Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 11-12-2013

DOIS GOIANOS NA TERRA DE DOMINGOS MARTINS
Vivi o verdor dos meus anos em terras de Anhanguera. Na verdade eu n�o era t�o inexperiente. Cheguei a Goi�s contando meus vinte e cinco anos e sa� no ano em que completaria trinta e dois.
DOIS GOIANOS NA TERRA DE DOMINGOS MARTINS

Vivi o verdor dos meus anos em terras de Anhanguera. Na verdade eu n�o era t�o inexperiente. Cheguei a Goi�s contando meus vinte e cinco anos e sa� no ano em que completaria trinta e dois.

Ah! Ainda era aquele imenso Goi�s com seus 619.710 km2. O formato do mapa - dizia-se - tinha a apar�ncia de uma chama... Depois veio a cria��o do Estado de Tocantins, pela Constitui��o de 1988. Isto deixou o mapa sem o seu formato original, mas n�o se perdeu a ideia que dali vinha: povo brilhante e caloroso. Naquele tempo, Cora Coralina e Bernardo �lis, ainda eram expoentes intelectuais viv�ssimos e genial�ssimos, enchendo o cora��o goiano de orgulho!

Goi�s foi bom para mim enquanto durou e mais um pouco. Por l�, iniciei-me no Minist�rio e no Magist�rio. Por l�, pus fim a minha solteirice quase convicta, e dei os primeiros passos de casado (ela � capixaba) e por l�, tamb�m, me nasceram os dois primeiros filhos... Ambos os partos foram realizados em Goi�nia, que dista apenas uns 50 km de An�polis, onde mor�vamos. Boas lembran�as do Dr. Saulo, obstetra amigo que nos assistiu em nossa inexperi�ncia. No primeiro parto, nem sab�amos o que era pr�-ecl�mpsia. Quando falei, por telefone, pra minha sogra, que morava em Colatina, ela quase deixou o arroz no fogo e se mandou para An�polis. E filha e genro tranquilos, como se fosse uma simples febre... Ela chegou por l� esbaforida, e nos ajudou nos cuidados com a primeira neta que hoje, est� para lhe dar uma segunda bisnetinha. A essa, a bisav� coruja n�o se faz mais presente para oferecer os seus chamegos adocicados...

Deixamos as Terras de Anhanguera em 1983. Voltamos ao Esp�rito Santo donde sair�amos ainda mais uma vez para o Centro-Oeste, desta feita para uma experi�ncia de quase tr�s anos, em Dourados-MS; e dali retornar�amos, novamente, para esta terrinha santa, de onde pretendemos jamais sair. Em 1988 �ramos cinco. Trouxemos o ca�ula, gerado em Dourados, e que, entretanto, nascera em Vit�ria. "Aportamos" em Maril�ndia (Terra de Camata) e l� ficamos um bom per�odo.

Em 1994 voltei a Goi�s, a passeio!... Foi emocionante rever pessoas amigas que ali deixara e que revia com indiz�vel prazer... � muito pequi na galinhada! Em Itapuranga, cidadezinha que foi meu portal de entrada, reencontrei, depois de quinze anos, "Dona Preta", propriet�ria do "Hotel dos Viajantes" onde morei at� sair dali, casado. Fui visit�-la e ela, toda sorriso, ao reconhecer-me: "N�o � poss�vel!... N�o � poss�vel!" � dizia enquanto me sufocava com seu abra�o de mulhera�a de elevada estatura... Quanta saudade, meu Deus!

E vejam s�! Quando essas lembran�as bruxuleiam na mem�ria e a gente acha que n�o tem porque voltar ao passado, eis que surgem dois goianos at� ent�o desconhecidos, vindos de Caldas Novas, cidade que nunca visitamos quando por l� estivemos e, de uma forma "sem-cerim�nia", invadem nossos cora��es, numa visita, meio indireta. Sim. Meio indireta porque vieram ver uma amiga deles e tamb�m nossa que est� morando em Iriri. Que bom que n�o morri sem conhec�-los!

Auristela e N�riton Vaz formam um fascinante casal. Goianos da gema. Ela, nascida em Naz�rio, oeste de Goi�s; e ele � de Ipameri, cidade-emblema do interior. A enfermeira e o veterin�rio aposentados, esbanjam simpatia, bom-humor, espirituosidade somada a uma espiritualidade, fruto de um cristianismo maduro, tantas vezes posto � prova. Pernoitaram em nosso barraco em Itaipava. Juntos, mais de uma vez, tomamos caf� da manh� e almo�amos... E tome papo descontra�do, causos, anedotas, risadas, preces e c�nticos. Casalzinho gente boa absurdo, s�!!

Mas eram dois goianos em terras de Domingos Martins, numa temporada de apenas quinze dias... Deu pra conhecer nossas praias, claro. Al�m de Iriri e Guararapri, deleitaram-se em Castelhanos, Anchieta, Pi�ma e, naturalmente, Itaipava, Itaoca e Marataizes... Tudo registrado pela lente esperta e nada discreta da Sony semiprofissional do N�riton.

Naquela manh� de quinta-feira eu os levei ao Aeroporto de Goiabeiras. Acordamos cedo, sa�mos ainda escuro de Iriri. Na despedida, for�amos ao m�ximo para disfar�ar toda e qualquer emo��o teimosa... Parece que conseguimos. At� logo!... "At� de repente!", como diria outro goiano amigo. E l� v�o eles, levando um pouco do cora��o da gente...

Fonte: O Autor
 
Por:  Silvio Gomes Silva    |      Imprimir