Categoria Policia  Noticia Atualizada em 05-12-2013

Criadora de "Toplessaço"no Rio quer que topless não seja "caso de polícia"
Evento acontecerá no dia 21 de dezembro na Praia de Ipanema, Zona Sul. Organização pensou em evento após repreensão na Marcha das Vadias.
Criadora de
Foto: g1.globo.com

A ideia surgiu durante a Marcha das Vadias, realizada no Rio no dia 27 de julho. A atriz e produtora de teatro Ana Rios e a amiga Bruna Oliveira estavam juntas no evento – que reivindicava a igualdade de direitos para homens e mulheres e protestava contra o deputado Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara –, quando perceberam olhares de repreensão de quem passava pelo entorno.
Durante a marcha, elas usavam sutiãs e outras integrantes faziam topless. Incomodadas com a repressão, decidiram criar um "Toplessaço", marcado para o dia 21 de dezembro, na Praia de Ipanema, Zona Sul da cidade. "É um absurdo que no Rio o topless tenha virado caso de polícia. Me incomoda o fato de um policial perder o tempo dele indo pedir para alguém colocar biquíni", reclamou Ana.
"Durante a marcha, percebi que a existência do topless era muito agressiva. Ouvi várias pessoas falando coisas horríveis. Comentei com a Bruna como achava louco as pessoas terem uma reação tão violenta com o corpo feminino. Há uma aceitação em um contexto de compra e venda, mas não no contexto natural. Até em revistas de amamentação, é muito raro ver mulheres com os peitos de fora", disse a organizadora do evento ao G1.

Na época, por causa do inverno, Ana e Bruna combinaram que fariam o evento no primeiro sábado de verão. A ideia foi reforçada após a publicação de uma matéria no jornal "O Globo", no dia 2 de dezembro, que citava um episódio ocorrido na Praia do Arpoador, em 14 de novembro. Na ocasião, os atores Cristina Flores e Álamo Facó posavam para a campanha de divulgação da peça "Cosmocartas". Segundo a reportagem, Cristina tirou a blusa e foi repreendida por policiais militares.

"Vi a matéria do "Globo" e pensei: "Caramba, mais uma vez". O fato mais importante é a naturalização do corpo. Por que temos que lidar com o corpo como consumo ou como vergonha? Mas o mais importante de tudo é isso ser caso de polícia. Todo mundo mamou no peito, e isso [topless] não pode ser assunto de polícia", destacou Ana.

Protesto coletivo, mas de forma individual
As organizadoras não querem usar megafones para pedir que as pessoas tirem a parte de cima do biquíni. Eles propõem um ato descentralizado. "É uma coisa de micropolítica. No primeiro dia, as pessoas vão achar estranho, mas a ideia é ir naturalizando. Prefiro que seja uma decisão de cada um. Mas já vi que tem uma galera se organizando. Tem gente preocupada com a reação da polícia. Talvez mais perto, a gente acabe marcando um ponto de encontro. Mas a ideia é que seja um ato individual. Um ato coletivo, mas individualmente realizado", pontuou Ana.

Para ela, o moralismo e o machismo são os responsáveis pelo espanto que o topless ainda causa nos brasileiros. "A mulher é vista como propriedade ou objeto a ser desejado. A gente tem muita dificuldade de ser só pessoa. Acaba que os hábitos são todos só baseados nisso. [O topless] é uma coisa que já se estabeleceu no mundo. A gente não conseguiu isso no Brasil. A gente tem o culto ao corpo, mas não tem uma aceitação dos corpos como eles são".

O evento foi criado no Facebook na segunda-feira (2) à noite. Na tarde de quarta-feira (4), mais de 10 mil pessoas já haviam sido convidadas, com mais de 1.500 confirmações de presença. De acordo com Ana, homens também devem participar com a parte de cima de biquíni para mostrar solidariedade ao movimento.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir