Adolescente foi detido por suspeita de roubar celular no Shopping Itaquera.
Mercadoria de loja foi furtada durante encontro marcado pela internet.
Foto: g1.globo.com A Polícia Civil abriu um inquérito para apurar dois roubos e um furto durante um "rolezinho" que aconteceu no sábado (11), no Shopping Metrô Itaquera, na Zona Leste de São Paulo.
O objetivo é identificar quem aproveita os encontros marcados pela internet para cometer crimes. Os eventos têm ocorrido principalmente em shoppings e ganharam repercussão desde dezembro quando algumas lojas dos centros comerciais fecharem as portas mais cedo. Os organizadores definem os encontros como um "grito por lazer" e negam qualquer intenção ilegal.
"Não há nenhuma proibição para que os jovens se reúnam. Eles têm direito de cantar, passear, paquerar. O que ninguém quer é que eles façam tumulto. Dois ou três aproveitam para roubar os tênis de alguém ou quebrar vidro de uma loja. O receio da gente é nesse sentido", afirmou o delegado Luiz Antonio da Cruz, titular do 65º Distrito Policial, de Artur Alvim.
O delegado disse que os próprios participantes dos encontros podem ajudar a garantir a segurança. "Nós estamos entre dois direitos: de quem vai fazer compras e de quem participa dos encontros. Ninguém fala no direito de passeio. Eles mesmos podem detectar alguém que está entrando no meio para perturbar", afirmou.
Um adolescente foi detido e encaminhado à Vara da Infância e Juventude por suspeita de roubar o celular de uma cliente. "Ele foi detido na área do terminal de ônibus, mas estava com o aparelho e foi reconhecido pela vítima, que disse ter sido agredida e ameaçada. É preciso investigar se mais gente participou dessa ação", disse o delegado.
Ainda de acordo com o delegado, durante o rolezinho de sábado, uma outra vítima teve a sua correntinha de ouro e sua carteira foram roubadas e uma mercadoria de uma loja foi furtada. A vidraça do estabelecimento ficou danificada.
Nesta terça, Luiz Antonio da Cruz pretende ouvir o chefe da segurança do centro comercial e deve levar as imagens do circuito interno, mas ainda não tem nenhum suspeito chamado a conversar com a polícia. "Esse inquérito foi aberto recentemente vamos tentar identificar algum participante, mas, pelo que vi até o momento, não deu para identificar ninguém."
Em contato com outras delegacias, a polícia investiga se os participantes do "rolezinho" em Itaquera participaram de encontros firmados pela internet em outros shoppings, como o Internacional de Guarulhos. Moradores de outros municípios podem ser chamados a depor por carta precatória.
Enquanto isso, a polícia afirma que continua acompanhando as redes sociais. "Tem todo um acompanhamento das polícias militar e civil. Se vai ter 4 mil participantes, tem que reforçar a vigilância. Nada contra os jovens, mas, quando se junta muita gente, há uma empolgação. Tem aquele que não está de boa cabeça, outro que abusa da situação", afirmou o delegado.
2ª vez
O encontro desse sábado não foi o primeiro ocorrido no centro comercial. Em dezembro, cerca de seis mil adolescentes foram ao centro de compras na noite deste sábado (7). Houve tumulto, a polícia foi acionada e o shopping fechou uma hora e meia mais cedo. Administração do shopping nega que tenha acontecido um arrastão. Na época, um inquérito foi instaurado. Por meio de uma placa de um carro, a polícia chegou a um adolescente que estava em um carro e um homem que aparecia dançando em cima do veículo. Eles foram ouvidos como testemunhas.
Prevenção
A Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) afirmou que shoppings escolhidos por jovens como pontos de novos de "rolezinhos" entrarão na Justiça para impedir os eventos. Nesta segunda-feira (13), o presidente da Alshop, Nabil Sahyoun, afirmou ao G1 que haverá ações por parte dos shoppings, em parceria com a Alshop. "Vamos ter mandados de segurança e os shoppings vão fazer um esquema de segurança", disse.
O caminho será o mesmo adotado pelos shoppings Itaquera, Campo Limpo e JK Iguatemi, que ganharam liminares neste fim de semana impedindo as reuniões, sob pena de multa de R$ 10 mil para quem infringisse a determinação.
Entre os shoppings que têm rolezinhos marcados para breve estão o Center Norte e o Metrô Tatuapé. Para Nabil, os "rolezinhos" não podem acontecer dentro dos centros comerciais porque põem em risco e importunam clientes e comerciantes. Ele pede que a Prefeitura de São Paulo ofereça espaços, como o Sambódromo do Anhembi.
O prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou nesta segunda-feira (13) que os shoppings não devem empurrar o problema para a Prefeitura e que é preciso discutir a cidade. "Não adianta ficar [dizendo]: cuida dessas pessoas que o problema é seu. É a cidade que precisa ser discutida e nós precisamos evoluir no sentido de abrir espaços públicos para que as pessoas possam usufruir mais da cidade", disse Haddad.
Fonte: g1.globo.com
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