especialistas, o procedimento faz parte de um protocolo internacional e serve para evitar perda do material que será analisado.

O processo começou por volta das 11h e deve demorar cerca de 1h. Depois da retirada, os gases também serão levados para análise em Brasília. "Abrimos a tampa do jazigo, fizemos a identificação e tudo está de acordo com o que esperávamos. Estamos agora em um processo de coleta de material gasoso na sepultura. Isso é um processo normal, que faz parte da metedologia. Queremos eliminar qualquer possibilidade de perda de material", explicou à imprensa Amaury de Souza Junior, perito da PF e coordenador do trabalho.

Desde o início desta quarta-feira (13), o cemitério está isolado. Somente os peritos, familiares e autoridades podem assistir à exumação. O trabalho começou pouco antes das 8h e não tem hora para acabar. Depois da retirada, os restos mortais serão levados de helicóptero até Santa Maria, de onde seguem para Brasília. Na quinta-feira (14), haverá uma cerimônia na capital federal.

O perito cubano Jorge Perez, que participou da exumação do corpo de Che Guevara, foi convidado pela família de Jango integrar a equipe. Ele explica como foi feito o trabalho até agora. "Seguimos um protocolo internacional. Antes de abrir o caixão, fizemos uma inspeção ocular das posições dos caixões para saber exatamente o lugar em que vamos trabalhar. Nesses lugares, fizemos perfurações na parede para recolher as amostras gasosas. Será mais ou menos uma hora de extração de gás, em três pontos diferentes, para três famílias de substâncias diferentes", afirmou.

Um representante da Cruz Vermelha também acompanha a operação em São Borja. "O Comitê Internacional da Cruz Vermelha aceitou a missão que foi solicitada pela família Goulart e pelo governo brasileiro para prestar seus serviços. A ideia é assegurar o máximo de garantias para os interesses da família e dos protocolos científicos do mais alto padrão", disse Felipe Donoso.

O objetivo do procedimento é esclarecer se Jango morreu de ataque cardíaco, como consta na documentação oficial, ou se foi assassinado por envenenamento. Nos últimos anos, surgiram evidências de que o ex-presidente pode ter sido mais uma vítima da Operação Condor, a aliança entre as ditaduras do Cone Sul para eliminar opositores além das fronteiras nacionais.

Do cemitério, os restos mortais de Jango serão levados até o aeroporto de São Borja. Um helicóptero da Força Aérea Brasileira (FAB) fará o transporte até a Base Aérea de Santa Maria, na Região Central do estado, de onde será feito o traslado até Brasília.

O corpo de Jango deve chegar por volta das 10h de quinta-feira (14) à capital federal, onde será recebido com honras de chefe de Estado. Segundo a Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, a presidente Dilma Rousseff vai participar da solenidade. Ex-presidentes como Lula, Fernando Henrique Cardoso e José Sarney também foram convidados.

Morte ocorreu em exílio na Argentina

Jango morreu em 6 de dezembro de 1976 em sua fazenda em Mercedes, na Argentina.

Cardiopata, ele teria sofrido um infarto, mas uma autópsia nunca foi realizada. Na última década, novas evidências reforçaram a hipótese de que o ex-presidente teria sido envenenado por agentes ligados à repressão uruguaia e argentina, a mando do governo brasileiro.

A principal delas foi o depoimento dado pelo ex-espião uruguaio Mario Neira Barreiro ao filho de

Jango João Vicente Goulart, em 2006. Preso por crimes comuns, ele cumpria pena em uma penitenciária de Charqueadas, no Rio Grande do Sul, quando disse que espionava Jango e que teria participado de um complô para trocar os remédios do ex-presidente por uma substância mortal.

Em 2007, a família de Jango solicitou ao Ministério Público Federal (MPF) a reabertura das investigações. O pedido de exumação foi aceito em maio deste ano pela Comissão Nacional da Verdade (CNV). Tanto o governo federal quanto membros da família Goulart acreditam que há indícios de que o ex-presidente possa ter sido assassinado.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir